Como manda a tradição, Natal amanheceu a quarta-feira com milhares de fiéis nas ruas para saudar a santa padroeira Nossa Senhora da Apresentação. Vigília, missas e procissões marcaram os festejos da data que lembra o encontro de pescadores, em 21 de novembro 1753, com uma imagem de Maria com uma criança no colo e um rosário em uma das mãos. A fé e a devoção fizeram os natalenses acordarem mais cedo no feriado para celebrar a padroeira de Natal. Cerca de 30 mil pessoas compareceram à Pedra do Rosário, onde às 5h da manhã foi celebrada a primeira missa em homenagem à Nossa Senhora da Apresentação.
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Antes disso, por volta das 3h um grupo de católicos já estava no Iate Clube para esperar a imagem da santa, que chegou por volta 3h30 da manhã. A dona de casa Bernadete Mendonça Macedo, pela primeira vez, participou da procissão e da missa. Ela foi uma das que madrugou no Iate Clube. “É um momento muito especial na minha vida. Momento de agradecer a Nossa Senhora o dom da vida e as graças alcançadas”, disse Bernadete.
A procissão fluvial saiu pelas águas do rio Potengi às 4h26. Nossa Senhora da Apresentação foi conduzida pelo Barco Chama-Maré do Iate Clube ao monumento erguido no ponto no qual o caixote com a santa foi encontrado por pescadores há mais de dois séculos e meio. Esse ponto ficou conhecido como Pedra do Rosário.
A ideia de reproduzir o momento do encontro dos pescadores com a imagem foi de dona Terezinha Josefa de Souza e do padre Dalmário. E há 14 anos esse momento é repetido todo dia 21 de novembro. “Eu organizo essa procissão com maior orgulho. Tudo para agradar a Nossa Senhora da Apresentação, pois ela merece todas as honras e homenagens”, disse dona Tetê.
Às 4h47, a imagem da santa chegou à Pedra do Rosário e foi recebida com uma salva de fogos de artifício. Os católicos emocionados entoavam o hino da padroeira. A celebração foi presidida pelo Vigário Geral, padre Edilson Soares Nobre que falou sobre a importância do dia da padroeira. “A imagem de Nossa Senhora da Apresentação é a figura de uma mulher especial, de fé e temente a Deus. É a mulher que foi escolhida, não pelo homem, mas por Deus para cuidar de seu filho”, disse o padre Edilson durante a homilia.
Ainda segundo o Vigário Geral, o dia 21 marcou a abertura do ano da fé. “E Maria é o nosso modelo de fé. Não é ela que se apresenta sendo melhor que ninguém. As pessoas que tiram suas conclusões a partir do testemunho de fé”, disse ele.
E testemunhos de fé e devoção não faltaram na Pedra do Rosário. A dona de casa Aureci Dantas, que há dois anos teve câncer no útero, participou da missa e da procissão para agradecer a cura. “Nossa Senhora mudou a minha vida. Há dois anos, também num dia 21 de novembro, eu estava sendo operada e não pude participar da festa. Mas, graças a Nossa Senhora eu me curei e desde então só faço agradecer a ela”, disse Aureci.
A aposentada Maria Noêmia Bastos, 82 anos, devota de Nossa Senhora Aparecida, chegou à avenida do Contorno às 3h30 para participar da missa. Ela disse que não se cansa de agradecer a santa, por quem tem muito amor, relatou a aposentada.
Já Josefa de Lima foi a pé do bairro das Quintas, às 2h30 da manhã, até o local da missa. “Não é nenhum sacrifício para mim. Venho com o maior prazer agradecer a Nossa Senhora que tanto faz por mim”, disse ela.
Diferente de anos anteriores, poucos foram os políticos que compareceram à missa da Pedra do Rosário. Estavam presentes apenas o prefeito eleitos Carlos Eduardo Alves e o vereador eleito Ubaldo Fernandes. Ao final da missa, a imagem de Nossa Senhora da Apresentação foi levada em procissão para a antiga Catedral onde às 7h30 foi realizada mais uma celebração. Às 10h houve a Missa Pontifical na Catedral.
Procissão percorreu seis quilômetros
Imagens de fé e devoção a Nossa Senhora da Apresentação se repetiram entre uma multidão que acompanhou a procissão da Padroeira de Natal na tarde de ontem. O sol forte e a alta temperatura não impediram que um grande números de fieis demonstrassem sua devoção e agradecessem pelas glórias alcançadas. Milhares acompanharam a imagem da Padroeira de Natal na caminhada que saiu da Paróquia Santuário dos Mártires, no bairro de Nazaré, às 14h30. A caminhada, estimada em seis quilômetros, prosseguiu pelas ruas na Zona Leste até a Catedral Metropolitana, na Cidade Alta, onde a imagem foi recebida, já no final da tarde, por outras centenas de pessoas. O encerramento oficial da festa iniciada desde o dia 11 deste mês foi marcado pela celebração de missa solene presidida pelo arcebispo metropolitano Dom Jaime e uma queima de fogos.
Mais do que uma demonstração de fé. Carregando uma imagem de cerca de 5kg de Nossa Senhora da Apresentação no ombro esquerdo, a administradora Aurice Dantas, 57, reforçou a fé agradecendo uma graça alcançada por um câncer curado. “Eu a restaurei assim como ela restaurou a minha vida”, afirma.
Os tradicionais pés descalços também se repetiam junto a terços, fotografias de familiares e hinos entoados com devoção. Há quatro anos a dona de casa Sueli Severino de Lima, 37, vem de Poço de Pedra e refaz o mesmo ritual. Assim que desce do ônibus que a traz do interior do estado, tira as sandálias e só volta a calçá-las após a missa. “Fiz uma promessa para que ela não deixasse faltar emprego para meu marido, saúde para minha família nem tranquilidade na minha casa”, diz sob um forte sol.
Assim como a dona de casa, a aposentada Maria Célia, 66, diz não sofrer consequência nenhuma após a longa caminhada. “Venho sempre que posso, sempre que minha saúde deixa e não sinto nada depois. Só alegria”, afirma.
O aposentado Geraldo Magela, 63, era uma das dezenas de pessoas que disputavam um espaço e seguia a procissão literalmente agarrado no carro do Corpo de Bombeiros, responsável pelo transporte da imagem. Sem medo de cair ou ser atropelado pela multidão só tinha a agradecer. “Para mim é uma alegria estar aqui ao lado”, afirmou.
Longe da multidão, dezenas de pessoas preferiram o conforto e a tranquilidade de suas varandas ou até pontos estratégicos da cidade para ver a procissão. É o caso da família da aposentada Francinete Maia, 74, instalada embaixo do Viaduto do Baldo. Essa foi a primeira vez em nove anos que não acompanhou o cortejo. “Estou cansada, por isso não segui a imagem, mas já fui à missa mais cedo e participei de todo o festejo”, disse ao lado da filha Juliana Maia, 49, e da neta Bárbara Maia. “Minha mãe está morando em Fortaleza, mas sempre vem nos visitar nessa época do ano e participamos de tudo”, destaca Juliana Maia.
PROTESTO
A marcha também serviu para que um grupo chamassem a atenção da população para a necessidade da criação de uma política pública que prestigie os ciclistas. “Queremos ciclovias e mais segurança para os ciclistas. Natal é uma cidade que precisa dar mais atenção às pessoas que usam as bicicletas como esporte e como meio de transporte”, alerta o presidente do grupo de ciclistas Mundial Ciclo, pelo segundo ano na procissão. A expectativa da Arquidiocese de Natal era que cerca de 70 mil pessoas comparecessem ao último dia de festa.
