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Fernando Bezerra aponta “pior Congresso em 50 anos e ditadura do MP”

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Renata Moura
Editora de economia

Aldemar Freire
Editor de Política

Colaboração: Nathália Campero

Em um cenário em que a economia é afetada pela crise política, tentativas de impedir as reformas trabalhista e previdenciária deixam o empresário, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e ex-senador, Fernando Bezerra, “indignado”. Ele também enxerga “uma ditadura do Ministério Público” e que “o país produziu o pior Congresso Nacional dos últimos cinquenta anos”.

Ex-ministro e líder do governo Fernando Henrique no Senado, além líder do Congresso no governo Lula, Bezerra aponta que o cenário plenamente favorável à retomada só deverá se consolidar no início de 2019, após as eleições de 2018. “Eu acredito que teremos um quadro definitivo somente depois das eleições”, afirma.

Ele critica também o Partido dos Trabalhadores (PT), que aponta ter responsabilidade nas manifestações que envolveram depredações. A avaliação é enfática quando se refere à atuação da senadora Fátima Bezerra. “Acho um desequilíbrio enorme, pelo radicalismo e sectarismo, pela forma como o PT se comporta”, diz, nesta entrevista à TRIBUNA. Quanto aos senadores Garibaldi Filho e José Agripino, afirma que “envelheceram”. 

Empresário, ex-senador e ex-ministro defende renovação na política, critica o PT e a atuação do Ministério Público

Fernando Bezerra também alerta para a gravidade do desequilíbrio no Estado, que vê quase como “ingovernável”. O ex-ministro percebe que há ansiedade da população por uma renovação de lideranças, mas alerta para a dificuldade de se ter novos nomes que assumam essa tarefa.

Mesmo com as críticas à bancada, Fernando Bezerra faz a ressalva de que candidaturas à reeleição são  legítimas, como também haverá legitimidade se empresários tiverem uma atuação política. Ao comentar sobre essa possibilidade, lembra dos que são cogitados no Rio Grande do Norte, como Tião Couto, Cláudio Santos e Flávio Rocha. Sugere, ainda, que neste momento de gravidade da situação política e econômica nacional e no Estado, os protagonista dos Poderes e representantes de empresários, trabalhadores e das demais instituições, tenham capacidade de sentar em busca de saídas nas quais o interesse público prevaleça.

Como o senhor vê o atual cenário político-econômico? Ele vai retardar a retomada do crescimento no Brasil?
Eu acho que a economia foi e está sendo tremendamente afetada pelo fato político. Alguns economistas vêem um certo descolamento da crise política do fato econômico, um descolamento que significa apenas o seguinte: ‘vamos ficar vendo aí o que acontece’ ou então  ‘vamos caminhar a passos muito lentos’. Paramos de cair, o desemprego parece que parou um pouco, mas isso não significa retomada.  Há uma equipe econômica extremamente competente, liderada pelo Henrique Meirelles, e na expectativa de que tenha um suporte político para aprovar as reformas. Eu fico indignado e pasmo como pessoas supostamente vão à rua contra as reformas, elas estão indo à rua contra a possibilidade de que os aposentados recebam dinheiro, porque essa é a verdade, a Previdência não suporta.

O senhor disse que o fato de as pessoas irem às ruas lhe deixa indignado, mas o senhor não acha que…
Não. Fico indignado no ponto em que se manifestam contra as reformas.

As pessoas dizem que estão indo às ruas porque têm medo de perder direitos, da situação piorar tanto do ponto de vista previdenciário, quanto  do ponto de vista trabalhista. O senhor afasta a possibilidade de perda?
Eu queria que você me apontasse quais os prejuízos que tem o trabalhador com a reforma trabalhista.

