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Fé marca encerramento da festa de Santos Reis

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A tradicional procissão com as imagens dos três Reis Magos e da Sagrada Família reuniu na tarde de ontem aproximadamente 20 mil fieis pelas ruas do Canto do Mangue, Rocas e Praia do Meio, segundo estimativas da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob). Após um atraso de meia hora, fogos e bandeiras amarelas  anunciaram a saída das imagens da igreja matriz de Santos Reis.
As ruas do bairro ficaram lotadas de fiéis durante a caminhada
As dificuldades de locomoção não atrapalharam dona Iraci Sousa, de 81 anos, que foi à procissão apoiada em uma bengala, com ajuda da filha. Ela já perdeu as contas de quantos anos participa do trajeto. “Há três anos quebrei o fêmur e tive que operar, mas não deixo de vir. Antigamente as pessoas vinham vestidas de vermelho, em homenagem a São Sebastião”, disse.

A católica Gelza Costa, 40 anos, se emocionou com a passagem das imagens, como faz há 25 anos. “Minha filha nasceu em 1984, de um parto complicado, e entrei em coma por dois meses, só acordei em 06 de janeiro”, disse com lágrimas nos olhos. Um exemplo de que a fé e a devoção transcendem as barreiras religiosas foi dada por Maria Conceição.

Ela saiu da zona norte com o marido e os netos para acompanhar a procissão. O vestido branco e o colar azul se destacavam entre os fieis que carregavam uma bandeirola amarela. “Sou espírita e venho há 20 anos de branco em homenagem a Iemanjá”.

O padre da paróquia, Gilmar Pereira de Castro, mobilizou os participantes durante o trajeto. Há13 anos à frente da igreja ele foi transferido para a Paróquia de São Lucas, em São Gonçalo do Amarante. Ao final, uma missa campal foi celebrada pelo Monsenhor Lucas Batista como encerramento das comemorações, que este ano tiveram como tema “Eucaristia, Pão da Unidade dos Discípulos e Missionários”.

O cortejo teve a presença de autoridades locais, como a Governadora Wilma de Faria, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, o deputado estadual Lavoisier Maia e os vereadores Ney Lopes Junior e Hermano Morais, além do secretário de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), Kalazans Bezerra.

Tradição

De acordo com a tradição católica, 06 de janeiro é o Dia da Festa da Epifania do Senhor. Nesta data ocorreu o encontro dos Reis Magos com Jesus recém-nascido. Na capital potiguar, as comemorações acontecem tradicionalmente no bairro de Santos Reis, e iniciam em dezembro.

Além da programação religiosa, o público tem acesso a shows culturais, barraquinhas com comidas típicas e lanches em geral, e um parque de diversões no largo onde está localizado o Santuário Arquidiocesano de Santos Reis. A Festa de Reis, como é popularmente conhecida, tem origem em Portugal, onde tinha um caráter popular.

Sacerdotes serão remanejados

A
Igreja Católica anunciou mudanças, este ano, em várias paróquias do Rio
Grande do Norte. Padres com anos – em alguns casos, décadas – de
sacerdócio junto a uma comunidade estão sendo remanejados para outra.

O
impacto das mudanças pode ser medido pelas reações conflitantes da
própria comunidade eclesiástica. Na missa de encerramento da festa de
Santos Reis o pároco do bairro há 13 anos, padre Gilmar Pereira de
Castro, anunciou com uma tristeza mal disfarçada que foi transferido
para a paróquia de São Gonçalo do Amarante. Em Neópolis, o padre
Antonio Nunes de Araújo mostrou-se aliviado por saber que permanecerá
na paróquia “até 2016, pelo menos”.

A Arquidiocese explica as
mudanças como algo normal e até mesmo necessário para renovar o
trabalho de evangelização. “O motivo (das mudanças) é a própria
política da Igreja, que reconhece que a mudança faz bem. Tanto ao
mudado, quanto às comunidades”, explica o arcebispo de Natal, Dom
Matias Patrício.

