Frutas produzidas no Rio Grande do Norte alimentam a economia de outros Estados. Foi o que apontou um levantamento realizado pela Ceará Portos, disponível no site do governo cearense. De acordo com o levantamento, mais de 1/3 das frutas exportadas pelo terminal no ano passado era proveniente do RN. O volume chega a 59,8 mil toneladas e representa 34% das 176 mil toneladas de frutas exportadas por Pecém em 2013.
A expectativa é que este percentual aumente ainda mais com a expansão do Porto de Pecém. Segundo matéria publicada esta semana no Valor Econômico, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou mais R$ 630,5 milhões para ampliação do porto vizinho. Ao todo, o banco já liberou R$ 1,1 bilhão em investimentos que devem deixar o terminal, principal exportador de frutas no país, ainda mais competitivo, observa Aldemir Freire, economista e chefe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Rio Grande do Norte.
#SAIBAMAIS#Tudo isso, entretanto, tem um custo para o RN. A saída encontrada pelos empresários potiguares para escoar parte da produção gerou um ‘prejuízo’ estimado de R$ 229,7 milhões ao Porto de Natal, que cobra, em média, R$ 3,84 por cada tonelada movimentada, de acordo com a assessoria de comunicação. Dinheiro que, segundo Aldemir Freire, o porto deixou de arrecadar e que poderia ter sido investido no próprio terminal de Natal. Luiz Roberto Barcelos, presidente do Comitê Executivo de Fitossanidade do estado, é representante dos fruticultores do RN e do Ceará e confirma o dado. Segundo ele, os fruticultores procuram o estado vizinho, porque a oferta de linhas de navegação em Natal é limitada.
A posição é reforçada pelo próprio Porto de Natal. De acordo com a Companhia Docas do Rio Grande do Norte, que administra o terminal, o porto potiguar não possui linhas para todos os destinos mundiais. “Nossa linha é para a Europa (porto de Algeciras/ESP, Rotterdam/HOL, Dillbury/GR, Viggo/ESP)”, informou.
O quadro, no entanto, pode está prestes a mudar. De acordo com a Codern, o porto natalense deve disponibilizar uma nova linha de navegação em 2014, que atenderá a linha dos EUA (Costa Leste e Costa Oeste) e o reembarque para a Ásia. A inclusão da nova rota já está em negociação.
De acordo com dados da Companhia, a movimentação de cargas entre janeiro e novembro de 2013 subiu 26%, em comparação com o mesmo período de 2012, apesar da ‘fuga’ de cargas para outros estados. O volume exportado saltou de 133.938 toneladas, nos primeiros 11 meses de 2012, para 168.701, no mesmo período de 2013.
Luiz Barcelos, do Coex, afirma que é possível sim escoar mais frutas pelo Porto de Natal, se a oferta de linhas de navegação for ampliada, já Aldemir Freire, do IBGE/RN, é mais cético quanto a isso: “a situação do RN só vai mudar quando construírem um porto maior fora de Natal”.
A reportagem tentou contato com o secretário estadual de Desenvolvimento, Rogério Marinho, para saber que planos o governo do estado tem para o escoamento de cargas, mas ele não atendeu as ligações.