sexta-feira, 19 de abril, 2024
31.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Fechado, TAM faz 117 anos; obra se arrasta desde 2015

- Publicidade -
Mariana Ceci
Repórter
O Teatro Alberto Maranhão completa, nesta quarta-feira (24), 117 anos de fundação. O aniversário, porém, não terá celebração. E a culpa não é da pandemia. O mais antigo teatro  de Natal encontra-se com as portas fechadas para o público por causa de uma reforma. O processo que deu início ao fechamento para o começo das obras se arrasta há seis anos. A obra, iniciada em 2018, encontra-se 76% executada, e tem previsão de finalização para o dia 28 de abril. Entretanto, a gestão estadual passada do Governo do Estado deixou de fora do contrato a reforma da caixa cênica, que teve de ser licitada à parte pela atual. Na prática, portanto, ainda não há data para que o Teatro seja reinaugurado.
Há quase seis anos, as cortinas do TAM se fecharam aos artistas e ao público. Serviços se arrastam
A obra está sob responsabilidade do Governo Cidadão. O valor total do projeto que está em curso atualmente é de R$ 10.481.338,69. De acordo com o Governo Cidadão, resta a conclusão de serviços como emassamento de paredes, pintura, revestimento, restauro de ladrilhos, finalização de recuperação do forro, conclusão das instalações elétricas e hidráulicas, ligação da subestação e a limpeza final. 
O resultado da licitação para a obra da caixa cênica já foi homologado, tendo como vencedor o Consórcio CRM/Edcom, composto pelas empresas Ramalho Moreira e Edcon Comércio e Construções Ltda. Falta ainda a assinatura do contrato, que será no valor de R$ 2.534.335,37.
O Teatro Alberto Maranhão é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico no Rio Grande do Norte (IPHAN). Ele foi originalmente projetado pelo engenheiro José de Barredo, e a construção teve início no ano de 1898. Seis anos depois, em 1904, o prédio foi inaugurado sob o nome de Teatro Carlos Gomes.
A edificação passou por diversas reformas ao longo de sua história: no segundo governo de Alberto Maranhão, sendo reinaugurado em 1912; na gestão municipal de Djalma Maranhão, em 1959; e em 2004, quando completou 100 anos de fundação e passou por mais uma reforma, essa focada na acessibilidade e climatização do espaço. A reestruturação atual é a mais longa, e quase se equipara com o tempo levado para erguer o empreendimento, no início do Século XX.
De acordo com a atual gestão do Governo do Estado, o projeto deixado pela gestão anterior encontrava-se 5% concluído e apresentava uma série de erros. Outros aspectos, como a própria caixa cênica, foram completamente esquecidos no projeto de reforma. Os entraves burocráticos e a necessidade de refazer parte dos projetos são as principais razões pelas quais a reforma se arrasta por seis anos.
Desafios
O Coordenador de Teatros da Fundação José Augusto e Diretor do Teatro Alberto Maranhão, Ronaldo Costa, destaca que os desafios não devem acabar após o fim da obra. “O primeiro desafio que vamos ter em relação à reinauguração do Teatro Alberto Maranhão é a reestruturação da equipe administrativa e da equipe técnica do Teatro”, explica. De acordo com o diretor, parte da equipe se aposentou ao longo dos últimos anos, e o restante encontra-se em vias de aposentadoria. Ainda não há definição se a nova equipe será contratada por meio de um concurso público ou por meio da terceirização. 
Resolvida a questão, Ronaldo Costa confirma que o segundo desafio será retomar a atividade-fim do Teatro: a concessão de pautas para artistas e trabalhadores da cultura da cidade. “Como ele sempre foi um centro agregador de pensamento e construção de conhecimento, a ideia é que o Teatro Alberto Maranhão seja espaço também para o desenvolvimento de algumas atividades”, complementa. 
Essas atividades serão definidas em parceria com algumas entidades que possuem residência no espaço, como é o caso da Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte. “Outra ideia é trazer a parte de ensino, sobretudo a reestruturação do centro experimental”, frisa o diretor. 
Outro projeto que já se encontra em fase de desenvolvimento faz parte de uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O projeto tem o objetivo de resgatar a história do Teatro a partir da digitalização dos documentos que envolvem as pautas apresentadas ao longo dos anos no espaço. “Esses documentos continuaram a ser catalogados por muitos anos”, diz Ronaldo Costa. Parte do acervo já integra o livro de Meira Pires, teatrólogo que escreveu sobre a história do Teatro Alberto Maranhão. O objetivo é que, além de digitalizar, o acervo seja propriamente acondicionado e armazenado, para que possa servir como fonte para pesquisas históricas sobre a cidade de Natal. 
Reforma atual, a maior desde a sua inauguração em 1904, está consumindo quase mesmo tempo da construção do empreendimento
Obras da Escola de Dança avançam
Um patrimônio histórico totalmente recuperado será entregue ao Rio Grande do Norte ainda este mês, conforme prometido pelo Governo do Estado. A obra de recuperação e ampliação da Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM) está quase concluída com o investimento de R$ 1,9 milhão, via Governo Cidadão e Secretaria Estadual de Turismo, com recursos viabilizados pelo Banco Mundial.
Em visita técnica no final do mês passado, o secretário Fernando Mineiro (Segri), coordenador do Governo Cidadão, apresentou o prédio reformado ao procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado, Thiago Martins Guterres; ao superintendente do Iphan/RN, Jorge Cláudio Machado da Silva; ao diretor da Fundação José Augusto, Fábio Lima; e à diretora da EDTAM, Wanie Rose.
“Agradecemos a sensibilidade dos órgãos que uniram esforços com o Governo para que hoje a gente pudesse estar neste exemplo de obra executada de forma correta”, lembrou Mineiro. A expectativa é que depois da obra, a EDTAM volte a receber a média de 500 alunos por ano.
A retomada da obra com todas as adequações só foi possível após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Gestão  (TAG) com o Ministério Público junto ao TCE, com a aprovação unânime do pleno da Corte de Contas. Este TAG foi pioneiro por se tratar de uma obra física.

Atualizada às 15h10

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas