quinta-feira, 28 de março, 2024
29.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Fafá de suingue, voz, sorriso e decote

- Publicidade -

Ramon Ribeiro
Repórter

Maria de Fátima, a inconfundível Fafá de Belém, é sinônimo de sensualidade, carisma e paixão. Conhecida pelas interpretações carregadas de emoção e a personalidade forte, essa paraense arretada cantou brega, lambada e sertanejo quando raro eram as mulheres que faziam isso. A cantora de 60 anos chega a quatro décadas de carreira musical revigorada. Em turnê pelo país com o show “Do tamanho certo para o meu sorriso”, decorrente de disco homônimo de 2015, ela reafirma no palco seu apreço pela música romântica ao mesmo tempo em que se une a compositores e músicos de sua terra natal em um de seus trabalhos mais paraense.

Fafá está em Natal para apresentar ao público potiguar seu mais recente show, cuja direção artística é de ninguém menos que Paulo Borges, criador do São Paulo Fashion Week. De riqueza visual e sonora, o espetáculo chegou a ser registrado no DVD “Do tamanho certo para o meu sorriso”, que foi lançado em abril deste ano. A apresentação na cidade acontece nesta quinta-feira (25), às 21h, no Teatro Riachuelo.
Fafá de Belém reinventa-se no palco dosando suas origens aos sons contemporâneos de novos compositores
“Confesso que estava um pouco acomodada. Mas com o processo do novo disco eu me reinventei. Me deu um sopro de frescor”, conta a paraense por telefone ao VIVER. Lançado pelo selo Joía Moderna, do DJ Zé Pedro, “Do tamanho certo para o meu sorriso” surgiu depois de um hiato de 10 anos sem gravar. O resultado agradou a crítica, tanto que em 2016 o trabalho foi agraciado como  “Melhor Álbum” e Fafá como “Melhor Cantora” na 27ª edição do Prêmio da Música Brasileira. “Sou uma mulher de 60 anos que nunca parou. Não fico sentada sobre os louros. Gosto de mergulhar no que acredito”.

Envolto de significados, o show ganhou concepção visual do artista Paulo Borges, que buscou levar para o palco um resgate artístico e emocional da cantora. Na viagem ao redor da Fafá, estão gestos, atitudes, referências, memórias e as visões que ela tem de sua cidade de origem, Belém do Pará. “Há muito tempo não viajava com cenário. O Paulo propôs fazermos um show do zero, revendo minha carreira, desde quando eu estreei, até os dias atuais. O resultado é ousado, com troca de figurinos, jogo de luzes. Só vendo para entender”, comenta.

Sonoridades
Dividindo o palco, apenas dois músicos, os guitarristas conterrâneos Manoel e Felipe Cordeiro, pai e filho, que produziram o disco e assinam a direção musical do espetáculo. “O Manuel Cordeiro é um ícone do nosso estado. Felipe eu conheço desde menino. Vinha acompanhando sua carreira solo, mas nunca tínhamos conversado sobre fazermos alguma parceria até surgir a ideia de fazer o disco”, conta. Nos momentos de troca de figurino da cantora, os dois dão uma canjinha mostrando músicas instrumentais. “Me emociono com os solos deles. É visível o prazer que eles têm ao tocar”.

Repertório

No repertório Fafá passeia pelas canções do disco novo, como “Ao Pôr do Sol” (Firmo Cardoso e Dino Souza), “Asfalto Amarelo” (Manoel Cordeiro / Felipe Cordeiro / Zeca Baleiro), “O Gosto da Vida” (Péricles Cavalcanti), “Pedra Sem Valor” (Dona Onete), “Meu Coração É Brega” (Veloso Dias) e, dentre outras, está o single “Volta”, bregão forte emprestado pelo pernambucano Johnny Hooker.

“Essa música do Johnny Hooker eu ouvi pela primeira vez no filme ‘Tatuagem’. Um amigo a encontrou na internet, achou a minha cara e mandou pra mim. O Johnny é incrível, é um ser musical, ousado e performático. Sua música tem algo de jovem, contemporâneo e é muito forte”, diz a cantora, que participou da gravação do DVD do pernambucano.

Durante o show Fafá também lembra grandes sucessos interpretados em momentos antigos da carreira. O público pode esperar “Bilhete” (Ivan Lins / Vitor Martins), “Abandonada” (Michael Sullivan / Paulo Sérgio Valle), “Filho da Bahia” (Walter Queiroz), “Este rio é minha rua” (Paulo André / Ruy Barata) e “Sinhá Pureza” (Pinduca). No geral, trata-se de um grande no rio sonoro da música paraense. “Nossa música tem um ar amazônico, ribeirinho, um calor na alma, o verde da floresta, o marrom de nossos rios. Tudo isso se mistura e faz dançar. O nortista leva essa energia consigo para onde for”, explica a belenense.

Para quem no início da carreira tinha que trazer músicos do Pará para gravar no Rio de Janeiro porque ninguém sabia tocar carimbó, Fafá acompanha com alegria essa retomada de interesse nacional pela música paraense. Para ela, o que ajudou o país a voltar os olhos para o que está sendo produzido em seu estado natal foi o festival Terruá Pará, projeto de difusão e circulação da música paraense, realizado pelo Governo do Estado desde 2006.

“O Terruá mostrou muito bem a nossa música. Que é uma música com sotaque, suingue, plural. É claro que antes de qualquer coisa o mérito da música está tão em alta é dos próprios músicos, da genialidade deles. Mas o projeto ajudou a mostrar nossa cena musical nacionalmente de uma maneira que um artista sozinho não conseguiria. Isso abriu as portas para novas parcerias em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco”, reflete.

Música Brega
Perguntada se ser chamada de brega alguma vez a incomodou, Fafá garante que não. “Fui crucificada, ouvi coisas terríveis. Eu e o Lincoln Olivetti (maestro que fez o arranjo para alguns de seus discos)”, lembra a cantora. “Eu era muito jovem, não entendia porque me criticavam tanto. Mas isso é um problema de preconceito. Sempre busquei ser uma cantora popular, que canta o que me emociona. Nunca tive pudor de botar batom vermelho, de soltar minha gargalhada. Eu canto para o povo e não para os críticos”.

Numa avaliação da carreira, mais do que cantora, ela se define como uma mulher livre, mas comprometida com o trabalho que faz com paixão. “Minha trajetória na música foi plural, inquieta, mas eu diria que também é impulsiva. Não aceito o caminho que traçam pra mim. São 40 anos de carreira. Olho para traz e tenho orgulho do caminho que percorri, mas agora estou focada no que está a minha frente”, avalia a cantora, que tem um mundo inteiro a percorrer.

Serviço
Show “Do tamanho certo para o meu sorriso”, de Fafá de Belém.
Dia 25 de maio, às 21h
Teatro Riachuelo
Ingressos: de R$ 50 (Frisas – meia) a R$ 160 (Plateia A – inteira)

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas