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Francisco Veloso: “Planejamos crescer acima de 20%”

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Ricardo Araújo
Editor de Economia

No ano em que completa 28 anos de fundação, a empresa Tapuio Agropecuária vislumbra um 2019 com objetivos desafiadores: incrementar o crescimento em 20% com ampliação dos negócios no mercado consumidor nacional e internacional. A empresa é o único laticínio no Brasil autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a exportar derivados de leite de búfalas. Além desses produtos, a Tapuio ampliou a comercialização de ovos de galinha ao longo dos anos. O faturamento da empresa gira em torno de R$ 24,2 milhões ao ano com as marcas de mozzarellas e carnes premium DiBufalo e ovos Mr. Caipira nos mercados do Nordeste e Centro-Oeste.

Pioneira no Rio Grande do Norte com a criação de bubalinos, a Tapuio ampliou o rebanho de 20 cabeças de búfalos no início dos anos 2000 para 1.400 cabeças de búfalos da raça Murrah, que é de origem indiana e reconhecida pela fácil adaptação ao clima árido, até 2018. Desses animais, mais de 450 são búfalas em lactação, que produzem cerca de 3.000 litros de leite por dia, que resultam em cerca de 20 toneladas de queijos por mês. Os animais, a área de pastos e de produção da Tapuio ocupam uma área de 500 hectares nas redondezas de Taipu, na região do Mato Grande potiguar.
Primeira fazenda de bubalinos leiteiros do Estado, a Tapuio completará 30 anos em 2019; a empresa produtora de derivados de leite de búfala mira expansão de mercados nacional e internacional
Francisco Veloso, diretor-executivo da Tapuio Agropecuária

A seguir, Francisco Veloso detalha os números alcançados pela empresa no ano passado e como deverá ampliar a produção e faturamento ao longo de 2019.

A Tapuio apresentou crescimento no faturamento ao longo de 2018 em quase 5%. Como foi possível alcançar esse percentual num cenário ainda de estagnação econômica?
Na realidade, ao analisarmos friamente o resultado, não houve um crescimento do tamanho que gostaríamos. Esse crescimento corresponde basicamente à inflação de 2018. Mesmo tendo observado desempenho expressivo em alguns produtos, como a burrata, que cresceu mais de 100% no ano passado, contribuindo para que o laticínio obtivesse um incremento de 19% no faturamento, houve uma queda na receita de ovos em função do mercado se encontrar super ofertado no decorrer de todo o ano, especialmente no último quadrimestre. Isso contribuiu decisivamente para que o resultado não fosse melhor.
 
Quais são as expectativas para 2019?
Planejamos crescer acima de 20% esse ano, mais uma vez capitaneados pelo desempenho do laticínio e pela consolidação no mercado das Carnes Premium DiBufalo, que lançamos no final de 2018. Além disso, temos previsão de lançamentos de vários produtos para esse ano, sendo, na linha de lácteos, a mini-burrata, um produto de 100 gramas que já encontra-se no mercado desde o início desse mês e que tem demonstrado muito boa aceitação; o requeijão marajoara, um queijo em barra feito com leite de búfalas com receita original da Ilha de Marajó, muito semelhante ao nosso queijo de manteiga em sabor e textura; o creme de leite fresco e a manteiga ghee, essa última desenvolvida com genuíno processo indiano a partir do mais puro creme de leite de búfalas, estando todos três já com processos sedimentados e aguardando autorização de rotulagem pelo Ministério da Agricultura. Na linha de ovos, teremos o lançamento de um produto destinado ao público infantil, “o Mr. Caipira Baby”, numa embalagem com sete unidades, pioneira no mercado nacional e também o lançamento de uma segunda marca de ovos caipiras.
 
Haverá ampliação da produção no RN? Em quais produtos?
Sim, toda produção é feita no RN, sendo que no caso do leite e da carne temos parceiros em Pernambuco, nas cidades do Cabo e Ribeirão, Zona da Mata Sul do Estado. Mais uma vez, esperamos grande crescimento da burrata, não só pelo lançamento da mini-burrata, que vem a atender uma demanda de nossa clientela de hotéis e restaurantes, bem como pela consolidação da marca e conquista de novos clientes em Recife e Fortaleza no Nordeste e também no Centro-Oeste, especialmente Brasília e Goiânia, que começam a despontar como mercados importantes e significativos.
 
Qual o principal mercado consumidor dos produtos Tapuio na atualidade e como é feita a prospecção de novos clientes?    
Como não poderia deixar de ser, o RN por ser a nossa casa, é o principal mercado, com participação de 30%, seguido por Paraíba com 18% e Bahia com 15%. Destacamos contudo significativos crescimento em queijos no Distrito Federal com 35%, Maranhão com 30% e Pernambuco com 22% enquanto que na venda de ovos, o grande destaque foi o Maranhão com crescimento de 43%, seguido de Sergipe com 9% e Bahia com 7%. A prospecção de novos clientes, ocorre através de visitas de nossos representantes e supervisores, com o uso das redes sociais, ações de marketing, através do acesso direto ao nosso site www.tapuio.com.br e através de ferramenta que mapeia a localização de potenciais clientes nas cidades em que atuamos.
 
