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Fita mostra que invasores usaram tática de guerrilha

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INVESTIGAÇÃO - Membros do MLST são transferidos para um presídio Brasília (AE) – Uma fita de vídeo apreendida ontem pela polícia legislativa do Congresso Nacional não deixa dúvidas: a invasão da Câmara pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) foi cuidadosamente planejada e premeditada. As imagens em poder dos investigadores sugerem táticas de guerrilha. No vídeo amador, feito pelo próprio MLST, líderes do movimento se referem, em duas reuniões feitas na segunda-feira, ao Salão Verde da Câmara como salão de “baile” e de “festa”. Os militantes tratam ainda a ocupação da Câmara como a “festa”, usando senhas próprias dos movimentos clandestinos.

Em nenhum momento da 1h20 minutos de gravação, os militantes do MLST se mostram preocupados com retaliações ou prisão pela invasão de prédio público. Pelo contrário: chegam a dizer que, uma vez dentro da Câmara, só sairão “quando e como quiserem”. Bruno Maranhão, coordenador do Movimento e da invasão ao Congresso, não aparece na fita de vídeo, que será usada como prova no inquérito contra os cerca de 500 manifestantes que invadiram e depredaram dependências da Câmara.

Nas reuniões preparatórias que antecederam a invasão, Antonio José Arruti Baqueiro, um dos líderes do MLST, dá o tom da ocupação. “Vamos dizer para o Brasil que tipo de reforma agrária queremos. Vamos dizer o que essa corja do PFL e do PSDB está fazendo nesse Congresso, quando deixou de votar o Orçamento da União achando que estava prejudicando o Lula. E o Lula continua aí tranqüilo, com 63%. Parece cavalo de 7 de setembro: vai cagando e andando e os outros olhando”, diz Arruti para uma platéia de cerca de 50 militantes do MLST.

As gravações das reuniões de dirigentes do MLST com o detalhamentos dos planos de invasão foram feitas na segunda-feira, dia 5. Os líderes do movimento evitam falar em “ocupação” ou “invasão”, preferem usar códigos. Na primeira reunião, pela manhã, no auditório da Contag, em Brasília, os militantes ouvem de Arruti as instruções de como entrar na Câmara e passar pela segurança, sem chamar atenção. 

O líder alerta que o grupo tem de ir bem vestido e de terno. No vídeo, Arruti destaca que os militantes que vão participar da invasão da Câmara foram escolhidos a dedo nos Estados. “São companheiros que tem capacidade para fazer essa tarefa. O importante é que sintam que somos organizados e um movimento que sabe o que quer, que tem coragem de ir lá e dar o recado”, afirma Arruti.

Nas reuniões, o líder do MLST conta que está há 15 dias em Brasília e que foi praticamente todos os dias à Câmara. Dados fornecidos pelo Departamento de Polícia Legislativa do Congresso mostram que Arruti compareceu 11 vezes à Câmara, entre 24 de maio e a última segunda-feira.

Autores das agressões negam ação planejada

Brasília (AE) –  Os participantes do quebra-quebra promovido na Câmara por manifestantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) negam que tenham participado de uma ação planejada. Nos depoimentos tomados até o momento, todos alegaram que planejavam participar de uma manifestação pacífica e que teriam reagido a uma suposta ação violenta da Polícia Legislativa da Câmara. A informação é do delegado-chefe da 2.ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, em Brasília, Antônio Coelho, que participou das autuações e tomou depoimentos dos acusados em conjunto com a Polícia Legislativa.

O coordenador do MSLT Bruno Maranhão declarou à polícia que não estava presente no momento da depredação e que, quando chegou, tentou acalmar os ânimos. Há casos extremos, como o da manifestante Franciele Denísia Assêncio, que foi filmada quebrando equipamentos da Câmara. Ela negou ter participado de qualquer depredação, mesmo depois de assistir às imagens.

Mas, segundo o delegado, a exemplo do caso de Franciele, as filmagens do circuito interno da Câmara mostram que foi dos manifestantes a iniciativa de partir para o confronto. Maranhão e outros dois líderes do movimento – David Pereira da Silva e Arildo Joel da Silva- também responderão pelo crime de tentativa de homicídio. Os três foram responsabilizados por agressões a integrantes da Polícia Legislativa. Arildo é acusado de ter atingido com uma pedra a cabeça do coordenador de Logística do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara.

