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Flipipa: sol, mar e livros

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Yuno Silva – Repórter

A cosmopolita praia da Pipa, em Tibau do Sul, conhecida por suas belezas naturais, badalação e o clima de paraíso tropical que atrai visitantes de todos os ‘naipes’, se transforma em destino certeiro para interessados em literatura e boas histórias. De hoje até o próximo sábado (24), aquele trecho do litoral Sul potiguar abriga a quarta edição do Festival Literário da Pipa, que este ano continua na trilha do Modernismo e da literatura de ficção, e também joga seus holofotes para Jorge Amado, Ferreira Itajubá, Cascudo, Luiz Gonzaga. A programação, eclética e gratuita, traz nomes conhecidos do grande público como Zuenir Ventura, Sérgio Sant’Anna, Joyce Pascowich, Nelson Xavier, Antônio Cícero e Luís Fernando Veríssimo, Reinaldo Moraes, e a nova geração de escritores como Tatiana Salem Levy e J. P. Cuenca. Ao todo serão doze mesas de debates, concentradas no fim da tarde para a noite, além de uma série de atividades paralelas como lançamentos de livros, oficinas literárias, biblioteca itinerante, caminhadas, shows e exibição de filmes (confira a programação em www.flipipa.org).
Tenda literária é o espaço principal do Flipipa, e recebe público diário para quatro debates por noite. Este ano, o cenário será em homenagem a Newton Navarro, que terá suas obras reproduzidas em painéis
Como de praxe, os potiguares também marcam presença com Tácito Costa, Henrique Fontes,  Lívio Oliveira, Vicente Serejo, Carmem Vasconcelos, Napoleão Souza, Eliana Lima, Woden Madruga, Mario Ivo Cavalcanti, Cassiano Arruda, entre outros.

Com um formato consolidado, que privilegia convidados e atrações inéditas, a novidade do Flipipa 2012 diz respeito ao local onde a estrutura será montada. Em uma área mais ampla, o epicentro da programação acontece no estacionamento do Pipa Park, localizado na av. Baia dos Golfinho, logo na entrada da localidade. E como forma de nortear o roteiro de quem irá acompanhar as atividades do festival literário, a TRIBUNA DO NORTE traça um panorama diário dos debates principais que ocuparão a Tenda Literária:

QUINTA: Modernismo e jornalismo 

Após a apresentação da Orquestra do Solar Bela Vista, que dará as boas vindas ao público a partir das 17h, entre em cena um debate em torno do “Modernismo na poética de Câmara Cascudo”. O assunto será abordado pelos professores potiguares José Luiz Ferreira, Humberto Hermenegildo e Maria Suely da Costa, mais o pernambucano Neroaldo Pontes de Azevedo. A intenção do quarteto é evidenciar os elos que unem o lado poético, e pouco conhecido, de Cascudo com o Movimento Modernista que tanto influenciou a produção artística brasileira nas décadas de 1920 e 30 – e que ainda hoje serve como referência.

Antonio CíceroO assunto “Modernismo” continua em pauta na conversa entre o poeta, compositor e ensaísta carioca Antônio Cícero e o professor natalense Carlos Braga, na mesa intitulada “Modernismo e modernidade em Carlos Drummond de Andrade”.

Em seguida, para descontrair o ambiente, os jornalistas Joyce Pascowitch, Tácito Costa e Eliana Lima revelam detalhes de como se dá o processo para se chegar até uma informação, muitas vezes exclusiva, no debate “Jornalismo, cultura e sociedade: nos bastidores da notícia”. “Acredito que o tema irá despertar curiosidade e interesse do público”, aposta Tácito Costa, que fará o papel de mediador. “Como são duas jornalistas voltadas para celebridades, e ambas mantém relações estreitas com o poder, teremos uma ideia de como as coisas funcionam nos bastidores e como é o processo de produção de reportagens”. Tácito adianta que o papo poderá entrar em questões como privacidade e o papel das redes sóciais – e da própria internet – interagem com o jornalismo impresso.

