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Face a face com a literatura

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Ednilson Matias Ferreira dos Santos, 14, começava a ensaiar a primeira resposta à entrevista – enquanto aguardava a primeira palestra do Flin, com os escritores da Uccla, que falaram ontem para um público formado principalmente por alunos da rede municipal, quando foi interrompido por uma menina baixinha com a farda de uma outra escola: “Ei, menino, como é seu nome? Você tem face? (ela se referia à rede social Facebook). Respondendo afirmativamente às duas perguntas, imediatamente o rumo da nossa prosa mudou e pergunto: “Você prefere ler livros ou navegar no Face?”. E ele responde com sinceridade: “Prefiro o Facebook”. Mesmo assim, nem tudo parece perdido ou só virtual no universo barulhento e apaixonado dos adolescentes. 

Para esse garoto estudante do 9º ano da Escola Municipal Santos Reis, a leitura lhe é um hábito constante. Ele rapidamente desfia o leque de livros que já leu, dessas séries como Harry Potter e Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Aparentemente ainda mais encantadas pela leitura de livros as colegas do mesmo colégio, Ellen Phayffer Borges da Silva, 16 e Larissa Nayara Rocha da Silva, 14, também tinham vários livros na ponta da língua para ilustrar seu gosto pela literatura. Ellen até arrisca num palpite de suas predileções profissionais futuras: “A vida é como uma planta que a cada dia vai florescendo, então eu acho que a minha é me tornar escritora”, argumenta. Ao menos ensaiando caminhos para o jornalismo ela já faz. Dentro da escola existe um projeto no qual se faz um jornal impresso e são feitas apresentações que simulam um jornal televisivo, além de saraus poéticos e também feitura de cordeis. Ellen é uma das integrantes mais atuantes do proejto.  Larissa Rocha está lendo no momento o livro de um escritor potiguar, Lítio, de Patrício Júnior, e  diz que vai além da biblioteca e quer começar a frequentar sebos.
Flin atrai durante os quatro dias mais de três mil alunos da rede municipal e se tornando uma oportunidade para os adolescentes tomarem gosto pela leitura e literatura
#SAIBAMAIS#Os três têm menos de 18 anos e contrariam as estatísticas de que o brasileiro lê pouco ou nada lê. Para sua professora de História, Zeuda de Araújo – uma das responsáveis pelos 47 alunos daquela escola municipal que pela primeira vez levou-os para assistir a um evento literário – perceber que alguns de seus alunos estão despertando o interesse para a leitura e literatura faz valer à pena o magistério, apesar de já estar há 17 anos  nesse inglório batente. “Ensino história, então ver que eles gostam de ler é muito gratificante porque história exige muita leitura”.

As professoras da Escola Municipal Otto de Brito Guerra, de Cidade Satélite, acreditam que o trabalho que alguns profissionais têm intentado dentro das bibliotecas das escolas já parece surtir efeito. “A gente vem implantando medidas dentro do Projeto Escolas Leitoras e isso já está mostrando resultados”, disse Magna Regina Souza, vice-diretora. Já as professoras Iândya Mendonça e Cláudia Fernandes, que orientam os alunos na biblioteca da Escola, aqueles que leem mais dentro ou fora da escola apresentam melhor rendimento escolar, são mais responsáveis e até mesmo mais educados e obedientes. “Eles se alfabetizam mais rápido, escrevem melhor, conversam melhor e se tornam mais responsáveis, já que aprendem a respeitar prazos, devolver os livros em boas condições”, enumerou.

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