Quais são as vantagens, na sua opinião?
A vantagem é a liberdade. Existe hoje uma defesa de um imposto sindical que significa bilhões para que um pequeno ‘gueto’ domine a política sindical brasileira. Nós temos entre 16 mil e 17 mil sindicatos, os Estados Unidos tem mais de 100, a Alemanha tem menos de 100. O mundo todo está aí, quem se beneficiou? Você só ouviu falar até hoje de Paulinho da Força Sindical, de alguém da CUT, que se perpetuam por anos, recebendo bilhões de reais dos trabalhadores. Eu acho que você ter o direito de pagar, ‘eu quero pagar o meu sindicato’, é uma coisa. Você ser obrigado a pagar o seu sindicato, é outra. Quantos trabalhadores vão às assembleias dos sindicatos para defender os seus direitos? Eu acho que a gente tem que ter liberdade, e mais, a liberdade de negociar. As empresas hoje se vêem diante de um dilema. ‘Ou eu dispenso, ou vou continuar sem poder fazer nada’. Hoje para você fazer a dispensa, você não tem a possibilidade de negociar e dizer: ‘Eu estou numa crise e só posso ficar com você se puder reduzir o seu salário, porque a empresa não suporta mais’. Isso era impossível, mas hoje mediante uma negociação é possível fazer. Diante da nova legislação trabalhista que está para ser aprovada no Senado e eu espero que seja aprovada, muito embora, eu ache que a reforma principal é a da previdência e não sei se será aprovada nesse período agora. Nós também precisamos de uma reforma política, de uma reforma tributária. Você acha justo que o pobre pague a mesma coisa que um rico de imposto? A reforma tributária não vai ser feita agora, mas precisa. A estrutura tributária brasileira é complexa, caríssima para as empresas. A empresa tem hoje uma demanda enorme de tempo para se organizar dentro de uma estrutura trabalhista, empresas grandes tem as vezes entre 20 e 30 funcionários só para cuidar da parte tributária, só para se pagar esse impostos.

Nesse cenário de incertezas, com o governo e esse processo que a Câmara vai decidir se autoriza ou não a denúncia (contra Temer), que pode acabar no afastamento do presidente, sem a definição de um nome ainda que possa substitui-lo nesse período de imediato, o senhor acha que há a possibilidade de uma retomada na economia?
Eu acho muito difícil, mas  parece que o bom senso prevaleceu em um ponto. Está mantida a equipe econômica. Se isso não acontecer, é o caos. O presidente do banco Central é um homem extremamente capaz, reduziu a inflação muito abaixo do que as pessoas pensavam. Pegando uma inflação de dois dígitos e fechando o ano com a inflação em torno de 3,5%. A gente tinha a inflação de 11% e 12%. E a inflação, o preço mais alto, quem paga é o pobre. O rico se defende através das aplicações do mercado financeiro,  que cobrem essas diferenças de perdas eventuais. Eu não acredito que seja essa mudança de presidente que vá fazer a retomada da economia, até porque não há tempo. Eu acredito que teremos um quadro definitivo de somente depois das eleições de 2018. Ou seja, em 2019. É triste a gente ter que esperar esse longo período num quadro de dificuldade como esse que estamos vivendo hoje.

Como o senhor vê o problema da credibilidade da classe política para conduzir um país nesse momento? O senhor vê alguma possibilidade de se apresentar uma força política ou um nome que tenha liderança e que possa conduzir o país nessa retomada?
Esse eu acho o problema mais grave. Nós não somos capazes, hoje, de apresentar uma liderança capaz de conduzir o Brasil. Nós produzimos o pior Congresso da história desse país nos últimos 50 anos. É impossível governar um país com mais de 30 partidos. Aqui do Rio Grande do Norte, nós temos oito deputados federais, cada um é de um partido. Eu, muitas vezes, desafio as pessoas a me dizerem, primeiro: Quem são os oito deputados federais? A forma mais fácil de fazer isso é ligar as famílias, porque o RN é um clássico do hereditário, aqui se herda. Como você consegue negociar com um Congresso que tem mais de 30 partidos? Isso é praticamente impossível. E o triste é que a gente não vê, não enxerga, uma liderança nova para conduzir. Começam a surgir alguns nomes, porque necessariamente vai haver uma eleição em 2018. Eu só espero que não seja Bolsonaro, porque seria um retrocesso enorme na política brasileira.

