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Feliz de quem escuta a Palavra de Deus

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Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal
Prezados leitores/as!
Neste domingo, dia 23 de janeiro, o 3º do Tempo Comum, a Igreja celebra o “Domingo da Palavra de Deus”, instituído pelo Papa Francisco em 30 de setembro de 2019, com a Carta Apostólica sob forma de Motu proprio Aperuit illis. O Papa Francisco instituiu esse domingo atendendo a muitos pedidos do povo de Deus que chegaram até ele para que se pudesse “celebrar o Domingo da Palavra de Deus em toda a Igreja e com unidade de intenções” (FRANCISCO. Carta Apostólica Aperuit illis, n. 2). A escolha do 3º Domingo do Tempo Comum tem um forte sentido ecumênico: ele acontece dentro daquela semana em que a Igreja reforça os laços de diálogo com os judeus e se une aos outros cristãos na oração pela unidade dos seguidores de Cristo.
Sempre devemos viver na escuta da Palavra. A fé da Igreja é fruto da ação de Deus, que se comunica aos homens e às mulheres. Tal comunicação significa que Deus trata o ser humano como capaz de ouvir a sua Palavra, a sua interpelação. O homem e a mulher foram criados por Deus capazes de ouvir, são ouvintes da Palavra. É da própria natureza criada ser interpelada pelo Palavra que Deus lhe dirige. Não se trata de uma natureza devida, isto é, Deus não é obrigado a isso, mas de uma graça da livre iniciativa divina. O ser humano é criado para ouvir a Palavra de Deus, mas só pode realizar isso se Deus vem ao seu encontro. De fato, não falamos de algo que ainda vai acontecer ou que temos dúvida se vai acontecer. A Bíblia nos confirma e assegura: Deus falou.
“Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas” (Hb 1,1-2). Portanto, viver na escuta da Palavra não é algo facultativo ou pensado para segundo plano. É a razão pela qual existe a Igreja e como ela pode ser pensada. 
O que significa “viver segundo a Palavra”? Desde os primeiros séculos as Sagradas Escrituras ocuparam lugar fundamental na vida dos discípulos missionários. A partir do momento em que os seguidores de Jesus se distanciavam do tempo da presença do Filho de Deus, Verbo ou Palavra encarnada, os escritos dos Apóstolos e dos discípulos de Apóstolos foram ocupando a função de apresentar o mistério vivo da memória do Salvador. Essa memória é celebrada na Liturgia e vivenciada na prática da caridade. Mas, sempre à luz da Palavra. Por isso, a Igreja “venerou sempre as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática sobre a Revelação divina Dei Verbum, 21). “A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela. Ao longo de todos os séculos da sua história, o Povo de Deus encontrou sempre nela a sua força, e também hoje a comunidade eclesial cresce na escuta, na celebração e no estudo da Palavra de Deus” (BENTO XVI. Exortação Apostólica Pós-sinodal Verbum Domini, n. 3).
Que neste domingo todos possam renovar sua fé na Palavra de Deus e deixar-se iluminar por ela. Que a nossa caminhada de fé seja guiada pela Palavra e sejamos de fato, ouvintes da Palavra. Que também nós estejamos prontos a obedecer a esta palavra, como fizeram os primeiros discípulos e discípulas do Senhor.
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