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Festival literário com sabor de mar

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Maria Betânia Monteiro – repórter

Seguro de que a literatura é uma manifestação artística autônoma, o escritor e produtor cultural Dácio Galvão, através da Fundação Hélio Galvão e do projeto Nação Potiguar, vai reunir importantes nomes da literatura — de abrangência local à internacional —  para juntos fazerem a segunda edição do Festival Literário de Pipa-FliPipa. Será de 18 e 20 de novembro, no trecho praiano mais agitado turisticamente e culturalmente do município de Tibau do Sul. Com patrocínio do Governo do Estado através das secretarias de Educação, Turismo e Sethas, e parcerias da região, como a prefeitura de Tibau do Sul e a Associação de donos de hoteis e restaurantes, o evento  já está cem por cento fechado, segundo informou o curador geral. O escritor moçambicano Mia Couto, os brasileiros Raimundo Carrero, João Ubaldo Ribeiro, João Gilberto Noll, Geraldo Carneiro,  Daniel Galera e o artista visual Rafael Coutinho, Frederico Pernambucano de Mello e Laurentino Gomes são os nomes já confirmados para o encontro. “Com o FLIPIPA estamos proporcionando um cenário capaz de modelar a consciência da população”, disse Dácio. Ao falar de  modulação da consciência, ele se referiu ao fato de o festival não ser algo passageiro, que chega e vai, consome o espaço, as pessoas e se despede. Diferente disso, o Flipipa desembarcou na praia de Pipa o ano passado, plantou algumas sementes na população, através da parceria com projetos sociais e está voltando com novidades. Uma delas é o resultado da parceria entre o EducaPipa, a UFRN, a Editora Universitária e a Funpec. Juntas, as instituições desenvolvem o projeto “Livro-Arte” baseado em poemas inéditos de Dorian Gray Caldas.

Durante três dias, a tenda praiana do Festival Literário da Pipa volta a abrigar diversidade de temas e autoresSe no ano passado a oficina literária foi com o premiado escritor Raimundo Carrero, este ano o convidado é o escritor, jornalista e tradutor Daniel Galera. Durante as tardes do festival, os participantes estarão imersos no universo dos contos, aprendendo a diferenciar e construir textos a partir de vários estilos de narrativa. Aprenderão ainda a construir personagens, estruturar o tempo da narrativa, definir o clímax. Os autores trabalhados são Anton Tchekhov, Sérgio Sant´Anna, Luiz Vilela, Daniel Pellizzari, Paulo Scott. Tudo, claro, com um cuidado especial,  já que o alvo são os estudantes.

Pipinha literária

Uma das novidades  é a interação entre o quadrinista Luiz Elson Dantas e os professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental. A partir do tema “Histórias em quadrinhos”, Elson vai falar sobre metodologias e práticas da linguagem dos quadrinhos, além de propor uma reflexão crítica sobre suas influências culturais, seu uso na sala de aula e importância no processo de ensino aprendizagem.

Estes momentos que envolvem atividades de construção coletiva compõem a programação da Pipinha Literária, reservada para as manhãs e tardes na praia de Pipa. De acordo com a coordenadora do Pipinha Literária, Maria Lúcia de Fátima Dias, a estimativa de participação será de 20 mil alunos e mais de 600 professores do município de Tibau do Sul, Canguaretama, Vila Flor, Nísia Floresta, Barra de Cunhaú, Goianinha, Ares, Várzea. Haverá exibições e debates sobre o conteúdo de filmes nacionais de curta metragem nos gêneros de animação, documentário e ficção. Todos os textos trabalhados nas  salas da escola Vicência Castelo será de autores locais ou que participam do Festival Literário.

Seguindo a proposta arrojada de eventos como o Festival Literário de Paraty, no Rio de Janeiro, é que o Flipipa foi idealizado. “Queríamos unir o potencial turístico da cidade com algo que estava faltando na localidade”, explicou Dácio. Diferente das feiras de livro, que se fecham no processo mercadológico de produção, circulação e venda, o Flipipa promove uma transformação social, a partir da congruência de saberes e pessoas.

Assim como o ano passado, o festival conta com o apoio das associações de hotéis, que disponibilizou 62 leitos para os convidados, além da prefeitura de Tibau do Sul e do Governo do Estado.  Segundo Dácio, outros parceiros também foram importantes para a concepção do evento, como livraria Siciliano, Companhia das Letras, InterTV Cabugi, Sebrae, UFRN, Sebo Vermelho,  Sesc, Senac, Fecomércio, AmaPipa e EducaPipa.

Debates e embates literários

A noite do Festival Literário da Pipa fica por conta daquilo que Dácio Galvão chamou de debates e dmbates literários. Os convidados serão distribuídos em 10 mesas. Segundo o produtor cultural, todas elas têm a mesma característica, a de iniciar a discussão refletindo sobre o particular, o local até chegar ao abrangente, ao universal.

Será assim com a mesa composta pelo escritor moçambicano Mia Couto. Durante o debate motivado pelo tema “O Brasil que existe em nós”, o escritor fala sobre o quanto a África tem do Brasil, o quanto o Brasil tem da África e de seus próprios escritos, permitindo ainda a reflexão sobre a influência da língua portuguesa nestes encontros de cultura.

Os autores foram convidados para falar sobre o geral e o particular geograficamente e também tecnicamente. “Um debate que começa com quadrinhos pode desembocar na literatura. Nenhum nome foi pensado despropositadamente”, disse Dácio.

A diversidade de temas e de metodologia empregada para colocá-los na roda de debates, segundo Dácio não desvirtua o propósito do encontro, pelo contrário, reafirma. Pois “é na diversidade que se encontra os rumos dos textos literários por excelência”, explica o produtor cultural.

Mesas literárias

Numa breve listagem das mesas, o curador informou que dia 18 estarão em Pipa: os autores da novela gráfica ‘Cachalote’, Daniel Galera (SP) e Rafael Coutinho (SP), com mediação do jornalista Alex de Souza;  Mia Couto (Moçambique) e a professora da UnP Conceição Flores (Portugal/RN); para falar sobre a obra ‘1822’ estará Laurentino Gomes (PR) e Raimundo Pereira Arrais (PE/RN). Na sexta-feira 19, participam da mesa ‘Tradição e modernidade em Gizinha, de Polycarpo Feitosa” os professores Tarcísio Gurgel  e Nivaldete Ferreira; em seguida João Ubaldo Ribeiro (BA) e Geraldo Carneiro (MG), com mediação do jornalista Woden Madruga  e o tema “strelas de Couro: A Estética do Cangaço”, com o escritor Frederico Pernambucano de Mello (PE), Sérgio Dantas (RN) e Clotilde Tavares (PB)).

No sábado 20, a programação abre com um bate-papo sobre jornalismo e cultura nas redes sociais, reunindo Dirceu Simabucuru, Laurita Arruda, Yuno Silva e Carlos Cavalcante (Carito). Em seguida, o tema Luiz da Câmara Cascudo: por uma fortuna crítica preservada, com Durval Muniz (PE),  Moacy Cirne (RN) e Vânia Gicco (RN), tendo como mediador o jornalista Carlos Magno Araújo. Às 19h30 estarão na tenda o premiado escritor gaúcho João Gilberto Noll e Ilza Matias Sousa (RN). A programação termina com ‘Minha alma é irmã de Deus’: uma nova narrativa, com o premiado Raimundo Carrero (PE) e como debatedor o jornalista Carlos Peixoto, diretor de redação desta TRIBUNA DO NORTE.

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