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Fafá: Humana, demasiada, Humana

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Tádzio França
Repórter

“Agora eu quero falar no ouvido, e não aos gritos”. O depoimento  ao FDS dá uma ideia de como Fafá de Belém está vivendo “Humana”, nome de seu novo disco e do show que ela apresentará em Natal neste sábado, às 21h, no Teatro Riachuelo. O álbum traz uma cantora madura que se permite ousar. Fafá gravou autoras que nunca tinha interpretado antes, como Letrux, Fátima Guedes, Adriana Calcanhoto e Ava Rocha, e pela primeira vez canta Jards Macalé e Wally Salomão. A nova turnê tem direção geral de Paulo Borges e direção musical é de Zé Manoel.

Fafá de Belém oferece um show que ela mesma considera Olho no olho, com sua verdade, visceralidade e escolhas musicais. Em entrevista ao FIM DE SEMANA, a cantora disse pensar no conceito de dialogar e esquecer o grito, tão recorrente nestes tempos


Fafá de Belém oferece um show que ela mesma considera Olho no olho,
com sua verdade, visceralidade e escolhas musicais. Em entrevista ao FIM
DE SEMANA, a cantora disse pensar no conceito de dialogar e esquecer o
grito, tão recorrente nestes tempos

Fafá declara na entrevista que nunca foi previsível e nunca se sentiu rotulável. “Humana” é uma oportunidade das novas gerações conferirem isso de perto – e dos fãs de sempre verem uma artista renovada. “Eu gosto de cruzar olhares, de falar com várias tribos”, disse. No palco ela estará acompanhada por Allen Alencar (guitarra), João Paulo Deogracias (baixo), Richard Ribeiro (bateria) e Zé Manoel (teclados).

Em “Humana” Fafá oferece um show “olho no olho”. Ela fala disso e algo mais nesta entrevista, afinal, são 44 anos de música, palco, e vivências. Leia e cante com ela:

– O que “Humana” traz de Fafá que ainda não havia sido mostrado em 40 anos de carreira? Você já disse que não gosta de nada requentado…
Quarenta e quatro anos de carreira é muito tempo. Esse disco parece muito com as coisas que fiz no começo, “Tambatajá” e o “Água”. São 40 anos caminhando pela vida. Esse foi uma retomada, talvez os discos mais próximos dele tenham sido “É o Essencial”, o disco do Chico, e o do fado que foram projetos pensados para falar de uma forma diferenciada e falar mais baixo, cantar as canções e mergulhar nelas individualmente. No caso do “Humana” tem muita gente jovem e o desafio foi maior porque eu tinha que perceber essa leitura e me deixar ser tomada por uma nova interpretação, vamos dizer assim. Eu tô absolutamente encantada. Depois de fazer um disco de coisas paraenses, eu acho que cumpri minha função mais uma vez. Agora eu quero falar no ouvido, e não aos gritos.

– Como você define “Humana”, o show: intimista ou passional/romântico?
Ele é mais próximo, é mais olho no olho. Eu me pergunto em que momento a gente começou a gritar e esqueceu de dialogar. Esse é o conceito. Desde quando a gente começou a trocar o olho no olho, o afeto, o abraço e a conversa pela tela plana, onde todos gritam e ninguém quer conversar.

– No show há releituras de Lulu Santos, Milton Nascimento, Jards Macalé e Waly Salomão. Você procurou artistas que tivessem a “vibe” do novo disco? Qual foi o critério das escolhas?
A  gente não teve muito critério, as músicas foram chegando. Tudo o que a gente falou em agosto, quando nos reencontramos, eu Paulo Borges e Zé Pedro, foi sendo mudado sem que a gente percebesse. O disco se estruturou com uma linha, onde várias cabeças pensavam a mesma coisa. Falar mais baixo, questionar e falar de esperança.

– Você está gravando artistas da MPB contemporânea como Letrux e Ava Rocha. O que mais gostou em especial no trabalho delas?
Eu sou muito admiradora do trabalho delas. Acho a Letrux fantástica, desde a época do Letuce. Fui amiga do pai da Ava, o Glauber, e acho ela muito inquietante, como ele.

– Acredita que essa passagem mais atual no teu trabalho pode atrair um novo público pra você?
Eu gosto de cruzar olhares, de falar com várias tribos e eu penso, sim, que esse disco começa a atravessar uma fronteira e trazer pessoas muito jovens, que de repente recebiam uma imagem minha estereotipada por alguns. Agora eles têm a oportunidade de descobrir e ver se gostam ou não. Eu nunca fui previsível e nunca me senti rotulável. Talvez por isso, por essa liberdade de não pedir licença pra ninguém, desagradei muita gente, mas agradei muito mais.

– Você declarou que o mercado fonográfico oferecia mais possibilidades no começo. O que mudou hoje em dia?
Não, talvez eu tenha sido mal interpretada. O mercado fonográfico lá atrás, as gravadoras, faziam tudo. Há 40 ou 50 anos não havia nenhuma tecnologia que “ajudasse”, você cantava ou não cantava, você compunha ou não compunha. Não existiam pesquisas de onde atingir um público aqui ou ali. Essa coisa do tiro ao alvo não tinha, era tudo mais intuitivo e a música era feita por quem gosta de música. Hoje existe um negócio da música. E é a opção de algumas pessoas, não sei se é certo ou errado, mas não é a minha opção. Antigamente as gravadoras eram administradas por pessoas que gostavam de música e buscavam artistas, compositores e olhares, pesquisando pelo Brasil. Hoje isso não existe. Mas paralelo a isso, existe a internet, onde você pode divulgar seu trabalho, de forma independente, sem precisar das verbas milionárias que nós tínhamos lá atrás. Ou seja, é o mercado se movimentando e cada um pode fazer a opção de reclamar ou seguir e fazer. Eu, com mais de 40 anos de carreira, prefiro fazer.

– O que você está escutando atualmente?
Tenho ouvido Alice Caymmi, acho o disco maravilhoso e o show é espetacular. Gosto de ouvir tudo o que me emociona.

Serviço:
Fafá de Belém em “Humana”. Sábado, 21h, no Teatro Riachuelo.  Entrada: R$140 (balcão), R$160 (frisas/plateia B), R$180 (camarotes/plateia A).

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