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Fogueira das gravidades

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Alex Medeiros
O causo circula no anedotário popular do País inteiro, mudando o cenário municipal de acordo com o território estadual onde a mesa dos contadores esteja posta. Da minha meninice pra cá, desde as rodas de esquina passando por corredores da universidade, já ouvi a estória trocentas vezes e nunca com citação de apenas uma cidade e um prefeito. Um professor contava que o jornal Estadão publicou em 1971 como sendo o ocorrido no interior de Alagoas.
A versão do jornalão paulistano falava em Palmeira dos Índios, cujo prefeito queria construir uma caixa d’água na praça da matriz e um engenheiro da secretaria de obras alertou para o declive e os efeitos da Lei da Gravidade que atrapalhariam a construção. O alcaide, do velho MDB de Ulysses Guimarães e Aluizio Alves, fez um muchocho, olhou no olho do engenheiro, chamou o assessor e mandou convocar a Câmara Municipal para revogar a tal da lei.
Nas versões que ouvi ao longo da vida, todas destacando cidades e chefes políticos potiguares, contavam que a obra era o desvio do curso de um rio, pra ajudar os agricultores na seca, mas que precisava subir por extensa campina.
O colega de Flávio Azevedo (com todo o respeito) argumentou que era impossível fazer um rio subir morro acima, posto que aquilo desafiaria a natureza e a própria Lei da Gravidade, no que obteve a resposta de revogação.
O causo veio à baila depois que li uma narrativa sobre o nascimento de São João Batista, o santo católico que era primo de Jesus Cristo e que o batizou nas águas do Rio Jordão. Foi daquele evento que nasceu a nossa festa junina.
Diz a lenda cristâ que Santa Isabel estava grávida (virou santa depois) e resolveu ir até à casa da sua prima, Maria, contar a novidade. Maria é a mesma que um tempo depois também engravidou e deu ao mundo a “navidade”.
Pois bem, ao terminar a visita e a resenha, a anfitriã quis saber como Isabel faria para avisar do nascimento. Ela combinou de acender uma alta fogueira e erguer um mastro com bandeirinhas no alto. Daí vêm as tradições juninas.
Ou seja, a festa de São João já tem – por baixo – uns dois mil e vinte anos de história e tradição, um dos momentos mais cultuados pelas religiões cristãs. Desses tantos anos, uns 50 eu juro que nunca vi risco de vida nas fogueiras.
Até ontem, quando veio de Caicó a notícia que uma vereadora quer que o prefeito local proíba as fogueirinhas de João, pois com a cortina de fumaça da Covid-19, os munícipes poderão ser afetados por problemas respiratórios.
Imaginem! A terra da avó de Jesus, a Santana mãe do Seridó, ser o primeiro lugar do mundo a cancelar uma tradição milenar, inventada num feliz encontro de duas mães, ambas festejando o nascimento do santo dos nordestinos. 
 
Ao longo dos séculos, a melhor brincadeira das noites juninas é a das crianças pulando fogueira e fazendo compromisso de amizade e parentesco para sempre, um gesto que representa também os primos Jesus e João Batista.
O que dirão Maria e Isabel quando a luz das fogueirinhas não iluminarem Caicó no firmamento da eternidade da próxima noite de São João?

Mais tragédia
O quadro vai ganhando contornos de apocalipse. Além da falta dos medicamentos Midazolan e Norepinefrina em diversas cidades do País, agora começa faltar oxigênio em hospitais e upas de municípios do RN. Terrível.
Sumiço
Muitas prefeituras estão em quase pânico com a falta das ampolas dos dois remédios essenciais para pacientes entubados. Os fornecedores do eixo Rio-São Paulo não sabem prever em quanto tempo terão o suficiente pra todos.
Twitter
Um cheque-mate de Donald Trump no combate à censura do Twitter, que ao ser enquadrado como “editor de conteúdo” passa a responder pelo crime digital dos seus milhões de usuários. O Facebook percebeu e evitou o confronto.
Militares
Da revista Época, já nas bancas, em artigo sobre governo e STF, assinado por Ana Clara Costa: “Dos praças às patentes mais altas, as críticas à Côrte têm unido áreas das Forças Armadas que há muito não concordavam entre si”.  
Gracejo
Em agosto de 1969, quando o marechal Costa e Silva sofreu um derrame, uma junta militar assumiu o governo, composta por um almirante, um general e um brigadeiro. Chamaram de “Três Patetas” e o regime avançou até 1985.
Leide live
A pesquisadora musical Leide Câmara realiza hoje, às 17h, a live “Diálogos Culturais”, um bate papo sobre a produção cultural no RN, dentro do projeto “Tô em Casa, tô na Rede”. Acesso nos perfis da Fundação José Augusto.
Led Zeppelin
A partir das 16h deste sábado, o YouTube disponibiliza gratuitamente por 72 horas o histórico show da mítica banda inglesa “Celebration Day/Global Watch Party”, realizado em 10 de dezembro de 2007 no The 02 Arena, de Londres. 
Sábado Conduto
A confraria de jornalistas e agregados que faz resenhas sabatinas há três décadas, realiza hoje sua segunda live, via Zoom e com perspectiva de transmissão pelo YouTube. No último sábado, juntou uns dezenove confrades.
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