Vicente Serejo
Desde o final do segundo governo Wilma de Faria que os olhos e ouvidos dos natalenses são invadidos por anúncios e imagens de uma falsa opereta que decanta uma Natal 100% saneada. Foi assim nos governos seguintes, de Rosalba Ciarlini e Robinson Faria, e, mais recentemente, outra vez sem prazo nestes quase dois anos do governo Fátima Bezerra, sem que haja data definitiva, só o jogo de marcar e desmarcar como uma usina de marketing governamental.
O caso não teria maiores relevâncias não fosse um dado grave: é justamente nos bairros sem saneamento que explodem os maiores índices de contaminação, resultado de uma mais grave promiscuidade e de moradias sem nem ao menos uma fossa e água tratada. Realidade, aliás, que no Brasil pandêmico revelou-se em patamares assombrosos: cem milhões de residências sem esgotos e quarenta milhões sem água potável, dados que dispensam qualquer tola justificativa.
Não é que sejam dispensáveis os programas de distribuição de renda. Não são. O auxílio emergencial revelou o que até então estava escondido: quarenta milhões de pessoas postas em atividades informais e cerca de treze milhões de desempregados. O governo federal e os governos estaduais é que precisam retomar um grande programa de obras estruturantes, garantidos pela privatização, gerando emprego e renda e solucionando desafios que esperam há cinco séculos.
Essa decisão não é questão de governo tal ou qual, subversivo ou patriótico, mas do dever de quem governa e que não tem enfrentado gestões que insistem em manter separados o poder do Estado dos sonhos da Nação. Pior: gestões mitigadas por populismos de direita e de esquerda, das margens e dos centros, com programas que apenas realimentam esse populismo estéril e que só servem à promoção dos gestores com slogans voltados para o disfarçado culto dos seus egos.
Claro que o marketing governamental é uma forma inegável de prestação de contas, mas desde que não seja uma vitrine para emitir conceitos de forma subliminar que não promovem a sociedade de forma individual e coletiva, mas tentam canonizar gestores que nada fizeram além da aplicação de recursos públicos gerados na forma de impostos. O gestor público teima em não ter olhos para enxergar que o povo é o patrão, por isso, dispensa benesses, mimos e consagração.
Está na hora do governo divulgar a situação real das obras do saneamento de Natal, seus entraves e problemas. Das estações elevatórias à extensão da rede aos pontos mais pobres da malha urbana da cidade. Uma obra financiada com recursos públicos. Que venham as trombetas oficiais, informem as razões do atraso e o prazo definitivo para a conclusão das obras e seu funcionamento. Aquelas que antes cuidaram de trombetear sua glória paga com dinheiro público.
FORÇA – Se depender de alguns nomes da aliança encabeçada pelo PDT, o ex-prefeito Carlos Eduardo sairia candidato a vereador. Puxaria bons votos para eleger uma forte bancada na Câmara.
LUTA – O deputado Sandro Pimentel (PSOL), a essa altura, vai precisar de defesa competente e bem articulada junto ao TSE. Em Brasília há quem considere seu mandato perdido. É um desafio.
EFEITO – Na hipótese de cair o mandato de Pimentel, não deve ser diferente a posição do novo deputado, o professor Robério Paulino. Defenderia o debate em torno da reforma previdenciária.
ALIÁS – Governo e oposição não quebram o silêncio em torno das démarches para a conquista e a manutenção do placar de 13 a 11, como atualmente. Mais o tempo em política tem sua magia.
CRISE – No Brasil, “Apagando o Incêndio, a crise financeira e suas lições”, de Ben Bernanke, Timothy Geithner e Henry Paulson, dos EUA. Primeira análise da economia global pós-Covid.
JESUÍNO – Pronto, prontíssimo, a novo livro do pesquisador Honório Medeiros sobre Jesuíno Brilhante. O ensaio desmonta o velho mito do cangaceiro romântico revelando suas atrocidades.
LEITURA – Depois de lançar o romance “2020”, de David de Medeiros Leite, a editora Sarau de Letras, do escritor Clauder Ancanjo prepara uma seleção de crônicas de Sanderson Negreiros.
AGOSTO – Da grande poetisa Cecília Meireles dois versos de uma quadra poética sobre os ventos banzeiros que anunciam os agostos: “O vento do mês de agosto / leva folhas pelo chão…”.
DELFIM – Amanhã, quinta, 15h, ao vivo, o ex-ministro Delfim Neto concederá uma entrevista exclusiva a jornalistas da Tribuna do Norte e TV Assembleia sobre a economia brasileira depois da pandemia. O encontro será virtual e pode inaugurar um novo canal no jornalismo da província.
GOLPE – São tantos os mandados de busca e apreensão que há um novo golpe está na praça: chegam na portaria do edifício com um falso mandado judicial, reproduzindo o timbre do Poder Judiciário. Se ninguém notar, eles sobem e assaltam dentro do próprio apartamento das vítimas.
MOSCA – A governadora Fatima Bezerra percebeu o jogo certeiro do presidente Jair Bolsonaro e montou, com agilidade, dois programas destinados a beneficiar os carentes e as microempresas. Resguardando o seu eleitorado de ter atendimento só pelo governo federal. Dois tiros perfeitos.
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