Ednilson Matias Ferreira dos Santos, 14, começava a ensaiar a primeira resposta à entrevista – enquanto aguardava a primeira palestra do Flin, com os escritores da Uccla, que falaram ontem para um público formado principalmente por alunos da rede municipal, quando foi interrompido por uma menina baixinha com a farda de uma outra escola: “Ei, menino, como é seu nome? Você tem face? (ela se referia à rede social Facebook). Respondendo afirmativamente às duas perguntas, imediatamente o rumo da nossa prosa mudou e pergunto: “Você prefere ler livros ou navegar no Face?”. E ele responde com sinceridade: “Prefiro o Facebook”. Mesmo assim, nem tudo parece perdido ou só virtual no universo barulhento e apaixonado dos adolescentes.
#SAIBAMAIS#Os três têm menos de 18 anos e contrariam as estatísticas de que o brasileiro lê pouco ou nada lê. Para sua professora de História, Zeuda de Araújo – uma das responsáveis pelos 47 alunos daquela escola municipal que pela primeira vez levou-os para assistir a um evento literário – perceber que alguns de seus alunos estão despertando o interesse para a leitura e literatura faz valer à pena o magistério, apesar de já estar há 17 anos nesse inglório batente. “Ensino história, então ver que eles gostam de ler é muito gratificante porque história exige muita leitura”.
As professoras da Escola Municipal Otto de Brito Guerra, de Cidade Satélite, acreditam que o trabalho que alguns profissionais têm intentado dentro das bibliotecas das escolas já parece surtir efeito. “A gente vem implantando medidas dentro do Projeto Escolas Leitoras e isso já está mostrando resultados”, disse Magna Regina Souza, vice-diretora. Já as professoras Iândya Mendonça e Cláudia Fernandes, que orientam os alunos na biblioteca da Escola, aqueles que leem mais dentro ou fora da escola apresentam melhor rendimento escolar, são mais responsáveis e até mesmo mais educados e obedientes. “Eles se alfabetizam mais rápido, escrevem melhor, conversam melhor e se tornam mais responsáveis, já que aprendem a respeitar prazos, devolver os livros em boas condições”, enumerou.