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Fotos: fauna e flora

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Diógenes da Cunha Lima 
Escritor, advogado e presidente da ANL
O Rio Grande do Norte é um Estado de belezas insuspeitadas. Muitas, de expressão poética. É representado pela Cattleya Granulosa, uma orquídea que se expõe nas mais diversas cores e matizes: verde, amarelo, rosa, marrom e alaranjado. A Xanana, singela e poderosa, é um símbolo floral da nossa capital. Ambas dispostas ao olhar estético.

Um grupo de 100 fotógrafos do RN, sob inspiração de minha filha Leila, procuradora e fotógrafa, decidiu fazer um projeto inédito chamado “Olhar Potiguar”. Doaram fotos para revelar as belezas locais e, ao mesmo tempo, ajudar instituições carentes. Participam do Projeto artistas da fotografia de prestígios nacional e internacional. Giovanni Sérgio, Marcelo Buainain, Fernando Chiriboga, Cícero Oliveira, Canindé Soares, dentre outros.

Foi um êxito. A primeira fase rendeu cerca de 20 mil reais, distribuídos a associações beneficentes.

Agora, começa a segunda fase, cujos temas abordam nossas fauna e flora. O resultado será destinado a três instituições: Instituto de Desenvolvimento, Educação, e Planejamento Ambiental-IDEA, que valoriza o meio ambiente; Casa da Boa Ação de Bom Jesus, que atende aos doentes esquizofrênicos; Instituto Senhores Patas, para resgate e adoção de animais de rua.

Fauna e Flora do RN são um desafio ao olho do pesquisador de virtude. No setor, nosso Estado era riquíssimo. Muito desapareceu por causa do bicho máximo predador, o homem. Câmara Cascudo me disse ter testemunhado lontras na Lagoa de Extremoz e os guarás vermelhos, voando sobre os verdes do Potengi amado. Desapareceram as emas que chegaram a ser símbolo do Rio Grande do Norte no brasão holandês, as onças, os tatus, as capivaras e muitas outras espécies também. Sofrem risco de extinção veados, mocós, preás, juritis, seriemas e caititus. O professor Benedito Vasconcelos Mendes, sábio em assuntos da terra, não para de pregar uma mudança de comportamento. Ele registra as coisas boas que acontecem como, por exemplo, a nossa grande plantação de cajueiros ocasionou a multiplicação dos jacus. Além disso, ensina que o homem só não mata o que domestica. Os nossos animais importados: o boi, o porco, a cabra não correm risco. Da mesma maneira, também o nativo pato, que já foi domesticado pelos indígenas. O bicho-homem destruiu as plantas até mesmo em lugares de absoluta necessidade e adequação. Na cidade Baraúnas, nenhuma baraúna; Angicos, sem um pé de angico; A palmeira macaíba precisa voltar a embelezar a cidade.

Vamos ter fotos belíssimas do cajueiro nordestino, da craibeira, dos juazeiros, da maniçoba. Talvez raridades como poses de guaxinins, de baronesas nas lagoas, de pássaros arredios.

O “Olhar Potiguar” vai revelar belezas que ninguém tinha percebido, estimular a recuperação dos nossos biomas, atrair turistas, que é a principal fonte de renda do Estado.

A beleza é subjetiva, está no olho de quem a vê. Certamente, não é de gosto comum considerar bela a coruja, o morcego, as cobras em geral. Mas é possível que o bom fotógrafo identifique e mostre-nos um certo fascínio. Quem leu “Canto de Muro”, um romance de costume dos animais, escrito pelo maior dos intérpretes do Brasil, facilmente perceberá formosuras despercebidas.

Sejamos verdadeiros ecologistas ao entendermos a ética e a estética que nos são ensinadas pela natureza. E, também tão importante, ao valorizarmos a arte dos nossos conterrâneos, ainda ajudamos a quem faz trabalho de mérito.

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