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Finlândia lidera ensino de excelência

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EDUCAÇÃO - Governo brasileiro teria de adotar medidas que obrigassem as escolas a passar por profunda reformulação

Com o título “A melhor educação do mundo”, o caderno Vida, do jornal O Estado de S. Paulo, publicou reportagem sobre as diferenças entre a educação na Finlândia e no Brasil. A reportagem, assinada pela jornalista de Renata Cafardo, começa assim: “Brasil e Finlândia já eram extremos opostos e a educação os afastou ainda mais. Frio, rico e com só 5 milhões de habitantes, o país escandinavo se tornou nos últimos anos o maior sucesso educacional do mundo. Foram sucessivos primeiros lugares na mais conceituada avaliação internacional para estudantes feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Pisa. Quente, pobre e com 35 vezes mais gente, o Brasil foi um dos últimos.”

A repórter lembra que educadores do mundo inteiro visitam a Finlândia em busca do segredo sucesso. Mas não há segredos, e sim um sistema bem gerenciado. “Na Finlândia, a educação é bancada pelo governo em todas as mais de 3.500 escolas de ensino fundamental. As raras particulares também recebem dinheiro e não cobram mensalidades. Livros, transporte e refeições são gratuitos, independentemente da classe social. A criança entra obrigatoriamente aos 7 anos na escola e sai aos 19. Só 5% não continuam os estudos e ficam longe das universidades, todas públicas também. No Brasil, nem 40% dos jovens cursam o ensino médio; e só cerca de 10% fazem o ensino superior.”

Na viagem à Finlândia, Renata Cafardo encontrou por lá a secretária municipal de Educação de Natal, Justina Iva, que tinha ido conhecer a experiência vitoriosa do ensino no Norte da Europa. “No Brasil, as pessoas reclamam que a escola não tem quadra coberta, laboratório. Não vi isso na Finlândia. O que há são salas de aula acolhedoras, em que os alunos se sentem bem”, resume a secretária Justina Iva.

É comum escolas públicas finlandesas ganharem prêmios de arquitetura. A Metsola tem salas amplas, muitas janelas, um projeto que se integra à natureza e até móveis de design consagrado. Nas classes, há sofás, instrumentos musicais, computador, livros e outros materiais, todos à mão.

A professora de inglês Eeva Sallamaa fica sem jeito em falar de salário. Revela que existem insatisfações, mas faz 20 anos que não há greves na educação no país. O governo informa que um professor em início de carreira ganha 2.500 (R$ 6.300), 25 vezes mais que o menor salário dado a um professor no Brasil. As remunerações mais altas passam de 6 mil. Na Finlândia, para entrar numa sala de aula é preciso ter título de mestre. É raro um aluno que repete de ano. O sistema finlandês é a progressão continuada, tão criticada no Brasil. E o que fazer com as crianças que não aprendem? As que têm mais dificuldade recebem aulas especiais, respondem as professoras.

“Alfabetizar uma criança antes dos sete anos é crime”

Alfabetizar uma criança antes dos sete anos de idade é o sonho de todos os pais, exigência do sistema educacional brasileiro, prova da capacidade intelectual de quem está dando os primeiros passos na vida, perspectivas de um futuro melhor. Esse pelo menos é o conceito da moderna educação. Mas há controvérsias. O professor aposentado de Ciência da Computação da Universidade de São Paulo, Valdemar Seltzer, é contra essa prática, considerada por ele “um crime” porque queima etapas do aprendizado e perturba a capacidade de pensar da criança.” Outra posição polêmica: ele é contra a eleição direta para diretor de escolas, prática considera uma grande conquista pelos educadores do Rio Grande do Norte.

Numa entrevista à rádio CBN, o professor explicou sua posição e comentou também o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado na quarta-feira, que coloca o Brasil no 52º lugar numa lista de 57 países onde foi avaliado o grau de aprendizado dos alunos em ciências, matemática e leitura.

Por que será que as crianças brasileiras estão tão ruins em matemática?
Valdemar Seltzer – O problema não é só em matemática, mas também em leitura e em ciências. É uma calamidade o ensino público, que eu chamo de ensino estatal no Brasil. Eu sugiro três soluções para isso. A primeira é o aumento drástico dos salários dos professores. É preciso quadruplicar os salários. Tenho dito que os professores de escolas públicas ou não sabem fazer mais nada ou não há mais nada a fazer em sua região.

O professor de matemática sabe o suficiente para ensinar matemática?
Se sabe, não tem interesse em ensinar. Aí caímos no segundo ponto de minha sugestão que é a gestão escolar. Recentemente estive com uma estudante de 17 anos do terceiro ano colegial e um estudante de 14 anos de uma cidade do interior de São Paulo. E os dois não sabiam tabuada. O rapaz me disse que este ano teve apenas duas aulas de português. E por que o professor falta?

Por quê?
Problemas de gestão. O diretor, que é eleito pelos professores, promete que não vai amolar a paciência deles e eles podem faltar à vontade.

A responsabilidade pelos alunos que vão mal, não é do aluno?
Claro que não. Não se pode culpar o aluno de maneira nenhuma. Quando o aluno vai mal é porque o professor não soube entusiasmar o aluno. E não se pode culpar os pais.

Então a responsabilidade é da escola e dos professores?
Completamente da escola porque temos uma tragédia sem tamanho neste País. Os pais pensam que os filhos estão se preparando, mas eles não estão aprendendo nada.

E qual é o terceiro ponto para reverter esse quadro de calamidade que o senhor falou?
O terceiro é um sistema de avaliação contínua do rendimento dos professores por meio de testes de seus alunos. Só assim vamos descobrir se os professores estão rendendo ou não.

Por que matemática está pior que qualquer coisa?
A matemática exige um desenvolvimento da capacidade intelectual. Pra ler não é preciso ter uma grande capacidade de pensar. Vou citar um exemplo. Eu pedi a esse aluno de 14 anos para dizer o que é um centímetro quadrado. Ele não sabia. Eu disse o que era. Ele escreveu no caderno. Aí perguntei: o que é um metro quadrado? Ele não foi capaz de fazer a transposição de centímetro para metro. Era só repetir. Mas ele não tem capacidade intelectual. Ele não consegue pensar.

A Finlândia está em primeiro lugar no ranking…
Na Finlândia, as crianças começam a aprender a ler aos sete anos. É um crime querer que uma criança aprenda a ler antes dos sete anos porque perturba a capacidade de pensar, de imaginação. Mas essa é outra história.

 

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