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Fotos do dinheiro apreendido com petistas são divulgadas

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DINHEIRO - Soma equivalente a R$ 1,75 milhão seria usada para comprar dossiêBrasília (AE) – A 48 horas das eleições, na manhã de ontem, a Polícia Federal em São Paulo abriu um segredo que o governo Lula mantinha guardado a sete chaves – as imagens da montanha de dinheiro que o PT levantou para comprar o dossiê anti-José Serra, do PSDB. São 23 fotografias arquivadas em um CD Elas mostram as pilhas de cédulas que somam R$ 1,75 milhão, divididos em dólares (US$ 248,8 mil) e em reais (R$ 1,16 milhão). Maços de reais novinhos em folha e seriados, o que indica que a quantia pode ter saído de uma mesma fonte. São 26 maços de dólares. O delegado Geraldo José de Araújo, superintendente da PF paulista, confirmou a autenticidade das fotos.

O dinheiro foi apreendido pela PF na madrugada de 15 de setembro em poder de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, protagonistas da trama que pretendia jogar Serra na lama dos sanguessugas. Naquele dia, sexta-feira, um policial da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin) usou uma máquina digital para fazer fotos da dinheirama que aflige o Palácio do Planalto. Horas depois, porém, a máquina e as fotos desapareceram.

Tudo foi enviado a Brasília, não ficou nada em São Paulo. O governo cercou de mistério o dinheiro, sob alegação de que a divulgação das imagens não seria um procedimento adequado, e fez de tudo para impedir seu vazamento. A medida contraria a conduta da PF em casos similares.

O que o Planalto não esperava é que fonte graduada da própria PF subordinada ao Ministério da Justiça, fosse distribuir o documento, pondo fim ao segredo do governo e do PT. A operação vazamento começou a ser montada na quinta-feira, quando a PF decidiu fazer uma perícia nas notas. O trabalho foi executado na sala de conferência da Protege S/A Proteção e Transporte de Valores, em São Paulo. A empresa mantém em custódia o dinheiro do dossiê que, formalmente, está depositado no Banco Central e na Caixa Econômica Federal.

A perícia foi comandada pelo delegado Edmilson Bruno, da Delegacia de Combate a Crimes Fazendários. O delegado, cinco peritos da PF e dois inspetores do BC registraram os números de série, fizeram a contagem e bateram as fotos.

O material deveria ter sido entregue ontem  ao procurador da República Mário Lúcio Avelar e ao delegado Diógenes Curado Filho da PF em Mato Grosso, responsáveis pela investigação. Mas um fato surpreendente mudou toda a história: o delegado Bruno anunciou, no início da tarde, que o CD original desapareceu de seu gabinete, no 7º andar da sede da PF, no bairro da Lapa. Logo as fotos estavam na imprensa.

Ontem, o delegado Edmílson Bruno disse que “vai registrar ocorrência de furto”. Ele negou ter vazado o CD com as imagens dos dólares e dos reais do PT. “Tenho consciência tranqüila, não vazei o CD. Querem prejudicar a minha carreira, 10 anos de PF. O CD sumiu do meu arquivo.”

Geraldo Araújo, chefe da PF em São Paulo, mandou abrir inquérito para apurar violação de sigilo funcional e transgressão disciplinar. “Infelizmente, vazou, é grave”, disse Araújo. Ele afirmou que a PF “preza a isenção”. O inquérito vai verificar se houve motivação política no vazamento. “Não temo nada, sei de minha conduta como policial”, afirmou Bruno. Perguntado sobre como o CD sumiu na PF, disse: “Não faço a segurança do prédio.”

Envolvido tinha cargo no Senado

Brasília (AE) – O ex-coordenador de Comunicação da campanha do candidato a governador de São Paulo Aloizio Mercadante (PT), da Coligação Melhor pra São Paulo (PT-PRB-PC do B-PL), Hamilton Lacerda, recebia salário como assessor do Senado até a Polícia Federal (PF) descobrir que ele estava envolvido na compra do dossiê Vedoin. A legislação (Lei 9.504/97) proíbe o uso de funcionário público para comitês de campanha.

Em 13 de março, dois meses antes de Mercadante vencer as prévias do PT e se tornar candidato oficial do partido, Lacerda foi contratado pela Casa no cargo em comissão, sem concurso público, com o salário de R$ 4.515,00 mensais para exercer atividades no gabinete do senador do PT de São Paulo. Nessa época, Mercadante percorria o Estado em busca de votos para vencer a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) nas prévias da legenda. Acusado de ser fantasma em Brasília, o ex-coordenador de Comunicação da campanha do candidato da Coligação Melhor pra São Paulo a governador trabalhava no escritório do senador na capital paulista, segundo informou a assessoria petista.

Na semana passada, cinco dias depois de a PF ter apontado o envolvimento de Lacerda no episódio do dossiê, o boletim administrativo do Senado publicou a exoneração dele. Ontem, Mercadante disse que o trabalho de Lacerda era acompanhar o fechamento da publicidade eleitoral gratuita de TV e de rádio, o que era feito à noite. Segundo o candidato da Coligação Melhor pra São Paulo, a atividade do ex-coordenador de Comunicação da campanha era compatível com outras que poderia exercer.

A polícia identificou Lacerda como o homem que levou a mala de dinheiro para o advogado Gedimar Passos e o empresário Valdebran Padilha, presos no dia 15, no Hotel Íbis, em São Paulo.

O ex-coordenador de Comunicação negou Ontem que na mala houvesse dinheiro. De acordo com peritos da PF que analisaram imagens gravadas pelo circuito interno do hotel, Lacerda esteve no Íbis entre 8h51 e 9 horas, entregando uma mala a Passos.

Godoy nega  participação no esquema

São Paulo (AE) – O advogado Augusto Arruda Botelho, que defende o ex-assessor especial da Secretaria Particular da Presidência da República Freud Godoy, afirmou ontem que ele negou participação na suposta compra do dossiê contra o candidato a governador de São Paulo José Serra (PSDB), da Coligação Compromisso com São Paulo (PSDB-PFL), e que não foi indiciado.

Godoy prestou depoimento de cerca de duas horas na sede da Polícia Federal (PF) em São Paulo. “Felizmente, está cada vez mais clara a hipótese da não-participação do Freud nesse episódio. Nem a própria polícia, o Ministério Público (MP), eu, ou Freud conseguimos imaginar uma hipótese da razão do surgimento do nome de Freud ter sido envolvido na suposta intermediação do dossiê. Essa é uma pergunta que tem de ser feita ao Gedimar (Passos, advogado)”, acrescentou.

Segundo Botelho, no testemunho de ontem, o ex-assessor especial da Secretaria Particular da Presidência da República ratificou as informações anteriormente prestadas, respondeu a todas as perguntas do delegado Diógenes Curado e do procurador Mário Lúcio Avelar, e esclareceu datas e horários de contato.

O advogado de Godoy disse que ele nunca esteve no hotel onde o dinheiro foi encontrado. Segundo Botelho, o contato de Godoy com Passos ocorreu por causa de um serviço prestado pela empresa de segurança da mulher dele à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato da Coligação A Força do Povo (PT-PRB-PC do B) à reeleição, em Brasília, em 19 e 20 de agosto. Foram três ligações telefônicas curtas feitas por Passos a Godoy. Eles tiveram também um encontro “casual” em 29 de agosto na sede do PT na capital paulista.

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