O senhor citou Bolsonaro, há possibilidade de o nome dele conseguir penetração na classe empresarial?
É possível, o pensamento humano é muito diverso. Não há como dizer que a classe empresarial vai apoiar um só candidato. Eu sinto, no meio da classe empresarial, alguns nomes que não o dele. Mas vi, para a minha tristeza, alguns dizendo “entre Lula e ele, eu voto nele”.

E quais nomes tem despontado no meio?
O nome do prefeito de São Paulo, João Dória. Eu acho que Henrique Meirelles seria um grande nome.

Lula?
Lula, se não for preso. Porque o responsável por tudo que estamos vendo aí é o PT. Foram 13 anos. Eu fico impressionado com o cinismo que as pessoas do PT tratam essa questão. ‘Nós somos contra’, como se não fossem eles que destruíram o país. A senadora Fátima Bezerra fala como se vivesse em um mundo completamente a parte, ‘não foi o PT que fez isso, nós precisamos mudar porque está tudo errado’.

Mas o senhor acredita que Lula pode ser uma alternativa?
Olha, eu não sei dizer. Veja bem, ele está para ser julgado por Sérgio Moro e esse julgamento vai para o Tribunal Regional Federal que é no Rio Grande do Sul, como temos o nosso aqui em Recife. Se ele for condenado, o Tribunal vai decidir se mantém a condenação ou não.  Se por acaso ele for condenado e for mantida a condenação pelo Tribunal, ele se torna inelegível pela Lei da Ficha Limpa. E poderá ser preso, porque o Supremo decidiu que condenado em segunda instância pode ser preso.

O PSDB também está enfrenta questionamento ético. O presidente do partido está afastado, porque está sendo processado.
O difícil hoje é encontrar um partido que não esteja envolvido em qualquer desse tipo de malfeito. É lamentável, o PSDB já era um partido de caciques. Eu não vejo mais nenhuma chance para o Aécio na política.

E entre Alckmin e Dória? Quem o senhor acha que seria?
O Dória é uma interrogação, mas é um nome novo. O Alckmin, me parece que tem lá os seus pecados,  mas não seria algo condenável e que não pudesse vir a ser candidato a presidente. Mas, eu sinto nas pessoas uma certa angustia de não ter um líder, uma ansiedade pelo novo.  Você vê isso aqui também no Rio Grande do Norte. Pergunte as pessoas, quem a gente vai eleger governador do RN no próximo período?

O senhor falou rapidamente da bancada e o senhor foi senador, foi líder do governo, foi ministro. Como o senhor vê a atuação da bancada federal do Rio Grande do Norte?
Eu só vejo na bancada hoje, na Câmara dos Deputados, o nome de Rogério Marinho. Ele tem se destacado, não só pela reforma trabalhista, mas também pelo trabalho que desenvolveu. O Metrópole Digital é fruto do esforço dele com Ivanildo Rêgo.

E no Senado?
Eu acho que Garibaldi Filho e José Agripino envelheceram.

O senhor acha que os dois envelheceram politicamente e na capacidade de representar o estado?
Sim, nos dois. Eles não são mais o novo. Quantos anos José Agripino tem hoje de idade e na política? Garibaldi também. Eu não tenho nenhum reparo aos dois. Não podemos apontar nenhum dos dois nesse cenário de renovação. E Fátima Bezerra, eu acho um desequilíbrio enorme, pelo radicalismo e sectarismo, pela forma como PT se comporta. Inclusive, eu tenho que respeitar o que as pessoas pensam, mas me custa muito entender o porque de uma defesa dessa natureza e do tipo que ela faz. E eu também não acho que Fátima seja uma renovação nesse cenário.

O senhor não acha que Fátima tenha capacidade de representar o RN no Senado?
O povo quis que ela representasse, então não sou eu que vou julgar isso aí. Estamos em um processo democrático. A eleição existe pra isso.