O arcebispo garante que os projetos e trabalhos
desenvolvidos nas paróquias não terão  prejuízos com a troca de
sacerdotes, uma vez que a Arquidiocese possui um único projeto
evangelizador. “Então, o padre saindo daqui, vai encontrar na outra
paróquia esse mesmo projeto, não havendo motivo para preocupação,
portanto.”

Para o padre Gilmar Pereira, que há 13 anos estava na
Paróquia da Sagrada Família, que abrange os bairro de Santos Reis e das
Rocas, o que fica é a sensação de dever cumprido, com relação à
evangelização da comunidade. “A igreja é assim, um planta, outro rega,
outros colhem. É normal esse processo de mudança e saímos com toda a
tranquilidade”.

Pela menos uma mudança foi “por motivo de
força maior”. Na paróquia de Santa Luzia, em Mossoró, o pároco da
cidade de Martins há 36 anos, padre Walter Collini, assume as
celebrações na paróquia da “Capital do Oeste” a partir de hoje, mas já
tomou posse desde o último domingo. Ele substitui o monsenhor Américo
Simonetti, falecido em outubro. Confira, nesta páginas, as outras
mudanças promovidas pela Igreja nas paróquias.

O padre Julio
César Cavalcante, que assume a paróquia Nossa Senhora da Candelária, em
Natal, considera normal esses remanejamentos feitos pela Igreja
Católica. A último grande remanejamento foi há três anos, quando 23
padres foram enviados a outras paróquias. Mesmo sem a lista em mãos,
padre Júlio citou a maioria dos nomes designados pelas dioceses no Rio
Grande do Norte.

Bate-papo – Dom Matias Patrício Arcebispo de Natal

Qual a importância, para a Igreja Católica, de uma festa religiosa e popular como a de Santos Reis?
É
a importância de despertar o sentimento religioso das pessoas. A festa
quer mostrar ao mundo e todas as pessoas que o Cristo não nasceu
somente para os da Galileia, o povo de Israel, da Palestina, mas para o
mundo inteiro. Tanto para os ricos, quanto para os pobres.

E o exemplo dos Reis Magos é o da busca de caminhos?
A
busca de vir ao encontro de Jesus, porque Jesus é o caminho, a verdade
e a vida. E é a partir Dele que a gente tem condições de caminhar.

E como o senhor avalia a participação do povo nessa festa religiosa?
A igreja é pequena, mas estava lotada. E o povo participa, principalmente da procissão.

Padre se despede da festa de Santos Reis


13 anos à frente da Paróquia da Sagrada Família, que abrange Santos
Reis e as Rocas, o padre Gilmar Pereira de Castro aproveitou a festa
para dar início às despedidas da comunidade. Em 10 de fevereiro ele irá
assumir a paróquia de São Lucas, em São Gonçalo do Amarante. Durante a
celebração da primeira missa do dia de ontem, o sacerdote lembrou que a
festa, realizada desde 1952, já é tradicional e serve de momento de
reflexão para todos os católicos. A mensagem da data foi sobre a
Epifania do Senhor, ou seja, a “revelação de que Jesus Cristo é um
enviado de Deus”.

Durante a missa, o padre lembrou que assim
como os Reis Magos (Melquior, Gaspar e Baltazar), todos os católicos
devem buscar caminhos que os levem a Jesus e a uma vida mais cristã.
“Nós devemos ser discípulos, mas também missionários”, enfatizou. Já na
celebração das 9h, o arcebispo Dom Matias Patrício destacou a
necessidade de os homens e mulheres não se deixarem levar pela grandeza
do mundo. “O importante não são as riquezas materiais, mas sim a
consciência limpa. (…) Devemos levar o bem para as pessoas, através de
nossa vida.”  

O arcebispo destacou ainda que a Arquidiocese
de Natal estipulou como meta, em comemoração ao centenário completado
ano passado, a construção de 100 novas igrejas entre 2007 e 2009 e
terminou por atingir um número total de 102. Dom Matias desejou um “ano
novo abençoado” a todos os presentes e alertou: “Terminada a missa,
começa a missão!”

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