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Figurinhas

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Dácio Galvão [ [email protected] ]

Uma resposta-poema, um poema-epistolar ou um texto mântrico do cantor terno e experimental Walter Franco ao que escrevi aqui na semana retrasada reflui numa carretilha de pensamentos. Antes sugere interseção e a não posição oriente versus ocidente. Lava o rosto e a alma com água e sal. Generosidade e solidariedade característica do humanismo que sobrecarrega seus textos. Tanto o de natureza ingênua quanto os produzidos escancaradamente transgresssores.  Na verdade remessas do que verbalmente já havia recebido via telefone quando convalescia de um procedimento cirúrgico em Sampa, e depois, me recuperando, novamente já na terra de Poty. Agora recentemente me congratulando com a figura, com seu legado artístico no ano em que completou 70 anos provocando ativações e ações culturais eis o que vem respostando.

Ao Caríssimo Poeta Dácio Galvão.
Carismodácio

Obrigado pelo texto muito
belo, belo,belo.Tenho tudo
 quanto quero.
Teu parceiro te agradece do
 fundo do coração.
Com Stent ou sem Stent
se papai está pra contente
e mamãe está pra contente,
eu também estou pra contente.
Com Stent ou sem Stent
obrigado, obrigado,
teu parceiro te agradece
do fundo do coração.
Com stent ou sem stent
teu parceiro te agradece
carísmodácio galvão.

Abraço fraterno
Walter Franco.

Walter, que conheceu o saudoso compositor da vanguarda paulista Itamar Assumpção no terreiro de candomblé – ou foi levado ao terreiro do pai do Nego Dito? – e que musicalizou a poesia Quem é? de Cid Franco, seu pai, deputado socialista cassado, psicografada por Chico Xavier. Diz os versos paterno “O outro!… Sabes quem é? / Por trás de quando se vê, / é quem nos acorda a fé / sem que se saiba com quê…” O artista nessa pulsação se renova, se nos reapresenta e reafirma nas múltiplas personas.  Outras influências, ela anunciara ao jornalista Gonçalo Junior: vieram da convivência com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, amigos de seu pai, da leitura de seus livros, da Poesia Concreta e do Tropicalismo – “no trato com as palavras, nas tentativas de rompimento”.

Escolhendo uma duas ou três dentre a falange de máscaras em que se esconde Walter traz algo de intangível pueril transcendental reacendendo de viés os gurus Paramahansa Yogananda; Sri Maharishi mediador na meditação dos Beatles e o sitarista Ravi Shankar, fazedor da música do mundo no Concerto para Bangladesh projeto dividido com George Harrison. Ao que se sabe Shankar curtiu a tradução de uma das músicas de Franco. Adiante o paulistano reverberava o mote: foi teu mestre quem me ensinou o animal sentimental. Grita o que não quer calar e diz ‘Abra os braços, respire fundo: há um segundo, Jesus Cristo’ o carpinteiro, o Jesus de Nazaré. Por todos nós, por tudo isso. E vai reverenciando lideres espirituais cantando Hari om, Govinda /Jay guru / om nama. Pena de pavão de Krishna. Do pavão misterioso, pássaro habitando também nosso sertão formoso. Centelha o traço contracultural no receptivo do poeta anarquista Allen Ginsberg, em solo americano quando da entrega do buquê de flores a Bhaktivedanta Swami Prabhupãda. É por aí a cena maravilhosa. Revolvendo, escarificando. Transversalizando o mundo pop espiritual. Como Luis Carlos Maciel sacou no Brasil e destilou no livro A Nova Consciência. Uma das bíblias aqui de Miguel Cirilo.
PS – Sabedor que o amigo Zeca Melo curte Walter Franco compartilho o ato que não é falho! Puramente intencional.

Walter Rosciano Franco revelou na linha criativa do experimentar o experimental, para Júnior, como compôs a polêmica composição Cabeça. ‘No contato com Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Tom Zé e Caetano, eles vieram com aconchego. Lembro do encontro na casa de Tom Zé, em Pinheiros, todos se mostraram surpresos como eu havia gravado. Queriam saber como cheguei àquelas ‘soluções’, se eu tinha ouvido Jonh Cage, e eu disse que não, era tudo intuitivo.’ Esse em 3×4 o nosso particularíssimo Walter Franco que parece o Brazil antimidiático quer redescobrir.

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