O Facebook pode ter enganado investidores sobre ações da empresa quanto ao combate de desinformação a respeito de mudanças climáticas e covid-19 na plataforma. As informações foram publicadas na sexta-feira, 18, pelo jornal americano The Washington Post, que afirma ter tido acesso a documentos enviados à SEC, órgão dos Estados Unidos cuja competência é regular o mercado de ações no país.

O Washington Post afirma que a papelada foi encaminhada pela organização da sociedade civil The Whistleblower Aid, que representa a delatora Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook responsável por revelar os documentos que originaram os Facebook Papers, em outubro do ano passado.
À época, um consórcio de veículos de imprensa, do qual o jornal O Estado de S. Paulo participou, publicou uma série de reportagens apontando que a empresa de Mark Zuckerberg negligenciou políticas de segurança e priorizou o crescimento da companhia.
Desta vez, os relatórios indicam que o Facebook ignorou a implementação de medidas contra desinformação, apesar de declarar em conferências com investidores de que estava trabalhando na questão. Funcionários utilizavam o fórum interno da companhia para apontar problemas no tratamento de mudanças climáticas e covid, sem resposta dos gestores.
Segundo a apuração do Washington Post, esse seria motivo para a SEC investigar o caso, já que empresas públicas devem ser transparentes com seus investidores. "Se a companhia diz uma coisa a investidores, mas documentos internos dizem o contrário, isso pode ser algo que a SEC vai olhar", afirmou ao jornal a advogada Jane Norberg, que trabalhou na agência americana até abril do ano passado e hoje é sócia do escritório Arnold & Porter.
À publicação, um porta-voz da Meta, empresa que controla o Facebook, Instagram e WhatsApp, afirmou que esses conteúdos são minoritários na plataforma e que utiliza agências de checagem de fatos para combater a desinformação.
Estadão Conteúdo