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Flancos

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Dácio Galvão
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O desenho eleitoral está nítido. Não estimula, é insosso. A maioria da população votante está escabreada. Não demonstra entusiasmo algum. Depois dos escândalos dos desvios de recursos as aveias abertas do Brasil purgaram sangue a tal ponto que o nacionalismo passou a ser a bandeira ameaçadora da democracia. A já frustrada renovação do congresso nacional antecipa que as chamadas mudanças dificilmente ocorrerão. Tem candidato a presidência da república que se coloca numa posição de abstenção para a negociação do toma lá, dá cá, com deputados e senadores.  O entendimento deverá ser em cima do critério instituição. Melhor dizendo a instituição Brasil. O interesse dentro do consensual. Em português claro, priorizando e acreditando na adesão aos projetos reformistas para melhorar o desempenho econômico e por consequência a geração de emprego e renda. Dignificar o cidadão com empregabilidade.  

Ainda: tem candidato que aposta na desconstrução da via política. Tira proveito na descrença da população e manipula a revolta de segmentos e extratos sociais despolitizados canalizando-os para a não-política. O novo aparente. Aquele que se reveste de cordeiro e salvaguarda suas reais presas de lobo das estepes. Apregoa  abocanhar a corrupção, morder o comunismo, rosnar contra o socialismo e… A história do nacionalismo sabemos no saldo fascista que pode resultar.

Evidente que existe homens sérios na atividade política. Cada vez, menos, é verdade. Quando a esquerda galgou recentemente o poder e pregou a expectativa de transformação ética com programas sociais importantes ao mesmo tempo em que articulava equivocadamente o balcão de negócios com o congresso e com o conglomerado de cinco ou seis grandes empreiteiras ruía por terra o sonho reformista. Os conservadores vibraram. Raposa no galinheiro. Foi o início da derrocada de uma geração que tanto lutara pela democracia. E aí? Assistimos a jogos pesadíssimos: o do impeachment, das sessões do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Superior Tribunal Eleitoral, dos interrogatórios nos Ministérios Públicos, clipes globais de doleiros, executivos… Devassa geral. No centro: o deus-dinheiro. O jogo duplo triplo, quádruplo e espúrio do poder que corrompe. Ou seja, a tal politização do judiciário e a criminalização da política. Ora! Se a política é protagonista da história? Então, por hora, estamos ferrados. Provavelmente sem saída honrosa. Saída capenga e relativa é o que resta. Lamentavelmente o atual processo histórico por suas lideranças, busca o crivo manipulador do populismo e da demagogia. Lado a lado. Direita, centro e esquerda.  O antagônico nunca esteve tão próximo em seus discursos. Numa diaética absolutamente indesejável. Os analistas políticos se desdobram para delimitar o limiar de ações programáticas advindas dos partidos que já não tinham ou perderam a cara, as feições. É difícil, pois ficaram enrugados, decrépitos por ações e não por cronologia. Agora desmascarados, são massacrados por atitudes indevidas por parte da classe média desalentada. Os votos úteis, nulos em brancos são grandes incógnitas.

Não tem muito que fazer. Os resultados dessas eleições não devem oferecer perspectiva de vanguarda política como o Brasil merece. Sinceramente. Entretanto, vamos sacando e olhando os flancos abertos. Os rombos. Os roubos. Descontrole nos gastos. A massa trabalhadora sacaneada. O oligopólio dos bancos privados. Os lucros. O culto personificado como estratégia. O país único. De formação étnica complexa e de disparidades regionais abismáticas. Difícil. Em tempos de retrocessos vamos ralar andar a pé, nos cascos. Digo andar pelos nos flancos! Os flancos que os oportunistas estão ocupando. Pois as massas continuam massas exploradas sem chance de compor um produtivismo inclusivo como acentua o filósofo Mangabeira Unger.

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