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Forró de gente grande

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Pegue uma ruma de menino do interior, bote um pé-de-serra na vitrola, espere crescer um pouquinho e tire rápido antes que passe do ponto. Se sair um balaio com quatro adolescentes forrozeiros de chinelo de rabicho, chapéu e roupa de couro pode cair na dança que o resto é por conta do “Meirinhos do Forró”.    

Criado no quintal de casa, no município de Bom Jesus, sob a batuta do pai, o grupo formado pelos quatro irmãos da família Freire, lança hoje, a partir das 18h, no salão de eventos da Assembléia Legislativa, o CD “Sertão do Cabugi” – primeiro trabalho autoral da carreira com 12 faixas que falam da cultura sertaneja nordestina.  Na ocasião, o “Meirinhos”  apresenta as novas canções, lembra as origens e homenageia o mestre Elino Julião, que faleceu dia 20 de maio passado.

Já tarimbada nas grandes casas de forró da cidade e com quatro passagens pela Europa, o grupo tocou pela última vez há 10 dias, na cerimônia de velório e sepultamento do corpo de Julião. E no que depender da família, o forrozeiro acompanhará a banda para sempre. “Elino Julião é uma grande referência para nós. No repertório da gente sempre tinha ele, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Trio Nordestino. Amanhã (hoje) vamos homenageá-lo novamente e sempre que estivermos no palco”, prometeu Cláudio Freire, 18 anos, que responde pela voz e o pandeiro da família, que ainda conta com Clauberto, 17 anos (acordeón), Roberto, 15 anos (zabumba) e Ana Cláudia, 12 anos (triângulo).  Ele lembra que a devoção pelo ritmo da zabumba começou desde pequeno, ainda no tempo em que o pai, ex-motorista de caminhão, chegava do trabalho e colocava na radiola os vinis das grandes referências do pé-de-serra.

Mas o patriarca da família, Carlos Freire, afirma que a coisa começou a andar quando viu o filho Clauberto tirando as primeiras notas da sanfona que um amigo lhe emprestara por alguns minutos. “No começo achava estranho esse meu filho que quando chegava em casa ligava a televisão no canal 5 (TV Cultura) e ficava horas vendo aqueles concertos clássicos.  Até que um dia, um amigo meu pediu que eu segurasse uma sanfona por uns minutos e passei para o Clauberto. Quando a gente viu o menino estava tirando os forrós de ouvido. Esse meu amigo ficou tão impressionado que emprestou o instrumento por duas semanas para ele”, conta. Sem dinheiro para realizar o sonho do filho, Freire  conta que foi o avô quem tomou a iniciativa: “o velho vendeu um novelo de lã de uma das ovelhas que ele criava e comprou o instrumento”. No dia 11 de maio de 2002 surgiu o primeiro convite para tocar em Natal, mas os empresários não acreditam muito nos talentos daqui. Nos mudamos para Pirangi, onde botei os meninos para tocar no pé do cajueiro para os turistas e só então começamos fazer mais apresentações”, relata. 

A última a entrar no balaio da família foi a caçula e única menina do grupo, Ana Cláudia Freire, 12 anos. E que ninguém ouse em tirar o triângulo dela. “Via meus irmãos tocando e dizia que entrar na banda, mas não deixavam. Até que convenci meu pai”, disse.

Banda tem mais de 20 shows agendados no São João

A abóbora vai virando carruagem para os “Meirinhos do Forró”.  E faz questão de ressaltar que, apesar da agenda, estão todos estudando, graças à música. “Eles estão num colégio particular onde conseguimos uma parceria. Nos deram bolsas de estudo e nas festas da escola a gente toca. Podemos estar com show marcado, mas voltamos para assumir esse compromisso”. Para os festejos juninos, a agenda está lotada. Além de shows em Natal e vários municípios do Estado, o “Meirinhos do Forró” está com passagem comprada para São Paulo e Portugal. “Somando tudo vai dar mais de 20 show no São João”.

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