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Febre Chikungunya já mata mais que dengue e zika

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Marcelo Lima
Repórter

Em 2016, a febre chikungunya matou mais pessoas que a dengue e a zika, doenças também transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. No Rio Grande do Norte, foram confirmadas 33 mortes por chikungunya no ano passado, contra dez ocasionadas por dengue grave e quatro pelo zika vírus. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN), foram perdas evitáveis. E essa situação pode se repetir neste ano, alertam os especialistas. As autoridades públicas de saúde esperam que este ano possa haver uma nova epidemia da doença. Mesmo com a subnotificação dos casos e falhas no diagnóstico da doença, em 2016, foram confirmados mais de 8 mil casos da doença, dos mais de 26 casos suspeitos, apresentando  uma  taxa  de incidência  de 778,00 casos/100  mil  habitantes. Em 2016,  a  doença  prevaleceu  em  indivíduos  do sexo feminino, sendo que 72,8 % dos casos ocorreram entre indivíduos de 20 e 69 anos.
Exames laboratoriais confirmaram até 17 de dezembro do ano passado mais de 8 mil casos de chikungunya das 26.780 suspeitas
Em geral, uma epidemia acaba imunizando a população atingida. Porém, como a doença circula há pouco tempo no Estado, existe uma parcela considerável de pessoas que  ainda podem ser atingidas. Outras  145 mortes suspeitas ainda estão em investigação e podem ser confirmadas para uma dessas três arboviroses ou descartadas.

Mais dinheiro para combater ao Aedes aegypti e um novo guia de manejo clínico foram anunciados recentemente na tentativa de evitar a epidemia. Diferente do zika vírus e dengue, o paciente com chikungunya pode sentir as sequelas da doença por até dois anos segundo a literatura médica. A técnica em enfermagem Rosevânia Maria dos Santos, de 36 anos, teve a doença há cerca de oito meses e ainda sente dores. “Sinto as pernas dormentes. Se eu ficar de 15 a 20 minutos de sapato fechado, fico com as pontas dos dedos dormentes. Outras vezes ainda sinto dores nas pernas, nos pés, nas mãos e os dedos das mãos ficam dormentes”, contou. Antes da febre chikungunya, ela não tinha problema ósseo ou nas articulações.

Na fase aguda da doença, Rosevânia não conseguia fazer qualquer tarefa doméstica e tinha até dificuldades para se movimentar dentro de casa. “Não ficava nem deitada, nem em pé. De todo jeito incomodava”. Foram 20 dias nessa situação. Além disso, ela não conseguia comer bem. Ela deixou de usar o analgésico prescrito pelo médico há  três meses. “Hoje, ainda doi, mas eu não vou viver dependendo de remédio”, disse.

Na única consulta, o profissional de saúde que a atendeu aproveitou para recomendar tratamento paliativo para a fase posterior da chikungunya. “Disse para eu ficar tomando dipirona, fazer exercício, como caminhada e passou seis sessões de drenagem linfática”, lembrou a técnica.

Segundo o médico infectologista Alexandre Motta, a drenagem linfática não ataca a causa central da doença.“O que precisa fazer são medicamentos que controlam essa inflamação”, falou. Da medicação usada por longo prazo, como Rosevânia tomou,  ele só não recomenda o uso contínuo de corticoides injetáveis, uma esse tipo de anti-inflamatório  permanece no corpo por um período mais longo. Em geral, o paciente também é encaminhado a um médico reumatologista. Sempre que houver sintomas, como dor nas articulações, deve-se procurar um serviço de saúde para o tratamento correto da dor, mesmo que paliativo.

Motta observa que o principal sintoma da febre chikungunya ocorre antes de todos os outros.  “A dor nas juntas, em regra, é o primeiro sintoma. O que ocorre é que as pessoas [os médicos], às vezes, não fazem as perguntas certas para os pacientes”, considerou. Ainda segundo ele, a febre vem logo depois das dores articulares. Em poucos casos, a febre se antecipa.

O serviço de saúde também deve estar atento a pacientes que já possuem doenças  de base (pressão alta, diabetes, arritmia, artrite, artrose). Consequentemente, esse perfil de paciente que tem morrido em razão da febre chikungunya. “As pessoas que já têm doenças de base podem ter formas graves da doença. É mais comum esse indivíduo ter descompensações”, acrescentou Motta.

O mais recente boletim das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti no RN mostra 200 mortes suspeitas  em 2016, contra 57 registradas em 2015, um crescimento de 250,88%.  “Uma situação preocupante para a vigilância epidemiológica, uma vez que os óbitos notificados por dengue, zika e chikungunya são na sua maioria evitáveis, tornando-se um indicador sensível da qualidade da assistência”, considera o boletim da Sesap.

Nesta semana, foram anunciados R$ 2.753.734,73 extras para o combate ao mosquito nos 167 municípios do RN. Um dos critérios para o recebimento é o levantamento do índice de infestação predial de cada município, que, por vezes, é negligenciado pelas prefeituras. Parcelado em duas vezes, o valor total deve ser pago até 30 de junho deste ano.

As chuvas de verão e o tempo quente são a combinação ideal para a reprodução do mosquito. Não acumular água a céu aberto ainda é o princípio fundamental para evitar a proliferação do aedes.

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