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Fatos e amenidades em 2008

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Antoir Mendes Santos – Economista

Enquanto 2008 não engrena (nada acontece antes do Carnaval), a mídia nacional vai misturando fatos importantes a outras amenidades para compor o noticiário jornalístico, neste período de transição. Em primeiro plano, está a especulação sobre os cortes no Orçamento da União, com os quais o governo federal espera economizar R$ 20 bilhões. Para essa façanha, o governo propõe “sacrifícios” ao Poder Legislativo: cortar 50% das emendas de bancada e eliminar as emendas de comissão. Mas, será que nossos bravos parlamentares irão concordar com essa “garfada” em seus recursos, sobretudo, num ano eleitoral? Não se sabe. O fato é que enquanto os representantes do povo se articulam e os ministros da área econômica tiram férias, pois, ninguém é de ferro, o povo já começou a contribuir com o seu IOF- Imposto sobre Operações Financeiras.

Entre as amenidades, pontifica a disputa pelo comando de ministérios e órgãos federais vagos e/ou a vagar, em função do processo de acomodação política. Nesta leva, estão a indicação do senador Edison Lobão para as Minas e Energia (não assumirá de porteira fechada), a disputa pela presidência da CHESF – Cia. Hidro Elétrica do S. Francisco (cujo controle poderá sair de PE para o CE), a partilha pela SUDENE e CODEVASP – Cia. De Desenvolvimento do Vale do S. Francisco e Parnaíba, além da ocupação de diretorias na Petrobrás e no DNIT- Depto. Nacional de Infra-estrutura de Transporte. A lamentar neste processo de loteamento, a insistência no apadrinhamento de pessoas sem a devida qualificação, como observa o deputado-baiano José Carlos Aleluia, quando diz: “Edison Lobão entende tanto de energia, quanto eu de ginecologia”.

Por outro lado, a possibilidade de um novo apagão elétrico, em função da ausência de chuvas para encher os reservatórios existentes, passou a ser uma ameaça a ocupar às páginas dos jornais. O Palácio do Planalto diz que não haverá corte de luz e, para isso, já destacou sua tropa de choque para dizer que todo o sistema elétrico está interligado, fazendo com que o excedente de energia de uma região possa ser utilizado por outra. Além do mais, existe o plano “B”, que permite o acionamento das termoelétricas. Não é o que diz a Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica, que admite a possibilidade de racionamento. Em todo caso, se tudo isso funcionar, o país poderá continuar a crescer. E, para isso, energia é fundamental.

Na área social, o destaque é para a decisão de se ampliar a abrangência do Bolsa Família para incluir jovens carentes de 16 e 17 anos no rol dos beneficiários do programa, considerado a menina dos olhos do governo Luiz Inácio. Na contramão dessa decisão, está a Justiça Eleitoral, na pessoa do ministro Marcos Aurélio de Mello, que a considera “eleitoreira, inconstitucional e, portanto, passível de contestação judicial”. Para o ministro, a causa pode ser nobre, mas, os fins não justificam os meios. O inusitado nisso tudo, é a posição do partido dos Democratas, que não só apóia a medida, como não a vê como um possível “cabo eleitoral”, nas eleições que se avizinham. E ponto final !

No caso do reajuste de salários dos servidores federais, a novidade é a promessa do ministro Nelson Jobim em garantir o reajuste dos militares, em detrimento da posição do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que advoga, inclusive, o congelamento de salários dos servidores civis: são 491 mil servidores de 28 carreiras que esperam pela boa vontade do governo (em 2006 tiveram 30% sobre o valor das gratificações), Pelo andar da carruagem, caminhamos para uma clara situação de “dois pesos e duas medidas”, haja vista que o bom humor do Jobim, para com seus “subordinados” não contagia o seu colega do Planejamento.

Enquanto essas e outras questões não se resolvem, a mídia nacional exacerba nas amenidades, quando dá destaque à implantação de cabelos do lobista José Dirceu, por um especialista em PE, com direito até à contagem dos fios transplantados. Se a idéia é ressuscitá-lo, que não se perca o senso de ridículo! 

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