Nessa discussão, vão estar em jogo duas vagas no Senado nas eleições de 2018. Como o senhor acha que deve ser a escolha desses nomes? O senhor citou que Garibaldi Filho e José Agripino envelheceram, mas muito provavelmente são candidatos na reeleição, você não acredita que seja bom para o RN renovar o mandato deles?
Eu não sou mais político, não sou eu que decido se eles serão candidatos. Apenas estou dizendo que já tem um longo período que eles estão no exercício do mandato. É legitimo que eles sejam candidatos novamente e legitimo também que haja novos candidatos. Como Tião Couto, Cláudio Santos e Flávio Rocha.

Por que essa renovação, esse novo nome, é tão importante? O que esse novo nome deveria trazer para a política?
A resposta é muito simples, por tudo que está aí, que foi construído. Em entrevista na Folha de São Paulo na última segunda-feira (3), o ex-ministro, Delfim Neto disse que ‘o setor privado se apropriou do Congresso Nacional’, o que é uma coisa gravíssima. Houve uma relação mais do que espúria, entre o privado e o público. O resultado disso, quem imaginava que Marcelo Odebrecht, que comanda um império econômico, que a Camargo Correia, a Andrade Gutierrez, a Queiroz Galvão, a OAS, a Odebrecht, a Galvão Engenharia, outras empresas e agora a JBS. Porque a JBS fez tudo isso? Porque um empresario precisava fazer tudo isso?

O senhor acha que uma renovação seria capaz de mudar esse movimento e reverter essa história?
Eu acho que mais importante na vida nacional é a Lava Jato, que eu espero que seja realmente um ponto de inflexão na política nacional e na forma de se conviver da ética.

A Lava Jato, que está ameaçada nesse momento.
Ameaçada vai ser sempre. Quando você atinge poderosos, como o presidente do Senado, da Câmara e a quantidade de políticos, senadores e deputados, envolvidos. Assusta. Mas eu acho que a força da população é muito maior, por isso veja bem.. eu me manifestei contra os manifestos de rua contra as reformas, que eu acho que é uma manipulação equivocada que o PT faz das pessoas. As manifestações do PT continuam sendo pagas, você junta várias pessoas na rua, com umas bandeiras vermelhas, um caminhão de sanduíche e uma série de coisas. Eu vi uma manifestação em Brasília e aquele quebra quebra que foi horrível, tinham 800 homens alugados.

Mas tem milhares de pessoas nas ruas, no país inteiro.
Eu acho bom. Quanto mais pessoas forem pra rua, melhor. Reivindicar, mas reivindicar com respeito. Você acha que é justo ir pra rua quebrar ônibus, queimar ônibus.

Isso não é uma parcela pequena que faz?
Uma parcela pequena de onde? De onde vem essa parcela pequena?

Não sei. O senhor acha que é do PT?
Eu acho que é do PT. Está claro, basta olhar.

Como o senhor vê a questão das lideranças empresariais nesse contexto?
Muito tímidas. Eu acho que a sociedade deveria.. eu me levanto todo dia e me pergunto o que poderia fazer com tudo isso que está acontecendo aí.. bom, na verdade eu me levanto todo dia e vou trabalhar, poderia até estar aposentado, mas será que poderia ser feito alguma coisa? Eu vejo uma atuação muito discreta do empresariado. Flávio Rocha é uma pessoa que tem se destacado e cresceu como nome nacional, como liderança empresarial no Brasil.

Como o senhor avalia o governo Robinson?
Eu não vou fazer uma avaliação, não tenho esse direito. A única coisa que eu posso dizer é que o Estado é quase ingovernável, você não tem dinheiro e a tendência é cada vez mais se agravar a situação econômica e financeira do Estado. Hoje se paga parcelado e atrasado o funcionalismo, a tendência é aumentar esse atraso. Isso é triste. As pessoas vivem disso e isso afeta a economia como um todo.

O senhor não vê solução nesse governo ou seria difícil pra qualquer gestor?
O RN não será uma ilha de prosperidade dentro de um país que está afundando. Você não pode resolver o problema do RN se não resolver o problema do Brasil. Tem alguns Estados que vão melhores do que outros, a Paraíba vai bem, em termos. Não podemos dizer que Robinson é o responsável pela situação que está ai, ele recebeu o Estado em uma situação dificílima.