Em relação ao mercado internacional, quais são as perspectivas da empresa? E como é a aceitação dos produtos?    
Estamos com negociações muito avançadas com o Uruguai para fornecimento de burrata e de massa para produção de mozzarella, cujo primeiro embarque deverá ocorrer até o final desse primeiro trimestre. Com a massa para mozzarella, também estamos negociando com os Estados Unidos, cujo cliente inclusive, está enviando um técnico italiano, o Sr. Alfonso Gentile, que ficará na Tapuio de 21 de fevereiro a 21 de março, para certificar e otimizar nosso processo de produção. A aceitação dos produtos tem sido excelente, com qualidade comparada aos produtos das melhores marcas italianas, especialmente quando falamos da mozzarella bola e da burrata, este último com impressionante crescimento de 700% nos últimos dois anos, de 2016 a 2018, quando saímos de uma produção anual de 15.000 unidades para 105.000 no ano passado.
 
O senhor pretende ampliar o rebanho no RN? Para quantas cabeças? E quanto isso custará?    
Não é o nosso foco no momento, em função da grande irregularidade climática característica do semiárido. O crescimento da produção de leite de búfalas tem ocorrido através de parcerias com empresários do agronegócio na região da Mata Sul de Pernambuco e também em desenvolvimento com um empresário do mesmo segmento em Itapororoca, na Paraíba. Nosso rebando atualmente é da ordem de 1.400 cabeças de búfalos, considerando os animais que encontram-se na Tapuio e nas fazendas de parceiros em Pernambuco. Para crescermos com segurança aqui na Tapuio, precisaríamos realizar forte investimento em irrigação, trazendo água do Rio Maxaranguape cuja adutora seria da ordem de 17 km, demandando recursos de aproximadamente R$ 3,5 milhões para implantação do projeto. Contudo, esse investimento possibilitaria quintuplicarmos nosso rebanho, contribuindo para uma maior produção, menor risco e maior competitividade, o que está no nosso planejamento de médio prazo.
 
A empresa também se destaca pela produção de ovos de galinha. Qual o quantitativo produzido em 2018 e quais diferenciais são adotados nessa linha de produção?
Com 18.000.000 de ovos produzidos no ano passado a avicultura ainda é o nosso principal negócio, sendo responsável por mais de 50% das receitas. Temos um plantel de 110.000 aves de postura, das quais 70% criadas soltas produzindo ovos especiais de qualidade diferenciada – Mr. Caipira, Mr. Ômega 3 e Mr. Ovo Saúde, este último, único no mercado enriquecido com Selênio e Vitamina E. Ressaltamos que o bem estar animal e o equilíbrio ambiental são fortes conceitos implantados e respeitados em toda nossa linha de produção, tanto de queijos quanto de ovos.
 
O mercado potiguar é atrativo aos produtos Tapuio?
O RN é o nosso principal mercado, onde comercializamos quase um terço de tudo o que produzimos. A empresa nasceu aqui nas caatingas de Taipú em 1989, quando adquirimos a fazenda, o que significa que em maio desse ano estamos fazendo 30 anos de fazenda e 28 de empresa. Fomos muito bem recebidos pelo Estado e Natal é a nossa grande vitrine e principal mercado, onde tudo acontece primeiro.
 
Quais são hoje os principais desafios em produzir queijos de búfala?

São dois os maiores desafios: A baixa oferta de leite da espécie no mercado, aliado à sazonalidade característica das búfalas que concentram partos e consequentemente a maior produção de leite no outono-inverno, ocorrendo grande escassez no verão, exatamente quando é maior a demanda pelos queijos, em função dos festejos de final do ano. O outro ainda é o desconhecimento de grande parte da população dos benefícios nutricionais do leite de búfalas e seus derivados, que além de extremamente saborosos, possuem teores de Cálcio e proteína significativamente superiores aos similares produzidos com leite de vaca, somado a ser um leite homozigoto A2A2, de muito mais fácil digestão do que o leite bovino por não possuir a beta-caseína, responsável pelos sintomas de mal-estar e empachamento em boa parte dos consumidores que possuem limitação de consumo de leite de vaca e seus derivados. Para sanar o primeiro problema estamos trabalhando para aumentar a quantidade de partos na primavera-verão através de IATF – Inseminação Artificial em Tempo Fixo, e para o segundo, fazendo ações de marketing, em pontos de venda, redes sociais e junto a nutrólogos e nutricionistas, para divulgação das vantagens do consumo dos produtos de origem bubalina.
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