Alckmin pede investigação sobre verbas

Brasília (AE) – O pré-candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo  Alckmin, condenou  a invasão da Câmara, promovida na terça-feira por integrantes  do Movimento de Libertação dos Sem-Terra e procurou desvincular o episódio de  movimentos sociais, afirmando que “isso foi um movimento instrumentalizado politicamente  pelo PT”. 

Alckmin sustentou que deve ser investigado se neste MLST há uso de  dinheiro público. “É necessário investigar se eles estão recebendo dinheiro  público”, afirmou. “Isso não é movimento social, é até injusto com os investimentos  sociais. Tem que ser duramente corrigido e condenado.”

Alckmin voltou a responsabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por  ocorrências dessa natureza, afirmando que o governo federal tem assumido uma  posição dúbia em relação a esses movimentos. “É importante distinguir o movimento  social e o instrumentalizado sob o ponto de vista político”, afirmou. “O líder  da invasão é do PT e não tem nada de movimento social”, disse Alckmin, referindo-se  a Bruno Maranhão, membro da executiva nacional do PT.

Ao chegar ao Hotel Blue  Tree, onde proferiu palestra, Alckmin se encontrou com o presidente da Câmara,  deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que estava saindo, e conversou rapidamente com ele.

Militante é afastado da executiva nacional do PT

Brasília (AE) –  O PT decidiu ontem afastar da executiva nacional o secretário  nacional de Movimentos Populares, Bruno Maranhão, líder do Movimento de Libertação  dos Sem-Terra (MLST), que ontem (06) foi acusado de ter comandado a invasão  e o apedrejamento da Câmara. Maranhão perdeu o cargo de secretário e será submetido  à Comissão de Ética. A tendência é que seja expulso do partido em prazo recorde. “Tomamos essa decisão pela potencial lesão à imagem do PT e para deixar claro  à sociedade a nossa postura em relação a esses atos de vandalismo”, afirmou  o presidente nacional da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP).

Com um olho no desgaste político provocado pela participação do dirigente petista Bruno Maranhão no quebra-quebra e em atos de violência na Câmara dos Deputados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também condenou ontem o vandalismo praticado pelos integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). Assessores do Palácio do Planalto informaram que Lula estuda a possibilidade de convocar cadeia nacional de rádio e televisão para condenar a violência contra a Câmara.

Lula aproveitou cerimônia da qual participaram mais de uma centena de representantes do meio artístico para dizer que os sem-terra pagarão pelo que fizeram. “O que vimos não foi um movimento de democracia, mas uma cena de vandalismo. As pessoas perderam o limite de responsabilidade no trato da coisa pública, os limites impostos pela democracia”, disse Lula. Foi aplaudido. “Muitos de vocês que acompanham a minha vida sabem que eu nasci do movimento social. Eu fiz as greves que tinham que ser feitas neste País”, disse o presidente. Em seguida, afirmou que fez passeatas para conquistar a democracia.

Prejuízo é calculado em R$ 150 mil

São Paulo (AE) – A primeira estimativa divulgada ontem pela Diretoria-Geral da Câmara aponta que o danos materiais provocados pela invasão do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), terça-feira, somaram R$ 150 mil. Esse montante inclui o prejuízo da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade), que teve um veículo de R$ 20 mil destruído, segundo a Agência Câmara. Não estão contabilizadas, entretanto, as despesas que a Casa terá com mão-de-obra para recompor o patrimônio danificado.

Os manifestantes destruíram quatro terminais de auto-atendimento, cujo custo unitário é de R$ 15 mil, e três microcomputadores, cada um avaliado em R$ 2.800,00.

Foram quebradas portas de vidro blindex, que custaram em R$ 4.200,00 no total.

Também foram inutilizadas duas câmeras filmadoras de 350 reais e um monitor de vídeo, de 700 reais. O ataque danificou objetos de uma exposição do Núcleo de Gestão Ambiental da Câmara (EcoCâmara), com prejuízos avaliados em R$ 6 mil.

Além disso, houve danos a um busto do governador de São Paulo Mário Covas (R$ 1.500,00); a painéis de madeira (900 reais); ao forro de gesso que ornamenta o teto do edifício (150 reais), e em ferragens (50 reais), de acordo com a Agência Câmara.

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