Mas sem conseguir enfrentar esses problemas, o senhor acha que a candidatura à reeleição dele é fadada ao fracasso?
Eu não sei. Acho que esse momento é tão grave que as lideranças deveriam sentar e se perguntar ‘ e nesse momento, o que devemos fazer?’. Me lembro muito bem, quando Aluízio Alves foi governador do Rio Grande do Norte que a gente tinha uma crise grande e ele convocava para uma reunião no Palácio velho (antigo Palácio do governo), as pessoas que não tinham nada a ver diretamente com a política. Estavam os políticos, mas também estavam os empresários, e trabalhadores para uma reunião. Eu acho que está na hora do presidente do tribunal de justiça, da assembleia legislativa, do tribunal do contas, sentarem junto ao ministério público, ao presidente do executivo e ao governador para buscar uma solução. O estado não aguenta, não está arrecadando para fazer os pagamentos. As prefeituras estão gastando com pessoal, muito mais do que a Lei de Responsabilidade Fiscal definiu. O Estado está nessa situação. Então, porque as pessoas não se unem para discutir?

O senhor vê a possibilidade desses gestores que estão hoje tomarem uma iniciativa como essa?
Eu não sei, mas deveriam. Você sabe quantos funcionários tem a Assembleia Legislativa? Cada deputado do RN custa ao Estado um milhão de reais por mês. Quem paga somos nós. Vamos supor que cada deputado tivesse 4 assessores e 100 funcionários trabalhando lá. Eu acho que era mais do que suficiente. Eu lançaria um desafio. É possível administrar a assembleia com 200 funcionários? Eu administraria folgado e talvez reduziria pra 100. O Ministério público tem procurador recebendo  R$100 mil por mês. Que país é esse onde o MP é fiscal da lei e não a cumpre?

Como o senhor acredita que esteja sendo o desempenho do prefeito Carlos Eduardo?
Dentro desse quadro, ele está fazendo o que é possível. Mas dentro de uma empresa, quando há uma crise, você pode fazer duas coisas: aumentar a receita ou cortar as despesas. Cortar despesas no setor público não é uma coisa fácil, porque fere interesses, as vezes a lei não permite e você é obrigado a manter uma estrutura que não foi você que criou e administrar aquela estrutura. Há um fato que é notório, a arrecadação no Brasil caiu em todos os segmentos, federal, estadual e municipal. Não é fácil administrar assim.

O senhor foi senador, ministro, tentou uma candidatura ao governo e em seguida desistiu da vida política. O senhor acredita que se tivesse continuado teria dado uma maior contribuição?
Eu fiquei na política doze anos, vivi isso intensamente. Fui líder de todos os governos, de Fernando Henrique no Senado e líder no de Lula no Congresso Nacional. Eu saia de casa as 9h da manhã e não voltava antes de 00h. Esse desenho da transposição do Rio São Francisco foi praticamente completado quando eu era ministro e Rômulo Macedo era do Ministério. Então acredito que dei minha contribuição e tenho o direito de viver mais próximo a minha família e aos meus onze netos. Acho que agora é a hora de outros.

A renovação foi uma tônica de muitas respostas que o senhor deu. Então o senhor acha que esse pode ser um caminho, não só para o país, mas como para o Estado também para 2018?
Eu só tenho medo do ‘salvador da pátria’. Para o Brasil, isso é altamente arriscado. A renovação é sempre um risco, mas o risco maior já estamos tendo.

O senhor acha que essa geração que está no senado tem que fazer essa avaliação da hora de sair?
Cada um faz a sua avaliação.

O senhor destacaria algum nome que poderia ser uma alternativa nesse processo?
Bom, é muito difícil pra mim dizer isso. Eu cito alguns nomes que vi na mídia como Flávio Rocha, Cláudio Santos, Antônio Gentil,  Tião Couto e Marcelo Alecrim. São nomes que atualmente estão completamente fora da política, isso significaria uma renovação para qualquer coisa.

