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Forte será reaberto para visitas mais curtas

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Ramon Ribeiro
Repórter

Uma das primeiras ações do novo diretor geral da Fundação José Augusto (FJA), Crispiniano Neto, será reabrir o Forte dos Reis Magos – fechado para obras de restauração desde o final de dezembro. A intenção é que o prédio histórico volte a ser visitado já na próxima semana e fique assim até o final do carnaval. “O fechamento do Forte prejudicou os comerciantes da praia e o trade turístico. Então vamos reabrir. A construtora responsável pela restauração vai dizer o trajeto que pode ser feito dentro do Forte sem atrapalhar as obras. Será um trajeto básico, para conhecer o local e tirar fotos com segurança. Não queremos atrasar a obra, até porque precisamos que ela corra bem e seja concluída antes da próxima alta estação”, explica o gestor. A obra do Forte faz parte do programa RN Cidadão, via Banco Mundial.

Em conjunto com a construtora, equipe da Fundação José Augusto vai liberar acesso ao forte a partir da próxima semana, com roteiro mais curto e seguro para visitantes


Em conjunto com a construtora, equipe da Fundação José Augusto vai
liberar acesso ao forte a partir da próxima semana, com roteiro mais
curto e seguro para visitantes

Dentre os outros desafios que Crispiniano tem pela frente está o de botar para funcionar a Biblioteca Câmara Cascudo. A reforma do prédio foi concluída no final do ano passado, mas ativar o espaço vai exigir funcionários que no momento a FJA não dispõe. Por causa disso o gestor não cogita a abertura da biblioteca em menos de seis meses. Outra das suas preocupações é o Teatro Alberto Maranhão. “As obras foram iniciadas sem o projeto da Caixa Cênica. Sem isso, teremos um belo auditório e não um teatro”, afirma.

Crispiniano assume a gestão cultural do Estado num cenário financeiro nada animador. Nesse sentido, ele defende criatividade no uso dos recursos estabelecidos no orçamento para este ano – algo em torno de R$ 6 milhões (já tirando o custo com o salário dos servidores). Tratando-se de escassez de recursos, isso não é nenhuma novidade para Crispiniano. Poeta e engenheiro-agrônomo, ele assume o cargo pela terceira vez em pouco mais de 10 anos. A primeira foi entre 2007 e 2010, nos governos Wilma de Faria e Iberê Ferreira; a segunda, na gestão de Robinson Faria, quando passou poucos meses, saindo no momento que o partido de Robinson (PSD), manifestou apoio ao impeachment da presidente Dilma Roussef.

Nesta sua terceira passagem pela pasta, embora a situação financeira do Estado seja adversa, o fato da governadora Fátima Bezerra (PT) ser sua correligionária cria algumas expectativas. “Fátima é uma pessoa da cultura. Era assim na sala de aula, no tempo do sindicato e quando foi deputada. Ela entende do funcionamento das políticas públicas para o setor”, comenta o Crispiniano. Confira os principais trechos da conversa do VIVER:

Uma das novidades citadas pelo atual gestor é a criação do Cena, departamento que vai integrar as oficinas de arte


Uma das novidades citadas pelo atual gestor é a criação do Cena, departamento que vai integrar as oficinas de arte

Biblioteca CC
A biblioteca CC não está em condições de funcionar. Vamos precisar de pelo menos seis meses para providenciar tudo que falta. O Habite-se, a sub-estação de energia, a liberação da secretaria de urbanismo, uma equipe de funcionários. Temos um problema grave aí. Não temos pessoal e não se pode fazer concurso diante da situação do estado. Temos uma funcionária de carreira, Adjinan Araújo, formada em biblioteconomia, vamos coloca-la na direção. Também vamos agilizar um processo de contratação de estagiários e deslocar servidores de outros setores para lá. Também vamos desencalhar um dinheiro do antigo Ministério da Cultura. O convênio ainda está valendo. Vamos priorizar os autores potiguares.

Sem Caixa Cênica no TAM
A obra do TAM é uma barbaridade. Não tem a Caixa Cênica. Fizemos o projeto quando estive aqui. A professora Isaura também trouxe consultoria para isso. Então está encaminhado esse projeto. Mas alguém esqueceu de enquadrar esse complemento no orçamento. Os R$ 7,5 milhões não contempla. Vamos lutar para colocar o custo da caixa cênica. Senão a gente vai sofrer uma grande decepção de inaugurar um teatro e ele não servir. Será apenas um belo auditório. Mas não um teatro enquanto não tiver a caixa cênica.

Diretor de Artes Cênicas
Transformamos a direção do Teatro Alberto Maranhão na coordenadoria de Teatros. O diretor é o Ronaldo Costa. É alguém de perfil técnico, reconhecido na área. Ele vai cuidar de todos os espaços cênicos da FJA, que são cinco: TAM, TCP, Lauro Monte Filho (Mossoró), Adjuto Dias (Caicó) e o teatrinho da Cidade da Criança, de 98 lugares, que precisa ser recuperado e não vamos esquecer dele. Além dos equipamentos, temos os grupos, companhias, os mamulengos, a arte circense, o teatro de rua. Tudo ficará sob os cuidados dessa coordenadoria.

