A chuva que insistiu em cair durante quase toda a primeira noite do festival Mada acabou ajudando a tenda eletrônica a ter picos – às vezes insuportáveis – de lotação. Algo que não chegou a atrapalhar o entusiasmo das muitas pessoas que resoulveram conferir com quantos ‘beats’ se faz uma festa à parte em meio ao universo essencialmente rocker do festival natalense. O som começou por volta das 21h30, quase no mesmo momento em que a chuva torrencial caiu na arena. Atraídos pelas batidas ou fugindo da chuva, um bom número de pessoas já lotou o espaço nos primeiros bumbos. Abrindo a noite, o DJ local Hugão iniciou o set de forma convenientemente macia, sem BPMs aceleradas, de leve. Começou house, com um vocal ali, um sintetizador ‘electrosujo’ acolá, percussões envolventes, baixos suingados, um pouco de trance (o tradicional, não o sujo e veloz psy), até subir a velocidade e deixar o som mais agressivo, acompanhado os urros da pista.
Foi a deixa para o pernambucano Iceberg assumir as picapes e pesar a mão no techno. Além do beat reto e marcial, o som do DJ ressaltou uma característica em alta nas produções atuais: linhas de baixo sujas e agressivas – quase rock. Ligação que ficou evidente quando ele soltou uma música com samples de “Another brick in the wall”, popular clássico do Pink Floyd. A tenda veio abaixo.
Após o peso sem dó do DJ Iceberg, o colega local Felps deixou o ambiente mais ‘funky’ e divertido com um bem-vindo set de electrohouse, uma das vertentes mais interessantes da eletrônica atual. Esse som traz linhas de baixo oitentistas, batidas secas, e barulhinhos de vídeo game que se debatem na caixa de som; é música com balanço e senso de humor. Foi o melhor momento da tenda. Depois, as BPMs foram lá pra cima e não desceram mais, a cargo dos DJs Thomas (RN), Foxxy (PB) e Animal (CE), entre o techno e o trance. O solo, já transformado num lamaçal batido pela chuva e pés dos dançarinos, deu o clima de ‘rave’.
