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Foi a lua

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Vicente Serejo
Confesso a vaidade, Senhor Redator, pois se o espírito escapa do pecado a carne nunca resiste: compreendi mais do que ninguém quando li a notícia de que o cargueiro ‘Ever Given’ mexeu a proa e depois desencalhou com seus quatrocentos metros de comprimento e uma carga de 224 mil toneladas. Estava escrito assim: “Foi a lua”. E foi. Sei de saber antigo, quando a maré, na lua cheia, inundava a Rua da Frente até quase lamber as suas areias perto da calçada.
Foi como se uma notícia velha revivesse. Antiga e esquecida porcelana luzindo numa cristaleira de família. Fui menino vendo as grandes marés de lua quando, bem no finzinho da tarde, as águas fartas começavam a chegar. E, cheias, ficavam em preamar, que é como se diz das marés altas e baixas no seu ponto máximo. Dormem assim alguns minutos e logo começam a baixar, como se fugissem para algum lugar desconhecido, quem sabe, nos confins do mundo.
Só anos depois pude entender o que significavam as marés de sizígia, altas, soberbas, ou baixas, baixíssimas, nas luas cheias e novas, quando a lua e o sol ficam alinhados em relação à terra. Como dizem os velhos marinheiros, são as marés de águas vivas, se sobem, e mortas, se vazam. Mortas no sentido de águas paradas, embora levadas também pelas correntezas, as mesmas, tão fortes quanto as marés altas, fazendo caldeirões e redemoinhos fortes e traiçoeiros. 
Foi a grande maré de lua que subiu muito e fez o ‘Ever Given’ flutuar. Não contesto quem acredita na tecnologia – máquinas e trombas gigantes retirando camadas de areia e argila, como foi noticiado. Mas, diga-se, o gigante ‘Ever Given’ sequer se mexeu. Dizem que os ventos de través, em pleno Canal de Suez, tangeram o monstro de ferro e aço até atravessá-lo. E de tal modo que impediu a passagem de mais de trezentos navios, um prejuízo de bilhões de dólares.  
Segundo a agência americana de controle e monitoramento oceânico, entre uma maré alta e outra, normalmente, o mar leva em média 12 horas e 25 minutos até atingir o seu ponto máximo. Não bastaria, pois, escavar toneladas e toneladas de areia e argila. Era necessário uma maré de lua, de águas vastas e soberbas, para fazer o gigante outra vez flutuar. Como até saiu no jornal, o cargueiro ‘Ever Given’ não é só um navio, mas um gigantesco porta-contêineres.  
Os técnicos holandeses observaram que a maré normal não iria fazer flutuar as 224 mil toneladas. Só numa maré de lua seria possível. Veio a lua na madrugada do dia 29 de março e o gigante então flutuou. Com os potentes rebocadores, foi possível alinhar os seus quatrocentos metros e fazê-lo navegar no canal. Mas, sem a lua cheia, a chance de encalhe seria de 70%. Foi a lua, Senhor Redator. Aquela mesma lua bonita da infância, em preamar, no luar de agosto… 
PESTE – A governadora Fátima Bezerra ao notar que a saúde era devagar e levaria o governo a um grande desgaste, assumiu a luta. Assim, afirma uma fonte, “ela evitou um desastre maior”. 
LULA – O restaurante de Lula já está funcionado no número 1030 da mesma Av. Xavier da Silveira. Do outro lado de antes, numa casa grande, toda alpendrada e mergulhada entre árvores. 
DESAFIO – O escritor Manoel Onofre Jr. põe nas livraria seu novo livro, pronto desde antes da peste – ‘O Desafio das Palavras’. Reunindo os artigos e ensaios que publicou recentemente.  
MEDO – Sem controle e sem líder, a peste renasce no Brasil como a marca do medo. O mundo teme que viremos uma colônia de Coronavírus gerando variantes e infectando o mundo inteiro. 
ALIÁS – As variantes são gravemente preocupantes pelas reinfecções que driblam as vacinas. A Organização Mundial de Saúde alerta: é preciso urgente salvar o Brasil para salvar o mundo.
CLASSE – Há quarenta anos a classe média brasileira não cresce, mesmo decisiva e cobiçada como força política. Constatação é de uma pesquisa feita pela Universidade de Campinas, SP.
RETRATO – A estagnação revela o fracasso dos governos na gestão da economia e mostra que há quatro décadas não há ascensão social no Brasil. A não ser dos ricos a cada vez mais ricos. 

NECRO – Os sanitaristas agora anunciam que o Brasil vai precisar estudar o forte impacto dos cadáveres na poluição dos lençóis de água. É o que já está sendo chamado do ‘necrochorume’.   
AVISO – Os que pressionam o governo e a prefeitura pela reabertura do comércio, igrejas, escolas e serviços, que assumam o risco que cometem. É do governo federal o dever de socorrer, sim. O poder público nos Estados Unidos, meca do capital, já destinou dois trilhões de dólares. 
ABRIL – Como neste Estado a esfera privada não tem líderes, mas chefes interessados apenas nas manobras de manutenção do poder, não ouvem o aviso da professora Margareth Dalcolmo, da Fundação Oswaldo Cruz: o Brasil corre o risco de viver “o mais triste abril de nossas vidas”. 
ALIÁS – Observava um político local, hoje aposentado, que “a ausência de líderes e a falência do Estado, levaram os tecnocratas a ocuparem as instituições representativas da esfera privada. Hoje, nessas instituições sem líderes, os tecnocratas é que decidem pelo comércio e a indústria”.   
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