Artes Integradas
EDTAM, Instituto de Música Waldemar de Almeida, Escola de Pintura Newton Navarro, Núcleo de Produção Digital. Tudo isso vai se transformar no CENA (Centro de Ensino Norte-Riograndense de Artes). Serão cursos de nível médio. Você vai sair técnico para o mercado ou para tentar um curso de graduação. É uma engenharia difícil neste momento. Estamos limitados pelo decreto de calamidade financeira. Mas vamos fazer devagar. Mas o CENA já está legalmente criado. E tem um coordenador, Sérgio Farias (ex-diretor do Instituto Waldemar de Almeida). Podemos colocar todas as oficinas da FJA num espaço só. Queremos criar um clima de escola. Vamos procurar um prédio parado do Estado para ocupar. Na época de Robinson, estávamos negociando o CAIC. Tem muito espaço ocioso lá. Podemos negociar.

Papódromo e Rampa
Tem muito projeto de cultura fora da FJA. Fiquei sabendo na segunda que o Papódromo vai virar um centro cultural. Vai para outro órgão. Mas se é cultural, a gente poderia ter pelo menos uma parceria. O projeto do Museu da Rampa é outra situação. Começou aqui na FJA e depois foi pra Turismo. Agora que o prédio está pronto é provável que tragam pra gente. Ainda não fomos atrás porque já temos muitos problemas pra resolver. Mas se voltar pra cá, será bem recebido.

Editais
Temos entre R$ 6 e 7 milhões no orçamento para esse ano. O problema é transformar esse orçamento em financeiro. Esse primeiro semestre vai ser muito difícil. A governadora pegou R$ 2,5 bilhões de dívidas e quase nada em caixa. A prioridade é pagar a folha, manter os hospitais funcionando, dar estrutura para a segurança. Depois vamos pensar nos editais de incentivo a produção artística. Mas tem muita coisa que podemos ir fazendo sem dinheiro. Como fazer três meses de pauta gratuita no Teatro Lauro Monte Filho. Diretor, energia, tudo a gente vai pagar de qualquer jeito.  O grupo fica com a bilheteria.

Fontes de receita
Temos que regularizar essa situação da pauta dos Teatros, dos ingressos da Cidade da Criança, do Forte. Normalmente se usa para solucionar pequenos problemas nesses equipamentos. Mas não quero dinheiro não contabilizado aqui dentro. Vamos pensar uma solução do ponto de vista contábil para que esse dinheiro entre na conta da FJA. Não quero usar esses recursos e ficar descoberto.

Cultura nas Escolas
Um fato que queria muito viabilizar na minha primeira gestão e não deu para fazer foi o Cultura nas Escolas. Foi pensado com a secretaria de educação, mas quando o secretário Ruy Pereira morreu ficou parado. Platão dizia que a arte é a base da educação. Aonde a educação deu certo, o processo pedagógico teve a arte como ferramenta. É um grande sonho. Espero que o professor Getúlio (Marques Ferreira, secretário de Educação) possa nos ajudar. Gostaria de não passar mais quatro anos em branco sem fazer esse projeto.

Relação com servidores
Meu nome foi sugerido a Governadora. Sou bem lembrado aqui na Fundação. Ajudei a implantar o plano de cargos e salários. Sem ele muitos dos servidores que se aposentaram teriam se aposentado na miséria. Outra coisa. Institui que 30% dos cargos comissionados fossem escolhidos de dentro da FJA. Ou seja, são servidores que conhecem o funcionamento da casa e não pessoas de fora. Isso valoriza os profissionais.

Patrimônio Vivo
Acho importante valorizar o nosso folclore. Existe na FJA um mecanismo para ajudar mestres e grupos de cultura popular. Fazer com que esses saberes sejam passados para os jovens. É o RPV (Registro do Patrimônio Vivo), criado pelo deputado Mineiro. São cerca de R$ 1.800 para o mestre e R$ 3mil para o grupo, por mês. São 60 vagas. Na minha gestão consegui fazer dez registros, depois fizeram mais dois. Mas já morreram 3 ou 4 e não foram substituídos. Ou seja, tem mais de 50 vagas abertas. Quando o estado botar a folha de pagamento em dia, quero ir atrás disso. Se não der pra fazer 60, vamos conseguir pelo menos 30 registros.

Museu Café Filho
Ainda vamos localizar todo o acervo do único potiguar a assumir a Presidência da República e estudá-lo para pensar a exposição. Temos que recuperar a história em forma de uma exposição interessante.

Memorial Câmara Cascudo
Conversei com os produtores da exposição de Cascudo no Museu da Língua Portuguesa. É uma exposição muito inteligente, mas que sofreu com o incêndio. Acho que nada impede de ter essa exposição e as oficinas de arte no local. Mas por enquanto o EDTAM vai continuar funcionando no Memorial.

Casas de Cultura

As Casas de Cultura tiveram altos e baixos mas estão abertas. Isso graças a uma ideia que tivemos na outra gestão de incentivar os artistas a criarem associações dos amigos das casas para gerir com CNPJ os espaços. São 29 Casas de Cultura. Mesmo sem verba queremos pensar uma programações para elas. Criar cineclubes, levar oficinas, circular com espetáculos de rua. As Casas não morreram por causa de alguns artistas que entenderam que é preciso ocupar. Queremos estimular isso. Trouxemos o José Messias Domingos para coordenar esse departamento. Também temos projetos prontos para colocar Caixa Cênica em todas as Casas de Cultura. Os projetos estão tecnicamente aceitos pelas normas do Banco Mundial. Mas faltou ser enquadrado. Perdemos essa oportunidade. Seria climatização, iluminação e sonorização. Instalando isso você terá condição de apresentar peças de teatro. E ainda temos projetos para construir mais 16 Casas de Cultura. Vamos lutar para viabilizar esses projetos na segunda etapa do empréstimo do Banco Mundial.

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