Qual seriam os caminhos para o RN em termos de concepção de Estado?
Eu acho que tem que mudar toda a estrutura do estado brasileiro. Uma renovação pode significar formas de governar, uma forma de ser mais rigoroso com as coisas. Eu acho que quem trata com dinheiro público, tem que ser completamento rigoroso e transparente, é com dinheiro dos outros que você está lidando. Do ponto de vista econômico, eu identifico quatro vertentes econômicas que são inequívocas: as energias renováveis, solar e eólica, a logística e o turismo. Já o mercado imobiliário crescerá em função do crescimento das atividades econômicas do estado.

Qual é a situação do mercado imobiliário, hoje?
Eu acredito que o mercado imobiliário até o mês passado ainda desempregava, mas em 2019 a gente comece a sentir um retorno no crescimento. Esse ano foi queima de estoque de todo mundo. Muita gente hoje ta vivendo a crise, está desempregada e volta para a casa dos pais. Mas eu acredito na recuperação do mercado. Há uma queima de estoque hoje já muito pequena.

O estoque também está bem menor…
Já se começa a aumentar o investimento em projetos. Um projeto para maturar, as vezes dura de um ano a dois. As licenças levam muito tempo para serem tiradas. Algumas pessoas acreditam serem proprietárias do meio ambiente, eu penso em um mundo para os meus netos, mas acredito que há um exagero para tudo no Brasil.

No RN, há exageros de onde? Do Ministério Público? De uma fiscalização ambiental? de ambos?
O MP achou que é o dono absoluto da verdade. Cito um projeto nosso que foi aprovado, absolutamente dentro da lei, e o MP disse: ‘Eu acho que a prefeitura pediu muito pouco, eu quero que os senhores façam isso” “porquê?” “porque eu quero”. Isso é ditatorial. Eu acho que hoje nós vivemos em um período ditatorial, a ditadura do Ministério Público, as vezes apoiado ou não pelo Poder Judiciário. E muitas vezes porque o Congresso Nacional não se dá ao respeito. Me diga uma coisa, é constitucional o afastamento de um deputado?

Porque o senhor acha que a população resiste à reforma da previdência e à reforma trabalhista?
Por desconhecer, por ser enganada, por dizerem: ‘vão tomar o seu dinheiro’. As pessoas não sabem o que estão defendendo. Porque não se faz um debate amplo, ao invés de fazer uma condenação previa?

No caso da reforma trabalhista, que tem previsão de votação para semana que vem, a possibilidade de aprovação ao lado do governo está bem apertada…
Pois é, eu ouvi muitas vezes a senadora Fátima Bezerra dizer ‘estão tirando do trabalhador brasileiro’ e vi muitas vezes o desafio da imprensa, do jornalista Cassiano Arruda, pedindo a senadora para apontar um ponto onde o trabalhador perde com a reforma. Eu nunca vi uma resposta dela.

O senhor não acha que os trabalhadores ficam fragilizados e que há possibilidade de precarização?
Eu não acho. Metade da população brasileira não tem carteira assinada. E esse contingente deve diminuir. Você acha normal um país ter 17 mil sindicatos? É importante que você mesmo responda se há alguma perda do trabalhador pela legislação feita.

Quais são os ganhos concretos para o trabalhador com a reforma?
É ter mais segurança no trabalho, legalizar a sua forma de trabalho.

O senhor tem analisado a atuação do senadores e criticou a atuação da senadora Fátima Bezerra. Ela é candidata ao governo…
É o lado ideológico e o lado do radicalismo do PT. Eu me dou muito bem com Fátima e nem deveria estar fazendo esse tipo de critica, porque o que eu acho é que o PT é um modelo do antigo Partido Comunista. Tem uma regra e todo mundo tem que seguir. ‘Eu sou contra a reforma trabalhista, ela sendo boa ou ruim’. Quando a candidatura dela, com certeza o meu voto ela não tem. Mas esse é um julgamento do povo, da democracia. Eu não sei se ela vai ter as condições de governar, mas terá que explicar muito, porque nesses 13 anos o Brasil ficou nessa situação.

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