Rio – Em 2005, a esperança de vida ao nascer do brasileiro aumentou 2 meses e 12 dias – metade do acréscimo registrado em 2004. E a mortalidade infantil baixou menos de 1 ponto porcentual, atingindo a taxa de 25,8 óbitos em cada grupo de mil crianças nascidas vivas. Considerando os últimos cinco anos, os ganhos são mais representativos: 1 ano e quatro meses de acréscimo na idade e uma redução de 14,3% nas mortes registradas em bebês. Apesar dos indicadores favoráveis, o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez de Castro Oliveira, considerou que o País poderia ter melhorado ainda mais, e reduzido as desigualdades regionais. “As campanhas de vacinação, o aumento do pré-natal, a melhoria do acesso dos serviços de saúde e o incentivo ao aleitamento materno melhoraram a taxa de mortalidade infantil, mas poderia ter havido um declínio maior. Além disso, embora, inegavelmente a pesquisa mostre que a longevidade está aumentando, ela poderia ser ainda maior”, declarou ele, ressaltando as diferenças dos indicadores nas diferentes unidades da federação.
No caso da expectativa de vida, por exemplo, Oliveira considerou que ainda existe “um fosso abissal” separando os brasileiros. Em 1970, uma mulher nascida no Rio Grande do Sul tinha uma expectativa de vida de 71 anos, enquanto um homem em Alagoas chegava apenas a 58 anos e 8 meses, ou seja, uma diferença de 18 anos e três meses. Depois de 25 anos, a distância ainda é muito grande, já que uma mulher que nasceu no Distrito Federal tem uma expectativa de viver até os 78,7 anos, ante 62 anos do alagoano – diferença, portanto, de 16,7 anos. “Estamos tendo ganhos, sim. Mas de que forma?”, questionou.
A análise do ranking nacional mostra que as posições permanecem praticamente as mesmas encontradas há cinco anos, seja em relação à expectativa de vida ou à taxa de mortalidade infantil. O Rio Grande do Sul lidera a lista, com o menor número de óbitos a cada mil crianças nascidas vivas: 14,3. São Paulo vem logo atrás, com 16,5 mortes por cada grupo de mil bebês. Do lado oposto está Alagoas, onde as mortes chegam a 53,7. O estado nordestino também apresenta o pior desempenho na expectativa de vida: 66 anos, bem abaixo da média nacional de 71,9 anos.
“Considerando a situação do Brasil dentro do cenário internacional, ainda precisamos melhorar muito”, observou Oliveira. Embora, acredite que, no caso da mortalidade infantil, o País vá conseguir atingir a meta do Milênio estabelecida pela Organização das Nações Unidas – reduzir a taxa em 2/3, até 2015. O pesquisador destacou que o País ainda está bem abaixo das posições alcançadas por boa parte dos Países da América do Sul.
Em comparação com 2004, passamos da 99ª para a 97ª posição no ranking. Já em relação à esperança de vida ao nascer, subimos da 82ª para a 80ª posição. “A longevidade do brasileiro poderia ser maior, porém”, ressaltou Oliveira. Ela é prejudicada pela violência e pelos acidentes de trânsito, especialmente no caso do grupo jovem masculino. Por causa disso, há uma diferença na expectativa de vida entre os sexos. Enquanto o grupo masculino atingia 68,2 anos, as mulheres chegavam a 75,8 anos, uma distância de 7,6 anos. Em comparação com 2004, a disparidade reduziu, mas apenas um mês. No Rio, a distância era de 8,9 anos.