São Paulo (AE) – Muitas empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos perdem dinheiro e oportunidades de negócios por desconhecerem as vantagens que o governo americano oferece para milhares de produtos de países em desenvolvimento. Em 2005, o Brasil vendeu US$ 771 milhões em produtos para os EUA pagando US$ 26,7 milhões em tarifas de importação desnecessariamente, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
Por estarem cobertos pelo Sistema Geral de Preferências (SGP), mecanismo por meio do qual os países desenvolvidos concedem isenções tarifárias, esses produtos poderiam ter entrado lá com preços bem mais competitivos. “É dinheiro jogado pela janela porque a maioria das pequenas e médias empresas exportadoras desconhece a existência do SGP e faz a cotação de seus preços levando em conta tarifas que não deveriam ser pagas”, afirma Arthur Vasconcellos, diretor-executivo da Amcham.
No ano passado, o Brasil exportou US$ 24,4 bilhões em produtos e serviços para os Estados Unidos. Desse total, 17,6% (US$ 3,6 bilhões) entraram via SGP, ou seja, sem o pagamento de tarifas de importação. O benefício representou uma economia de US$ 128 milhões.
Os EUA são os maiores importadores do mundo e continuam sendo nosso principal parceiro comercial individual, responsável por 24% das exportações brasileiras, atrás apenas da União Européia, que absorve 28% das vendas externas do País. Em 2005, os americanos compraram US$ 1,7 trilhão em produtos e serviços do exterior, mais que o dobro do Produto Interno Bruto brasileiro. A participação brasileira nesse mercado continua pífia.
O estudo da Amcham mostra que ela não passa de 1%, muito atrás de outros países em desenvolvimento como a China (15%), México (10%) e Coréia do Sul (3%). “Podemos ampliar essa fatia aproveitando mais o SGP”, observa o diretor da entidade.
Dos 3.359 tipos de produtos brasileiros que podem ser beneficiados pelo programa, somente 42% (1.394) foram exportados utilizando plenamente o SGP em 2005. Exportadores brasileiros de veículos automotores, autopeças, pescados, laticínios, metais, bebidas , calçados e produtos químicos estão entre os que se beneficiaram da isenção tarifária.
O problema é que o Brasil não exporta para os Estados Unidos 56% dos produtos cobertos pelo SGP . Ou seja, há 1.881 produtos que poderíamos exportar para os EUA sem o pagamento de tarifas, mas são vendidos só para outros países. Além disso, outros 671 tipos de produtos chegaram a ser vendidos para os EUA, porém não foi solicitada a isenção tarifária.