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FHC critica Lula por trocar trabalho pelo escândalo

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TUCANOS - Fernando Henrique afirma que PSDB não é elitista e aumenta tom das críticas ao governo federal

Brasília (AE) – O encerramento do 3º Congresso Nacional do Partido da social Democracia Brasileira (PSDB) foi marcado ontem por críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela cobrança de unidade partidária para que os tucanos voltem a assumir o Palácio do Planalto em 2011. A exemplo da véspera, coube ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso o discurso mais contundente. Ele lamentou o fato de seu sucessor ter escolhido o caminho dos escândalos em detrimento do “trabalho e do estudo” e refutou a tese de que o PSDB é o partido das elites.

“Somos gente que estuda e trabalha porque sem estudo e trabalho não se muda o Brasil. Há sim acadêmicos entre nós, há sim gente que sabe falar mais de uma língua. Mas falamos bem a nossa língua, falamos bem, direito”, afirmou o ex-presidente. “Pensam que podem nos taxar de elite, mas faremos o possível e o impossível para que falem a nossa língua bem; não sejam brasileiros liderados por alguém (Lula) que despreza a educação. A começar pela própria”, prosseguiu Fernando Henrique.

O ex-presidente afirmou que o PSDB não é um partido de elite e que não são apenas os ricos que votam na legenda. “Nunca vi no povo o preconceito contra quem estuda. É o preconceito de uma elitezinha apressada que se aboletou no poder e agora quer aboletar os bolsos com o dinheiro do poder”, afirmou. “O PSDB pode governar porque sabe governar, não é só fazer demagogia, não é só ter votos, mas saber o que fazer com os votos.”

Em discurso de 18 minutos, Fernando Henrique destacou a capacidade administrativa de seus quadros e disse que Lula não seguiu o que prometera a ele na transmissão do cargo em janeiro de 2003, logo depois de acompanhá-lo ao elevador na saída do Planalto. O ex-presidente contou que Lula lhe disse: “Você deixa aqui um amigo”. Infelizmente, disse Fernando Henrique, depois da transição democrática que fizemos “ele escolheu o caminho que terminou no valerioduto e no mensalão”.

Apostando que o próximo presidente da República será do PSDB, voltou a cobrar de Lula comprometimento com a democracia e alternância de poder. “Espero que no dia 1º de janeiro de 2011 o candidato do PSDB ao se despedir do Lula diga: eu o substituo porque o senhor respeitou a Constituição, foi eleito e reeleito, e não tentou o terceiro mandato.”

Em sua fala, Fernando Henrique fez uma análise do cenário econômico internacional e advertiu que a crise na econômica norte-americana deverá respingar no Brasil. “A tempestade lá fora pode reproduzir um chuvisco aqui. Talvez a época das vacas gordas esteja para desaparecer. Mas não temos medo pois já governamos em épocas de vacas magérrimas”, afirmou.

Ao chegar à convenção, Fernando Henrique alertou que o atual governo desperdiçou tempo com “bazófias”. “Tudo que está aí posto foi feito no meu governo, do Itamar Franco e do José Sarney também. E o Lula pensa que é o Pedro Álvares Cabral e descobriu o Brasil.” O ex-presidente ainda salientou que Lula não soube aproveitar a “herança bendita” deixada por sua gestão.

Tucanos abraçam oposição mais firme ao governo

Brasília (AE) – Os tucanos devem reforçar as conversas internas para tentar interromper qualquer tipo de ação que leve ao terceiro mandato presidencial. Essa preocupação foi a tônica do jantar que reuniu na quinta-feira os principais líderes do PSDB. O temor parte sobretudo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, José Serra. “Há uma convicção de que esse movimento é crescente”, afirmou um dos participantes do encontro.

A principal ação será no Congresso, adotando uma oposição mais firme ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo, formado por Fernando Henrique, Serra, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, o senador Sérgio Guerra (PE), que ontem assumiu a presidência do partido, o senador Tasso Jereissati (CE), e o líder da legenda no Senado, Arthur Virgílio (AM), pensou em fazer uma nota para expressar a posição contrária à mudança de regras eleitorais pela atual gestão.

Mas, entenderam ao fim, que isso só ajudaria a reforçar o debate no PT, dando mais visibilidade ao assunto. Menos apreensivos que o ex-presidente e o governador de São Paulo estavam Aécio e Guerra. Eles afirmam achar que não há espaço político para “um golpe” dessa natureza. Avaliam que Lula barraria esses movimentos por causa do passado ao lado dos setores “democráticos e progressistas”.

Aécio e Guerra entendem que o Legislativo, a mídia e o Judiciário reagiriam. Outro tema da reunião dos chefes tucanos foi a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Os governadores de São Paulo e de Minas Gerais voltaram a defender a manutenção da CPMF, com receio de represálias da administração federal. No entanto, ouviram de Guerra, Jereissati e Virgílio que agora não dá para recuar e que a bancada está firme na posição de votar contra a contribuição. “Não há dúvida de que não vamos alterar essa posição”, afirmou o senador do PSDB de Pernambuco.

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