Devido ao acidente ocorrido em São Paulo em julho – quando quase 200 pessoas morreram no aeroporto de Congonhas – todos os terminais do país passarão por inspeções periódicas, numa ação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea). A inspeção chamada Fiscalização Preventiva Integrada (FIP) começa em Natal a partir de hoje, às 9h no aeroporto internacional Augusto Severo, numa vistoria que inclui instalações físicas, aeronaves e demais equipamentos de manutenção.
O procedimento em Natal será coordenado pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea RN) com apoio do Corpo de Bombeiros Militar, Instituto Brasileiro de Arquitetura e a Vigilância Sanitária.
Segundo o superintendente da Infraero em Natal, José Daniel Sobrinho, a fiscalização será feita somente na parte da infra-estrutura, pois a manutenção das aeronaves é feita pela Agência Nacional de Aviação (Anac). “Na realidade, a fiscalização acontecerá na pista, que está em dia e não tem nenhuma obra sendo feita hoje. Como a manutenção das aeronaves é feita pela Anac, provavelmente não terá nenhuma verificação. Quanto à infra-estrutura, estamos fazendo as devidas manutenções”, disse o superintendente.
Segundo ele, são gastos anualmente R$ 2 milhões para manter o funcionamento perfeito do aeroporto Augusto Severo. Mas, até ontem, o ar condicionado central encontrava-se quebrado, assim como a escada rolante de descida e também dois monitores.
Uma funcionária da companhia GOL, que não quis se identificar, disse à TRIBUNA DO NORTE que os passageiros reclamam com freqüência da informação desencontrada nos monitores. “Todos os dias é esse mesmo dilema, a gente tem um horário de chegada e partida dos vôos e o monitor mostra outro completamente diferente”, diz.
Além da informação errada, dois dos 24 monitores estão sem funcionar no aeroporto. O superintendente disse que esse problema não tem como existir, porque todos os monitores são programados de acordo com as informações instantâneas. “Passageiro gosta de reclamar, a gente tenta fazer tudo dentro dos conformes para não dar margem aos erros”.
Um dos últimos problemas do aeroporto foi a interdição das balanças pelo Instituto de Pesos e Medidas do RN (Ipem RN) de todos os guichês porque não estavam dentro dos padrões estabelecidos pelo Inmetro, podendo ocasionar erros na medição. “Nós interditamos, mas as balanças já estão sendo trocadas dentro do prazo que seria até o próximo sábado”, disse o fiscal do Ipem RN José Teixeira, que estava no terminal ontem, checando a recolocação das balanças.
Entre os usuários, nada está bem. “Está uma vergonha isso aqui. Há 20 anos que moro em Natal e nunca vi isso acontecer. Está um calor insuportável e uma desorganização que não pode mais existir”, Juraci Lira, estilista e passageira.
Terminal não oferece conforto
Calor, ausência de certeza nos monitores que anunciam os vôos e desconforto estão entre os relatos dos passageiros. O ar condicionado central está com os compressores quebrados há pelo menos quatro meses, a escada rolante de descida está em obras, causando transtorno para os passageiros e os monitores que indicam os vôos erram os horários com freqüência.
A estilista Juraci Lira, que estava indo para a Europa diz não se conformar com as condições do aeroporto. “Está uma vergonha isso aqui. Há 20 anos que moro em Natal e nunca vi isso acontecer. Está um calor insuportável e uma desorganização que não pode mais existir”, disse a estilista acrescentando que essa é a pior fase do aeroporto.
Para uma agente de viagem, que não quis se identificar, o problema dos monitores e o calor estão freqüentes. “Eu já reclamei até para a governadora Wilma de Faria numa recente passagem dela por aqui. Eu vejo muita coisa errada, mas não podemos falar. Não é permitida a entrada de animais e eles entram todos os dias, o calor é insuportável, o horário dos vôos ficam errados nos monitores e além disso a Infraero fica passando auto propaganda a toda hora por muitos minutos. Isso é um absurdo e todo mundo reclama”, finaliza.
Segundo o superintendente da Infraero, o problema do ar condicionado está sendo resolvido através de licitação. “Acredito que em dois meses o ar voltará a funcionar com todo seu potencial”, assegurou José Daniel Sobrinho.
Terminal terá R$ 6,3 milhões para novas obras
A governadora Wilma de Faria teve ontem um encontro com presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, e garantiu a liberação de R$ 6,3 milhões que serão investidos na melhoria do Aeroporto Internacional Augusto Severo. Os recursos serão utilizados para a recuperação do sistema de ar condicionado, implantação de duas novas pontes de embarque, de novas salas de desembarque e ampliação da área do check-in e estacionamento do aeroporto internacional Augusto Severo.
Wilma de Faria também esteve reunida com o diretor de Engenharia da Infraero, Severino Rezende, e “exigi providência emergencial pelo menos para a situação do ar-condicionado”, disse a governadora. Ela própria experimentou do desconforto nos horários de pico no aeroporto e frisou que o terminal não dispõe mais de estrutura que comporte o movimento dos mais de dois milhões de turistas que, anualmente, visitam o estado. “Um aeroporto que recebe um fluxo de turistas como esse tem que oferecer um mínimo de conforto a quem chega”, enfatizou. Ela adiantou que a concorrência para a escolha da empresa que vai executar os serviços será aberta em dezembro, mas a obra só deverá ser iniciada em março, com previsão de término para junho de 2008.
