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Felicidade Interna Bruta-FIB

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Nivaldete Ferreira
([email protected])

Nem sempre as revistas envelhecem. Folheando a Planeta de janeiro 2009, reli reportagem sobre a concepção de PIB e FIB num pequeno reino do Himalaia, o Butão. Claro, um botãozinho de nada na imensa roupa do mundo, mas que tem algo que geralmente falta às grandes nações ocidentais: sabedoria. Jigme Singye, governante desde os 17 anos, assim terá dito em entrevista ao Financial Times: “A Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o PIB. Em nosso processo de desenvolvimento, a felicidade precede a prosperidade econômica”.

Em 1998, foram definidas lá as vigas de sustentação da FIB: desenvolvimento socioeconômico sustentável e equitativo, conservação ambiental, promoção do patrimônio cultural e boa governança, pelo que se deve entender: honestidade, transparência e responsabilidade. “Enquanto isso”, diz a matéria, “ao redor do mundo, um número crescente de economistas, cientistas sociais e empresários buscava outras medidas e indicadores que levassem em consideração não apenas o fluxo de dinheiro (como no caso do PIB), mas também a saúde, a cultura, o tempo livre dos indivíduos, a conservação da natureza e outros fatores não-econômicos”. Então se cria o Índice de Desenvolvimento Humano-IDH, que inclui a expectativa de vida das pessoas, o grau de alfabetização e o que é feito na educação.

Depois, seguindo a matéria da revista, veio o Indicador de Progresso Genuíno-IPG, que leva em conta fatores negativos do desenvolvimento, como os prejuízos que uma fábrica pode acarretar ao meio ambiente, à cultura e ao bem-estar da comunidade. Considera também a criminalidade nos custos não-econômicos (não incluídos na economia). Surgiu ainda, na Inglaterra, o Índice do Planeta Feliz-IPF (criação da Fund. New Economics, um think-tank, usina de ideias).

O objetivo, neste caso, não seria “identificar o país ‘mais feliz’, mas sublinhar que é possível atingir altos índices de bem-estar e viver plenamente sem consumir excessivamente ou desgastar os recursos naturais”. Seja como for, parece que a FIB inspirou um pouco os economistas ocidentais. Um pouco, porque no Butão se pratica a meditação, “estado em que o indivíduo vivencia o ‘ser’, ao contrário de reagir apenas aos estímulos externos”.

A matéria continua: “A ciência comportamental comprovou que, de fato, a mente pode ser treinada (…) para promover estados duradouros de serenidade e contentamento”, o que reduz as demandas consumistas, por ex., poupando-se assim a natureza (haverá poupança mais importante?), além de ser um desestímulo à violência.

Algumas escolas brasileiras estão pondo em prática a meditação, com ótimos resultados. Seria bom que isso fosse disseminado. É simples e não requer investimento financeiro nenhum. De resto, é muito mais fácil e rápido mudar a mente do que a mentalidade, pois esta envolve todo um acervo de crenças, hábitos, tendências, desejos vindos de fora para dentro, ansiedade e, muitas vezes, estados emocionais mais aflitivos . Mas mudando-se a mente, muda-se a mentalidade. Meditemos.

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