A primeira noite encerra com um papo entre Woden Madruga e Zuenir Ventura, que irão tratar de “Ficção e memória”. “Vou esperar o papo dele (Zuenir) para saber qual será o caminho da conversa”, disse Madruga, que pretende deixar “um pouco de lado o Zuenir escritor para falar mais do Zuenir repórter”. Woden quer ressaltar a visão do jornalista a respeito do quadro político atual. O tema da mesa também passa pela recente obra do autor: “Eu li agora o Sagrada Família e gostei. Acho que tem 90% de realidade e 10% de ficção, vamos levantar esse assunto. Minha intervenção vai ser a melhor possível acredito que o público está pé interessado no papo do Zuenir”, disse Madruga.

SEXTA: De experimentos e irreverência

A programação de sexta-feira (23) começa musical, com performance do Coral do Solar Bela Vista, seguido de um debate sobre o poeta Ferreira Itajubá (1877-1912) protagonizado pelo escritor Lívio Oliveira e a pesquisadora Mayara Costa. “O assunto tem um grande significado, pois reaviva a memória em torno de um grande poeta potiguar que marcou seu tempo”, enumerou Oliveira. Poeta, trovador e menestrel, Itajubá circulou pela Ribeira de violão em punho, cantarolando as belezas das mulheres e da paisagem natalense do início do século 20.

“Quero provocar um debate informal, que mantenha o humanismo do poeta, uma pessoa especial que viveu uma vida muito curta (35 anos) e morreu praticamente como indigente”, disse Lívio, ressaltando que a grande especialista no assunto é Mayara Costa, que preparou um livro e defendeu uma dissertação de mestrado sobre o personagem, cujos poemas só foram publicados após sua morte.

O tema “Ficção, um experimento literário” é o mote da mesa que reúne a escritora portuguesa Tatiana Salem Levy, o carioca João Paulo Cuenca e a poeta potiguar Carmen Vasconcelos. Cuenca e Tatiana foram selecionados pela revista britânica “Granta” no livro “Os melhores jovens escritores brasileiros”.

Reinaldo MoraesA dupla Reinaldo Morais, de São Paulo, e o jornalista e publicitário Mário Ivo Cavalcanti conduzem o debate “À margem, na literatura brasileira”. Mário Ivo informou ao VIVER que a linha de raciocínio será “falar sobre a obra de Reinaldo” e que vai ser difícil escapar dos assuntos sexo e drogas, temas recorrentes dos livros do irreverente escritor paulista. “O horário é meio impróprio, mas não há como escapar disso”, garantiu Ivo. “O interessante é mostrar ao público que não é nada simples escrever sobre putaria com qualidade. Quem sabe desmistificamos esse pensamento”, arrisca o potiguar.

O escritor Sérgio Sant’Anna, do Rio de Janeiro, e o jovem autor paulista Rafael Gallo, fecham a sexta-feira com o tema “Narrativas de amor e arte”. Sant’Anna aproveita a ocasião para lançar os recentes “O livro de Praga” (2011) e “Páginas sem Glória” (2012).

SÁBADO: Gonzagão, Jorge Amado e crônicas

A já tradicional Caminhada Literária abre a programação oficial do Flipipa no sábado, às 16h, que segue por 3km da Av. Baia dos Golfinhos até o Spa da Alma.  Enquanto a caminhada segue seu destino, o grupo Clowns de Shakespeare encena o espetáculo “Sua Incelença, Ricardo III”, na área externa da Tenda Literária, às 16h30, pouco antes do debate “Luiz Gonzaga, uma poética musical”, com o artista plástico e escritor Bené Fonteles, o pesquisador pernambucano Paulo Vanderley e o potiguar Marcos Lopes, do Museu do Vaqueiro.

#saibamais#O teatro e a literatura também se encontram em “A dramaturgia no universo de Jorge Amado”, debate com o ator Nelson Xavier, o ator Henrique Fontes e o jornalista Vicente Serejo. “Vou fazer o meio de campo da conversa, mas como bom sessentão sou leitor de Jorge Amado e fã de Sônia Braga”, disse Serejo, numa clara alusão ao romance Gabriela. Para o jornalista, Jorge Amado foi “desenhista da sociedade brasileira” e adiantou que seu papel será de “estimular o público e deixar o jogo correr”.

Ana Miranda e Napoleão Paiva Souza participam da mesa “Romance, história e poesia”; já Luís Fernando Veríssimo, acompanhado do jornalista Cassiano Arruda Câmara, fecha a programação do Flipipa 2012 com um painel sobre a própria obra e trajetória do escritor e cronista gaúcho.

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