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Família Betancourt convoca Lula

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COLÔMBIA - Guerrilheiros libertaram Clara Rojas, ex-assessora de Ingrid Betancourt, numa ação que teve Hugo Chávez como um dos negociadores

Andrei Netto – Agência Estado

Paris – O ato que marcou, sexta-feira em Paris, o sexto aniversário do seqüestro da ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, de origem franco-colombiana, teve o Brasil como centro das discussões. O consenso entre intelectuais, políticos e familiares da refém é de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva é o único com livre trânsito entre os líderes políticos da Venezuela, da Colômbia, dos EUA e da Europa – visto como premissa para o acordo entre Bogotá e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

De acordo com o ex-marido de Ingrid, o diplomata francês Fabrice Delloye, Lula seria essencial na negociação. Ele diz que o brasileiro deixou claro ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante reunião na Guiana Francesa, há dez dias, que aguarda apenas um sinal de Uribe para se envolver nas negociações. “É preciso que o presidente colombiano aceite escutar a comunidade internacional, que exige um acordo humanitário”, disse Delloye, pai dos dois filhos de Ingrid, Mélanie e Lorenzo.

O encontro contou com a presença da ex-senadora colombiana e ex-refém Consuelo González – libertada pelas Farc em janeiro, junto com a assessora de Ingrid, Clara Rojas -, além de Mélanie e intelectuais franceses. Consuelo também falou sobre a importância do envolvimento do governo brasileiro nas negociações e se disse otimista quanto às chances de um acordo para a libertação de mais reféns. “Trata-se de algo que superou todas as fronteiras nacionais”, disse. O aniversário do seqüestro foi ontem.

Em Bogotá, o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, disse que a inteligência colombiana já localizou o acampamento das Farc onde estão os quatro reféns que a guerrilha estaria disposta a libertar em breve: os parlamentares Glória Polanco, Luis Eládio Pérez, Orlando Beltran e Jorge Eduardo Gechem.

Santos garantiu que não haverá uma tentativa de resgate militar. Pouco antes, um funcionário do governo colombiano revelou que durante encontro na quinta-feira com o chanceler francês, Bernard Kouchner, Uribe descartou a possibilidade de voltar a autorizar o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a mediar o diálogo com as Farc.

Villepin ordenou ação clandestina

Paris (AE) – Diante da incapacidade de encontrar com o governo de Álvaro Uribe uma solução negociada com a guerrilha para a libertação de Ingrid Betancourt, o então chanceler Dominique de Villepin protagonizou uma das ações mais desastradas da política externa francesa contemporânea. Motivado por informações imprecisas repassadas pela família de Ingrid a seus emissários diplomáticos em Bogotá – entre eles o embaixador Daniel Parfait, marido de Astrid Betancourt, irmã da refém, Villepin ordenou a operação clandestina de resgate em Manaus, em 9 de julho de 2003.

O fracasso da operação veio à tona por causa da reportagem da revista Carta Capital. Em 13 de julho, sem Ingrid, o avião das Forças Armadas francesas foi obrigado a deixar o território brasileiro por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embaixadores franceses em Brasília e Bogotá foram convocados pelos governos locais para esclarecer o ocorrido. Em 31 de julho, Villepin foi a público desculpar-se pelo mal-entendido diplomático.

 Na ocasião, a operação foi realizada sem a aprovação dos principais negociadores do governo francês na Colômbia, Noël Saez, ex-cônsul da França em Bogotá e ex-espião do serviço secreto; e Jean-Pierre Gontard, acadêmico suíço especialista em América Latina e diretor-adjunto do Instituto Universitário de Estudos do Desenvolvimento de Genebra.

Após o fracasso, Saez aproximou-se em Paris de outro ministro do governo Chirac, o então responsável pela pasta do Interior, Nicolas Sarkozy. “Antes do seqüestro, Ingrid tinha trânsito livre nos meios diplomáticos franceses”, lembra Jean-Jacques Kourliandsky, cientista político especializado em América Latina e membro do Instituto de Relações Internacionais.

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