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Fauna interior

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São nas caminhadas à beira mar, pelas dunas ou na mata que Antonio Aiazzi encontra o subsídio de sua arte mais recente. Há 12 anos radicado na praia de Caraúbas, litoral norte potiguar, o artista italiano tem se apropriado do que a natureza descarta para criar objetos intrigantes, personagens imaginários de uma fauna própria. O resultado é completamente diferente da obras que desenvolvia na Europa,  onde costumava explorar a pintura e a instalação, muito em cima de elementos como o vidro e o metal.

Antonio Aiazzi cria seres divertidos e instigantes inspirados na natureza local. Na pintura, é possível ver suas técnicas anteriores


Antonio Aiazzi cria seres divertidos e instigantes inspirados na
natureza local. Na pintura, é possível ver suas técnicas anteriores

Depois de anos produzindo em solo potiguar, Aiazzi expõe pela primeira vez sua série de novos trabalhos. Intitulada “Natureza do/por Antonio Aiazzi”, a individual está montada na Galeria de Arte B-612 (Ribeira) e pode ser visitada até o final de fevereiro.

 As peças de Aiazzi estão localizadas no primeiro piso da galeria, de modo que o visitante faz um percurso por entre as diversas outras obras do lugar até o antigo cofre. À mostra estão 20 trabalhos. Há obras trazidas da Itália, como uma espécie de protótipo da premiada instalação “Mediterrâneo” (2011), e pinturas. No entanto a maioria das peças são da série produzida no RN.

As obras são feitas a partir de pedaços orgânicos da natureza recolhidos na mata ou na beira do mar, como troncos, galhos, raízes, cascos, folhas. “Recupero essas coisas, depois pinto, colo, crio personagens. Procuro dar uma nova vida aquilo que já está morto, que ninguém prestava atenção”, diz o artista, lembrando que todo o trabalho começa numa caminhada.

 “Em Caraúbas tem uma falésia de quase 10 metros. A pedra da parede é frágil, quando a maré avança e bate, pedaços de falésia caem e com elas caem árvores lá de cima, com seu tronco e raízes. Encontro esse elementos jogados e já vou pensando em como será a evolução delas. Se há dentes, chifres, olhos, a partir disso vou trabalhando”.

Personagens tem uma fauna própria que “vem de dentro”


Personagens tem uma fauna própria que “vem de dentro”

Perguntado de onde vem as ideias, Aiazzi é sucinto. “Da curiosidade. O curioso vê o que ninguém vê, está em observação constante”, afirma. Para Analys Berti, esposa dde Aiazzi e também artista plástica, o título da exposição passa por esse aspecto. “É tudo próprio da natureza do Antonio, sai de dentro dele”, afirma, revelando que um pouco da rotina do artista. “Ele trabalha todos os dias em seu ateliê. Quando viemos à Natal resolver algumas coisas burocráticas, fazer compras, ele logo quer voltar, quer sempre estar perto das coisas dele”.

Transição
A safra de trabalhos novos é completamente diferente das obras produzidas na Itália. “Mediterrâneo”, por exemplo, tem um conceito mais complexo, embora dialogue com o meio ambiente, o céu e o mar. Já as cores e a luz é o que chama mais atenção nas pinturas abstratas. O observando a exposição por completa, é difícil imaginar o que levou o artista a fazer tamanha transição em seu percurso artístico.

Mas para Aiazzi, que se encontrou na arte ainda criança, na sua cidade natal, Florença, primeiro desenhando e depois pintando, não há pra quê se acomodar, ainda mais quando se está vivendo em um novo país, sob uma nova cultura, materias e ideias. “Não sou artista de passar a vida toda fazendo a mesma coisa”, conta o artista. “Se me vem uma ideia, eu vou até o fim com ela, não me interessa se é diferente de tudo que eu vinha fazendo”.

Cascas, raízes, folhas e galhos são a base da coleção do artista italiano: “Recupero essas coisas, depois pinto, colo e crio personagens. Procuro dar nova vida ao que já estava morto”, comenta


Cascas, raízes, folhas e galhos são a base da coleção do artista
italiano: “Recupero essas coisas, depois pinto, colo e crio personagens.
Procuro dar nova vida ao que já estava morto”, comenta

Arquitetura em Florença
Antonio Aiazzi nasceu em Florença em 19 de abril de 1943. Estudou no Liceu Artístico, na Piazza San Marco, e se formou em Arquitetura em Florença em 1972. Foi professor de  “Elementos da Arquitetura” e assuntos artísticos até o início dos anos 90 no Artistic Liceu de Lucca, na Escola de Artes de Carrara, e Instituto de Arte “Duccio da Boninsegna”. de Siena.

Alternando entre a Arquitetura, o Designer Gráfico e as Artes Visuais, Aiazzi participou ativamente da vida artística de Florença, com participação em exposições na Itália, recebendo prêmios e reconhecimento. Conheceu o Brasil há 30 anos, passando a incluir o país em suas viagens, até que há 12 anos veio de vez, fazendo morada na praia de Caraúbas. Imerso em novo ambiente, ele passou a produzir com novos elementos e ideias.

Serviço
Exposição “Natureza do/por Antonio Aiazzi”

Galeria de Arte B-612 (R. Dr. Barata, 216, Ribeira)

Funcionamento de segunda à sexta, das 8h às 17h30 (com intervalo para o almoço) e aos sábados das 8h às 12h.

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