domingo, 28 de abril, 2024
27.1 C
Natal
domingo, 28 de abril, 2024

Fruticultura espera fôlego, mas problemas persistem

- Publicidade -

Andrielle Mendes – Repórter

O fruticultor potiguar não vai encontrar um cenário muito favorável na próxima safra. O mercado consumidor  continua retraído, o dólar baixo, e as pragas, ávidas por consumir toda a produção. Em 2010, o setor amargou queda na exportação de praticamente todas as frutas frescas, com exceção da manga. Em 2011, apesar do cenário ainda desfavorável, a exportação deve ter uma leve alta, segundo o economista Naji Harb, da Universidade Ottawa, Canadá e consultor na área de agronegócios e assuntos internacionais. Segundo ele, a Europa, continente que compra 99% das frutas potiguares, já dá sinais da recuperação.

As vendas de melão para o mercado externo estão entre as que declinam no Rio Grande do NorteSegundo Francisco Vieira da Costa, diretor da Coopyfrutas (cooperativa que reúne fruticultores de Mossoró e  do entorno), a exportação da safra junho 2010/maio 2011 caiu 18% em relação a safra junho 2009/maio 2010. A queda da exportação também foi reflexo de uma maior incidência de chuvas de dezembro a fevereiro. Neste período, choveu mais que o esperado para o inverno inteiro. Em decorrência de todos estes fatores, o setor enfrenta uma crise momentânea. Seu desempenho dependerá da resposta de seu principal consumidor, a Europa, e da entrada em novos mercados. “Não acredito que vai ser um ano muito bom. O cenário ainda será desfavorável”, afirma.

A solução, segundo ele, é aumentar o consumo interno.  Hoje, o mercado nacional absorve 30% da produção potiguar. Há cinco anos, absorvia apenas 20%. 

A questão cambial (dólar barato e real caro) agrava o cenário para o setor lá fora. Os fruticultores vendem em dólar e compram em real, isto está minando a capacidade de reinvestir no negócio, afirma o diretor da Coopyfrutas.

O descumprimento da Lei Kandir, do governo federal, que obriga o estado a reembolsar os fruticultores, devolvendo os impostos pagos na exportação, agravam ainda mais o cenário. Os fruticultores do Ceará, por exemplo, não pagam ICMS, e, por isso, praticam preços mais competitivos que o RN.

Não bastassem a falta de apoio governamental e a crise enfrentada pelo principal consumidor, o setor ainda tenta se proteger da ameaça das pragas: mosca branca, minadora e a virose do pulgão, que com poucas picadas pode eliminar uma lavoura.

Importações

Para tentar equilibrar os custos, fruticultores estão importando mais embalagens de papel, papelão, adubos e fertilizantes que registraram alta superior a 100%. “Eles estão importando para se manter no negócio. A preocupação não é mais ganhar dinheiro, mas se manter no mercado”, afirma Vieira. Segundo o economista Naji Harb, a importação de insumos traz uma redução de até 20% no custo dos fruticultores. “Os produtores/empresas acharam esta solução e mudaram sua modalidade de compra. Antes compravam esses mesmos produtos em outros estados. Agora compram os produtos fora do país”, afirmou.

bate-papo – Naji Harb » Economista

Como está a fruticultura local no que diz respeito a produção e exportação?

A fruticultura no RN tem grande potencial para crescimento. As condições climáticas (sol brilhante e solo fértil) ajudam na produção de uma grande variedade de frutas. Além disso, os produtores potiguares são inovadores, sempre estão buscando novas técnicas e certificações para atender as mais rígidas exigências do mercado nacional e internacional.

Como o senhor avalia o momento vivido pela fruticultura local?

A demanda no mercado nacional e internacional é crescente. Naturalmente o ritmo é lento pois o mercado está em fase de recuperação da crise econômica na Europa, que até o momento é o maior mercado para o melão e outras frutas do estado do RN.

Isto traz prejuízos ao estado ou poderá ser superado sem muita dificuldade?

Achando-se uma solução para os problemas enfrentados pelos produtores e empresas que atuam no setor, o estado será beneficiado como um todo. Investimentos na infra-estrutura portuária e incentivos fiscais garantem a permanência dos investimentos no setor dentro do estado do RN e ajudam na criação de empregos, resultando no crescimento econômico do estado.

Como o senhor avalia a safra atual?

Foi uma safra normal. As frutas exportadas para Europa, especificamente o melão, tiveram uma aceitação muito boa pelo mercado, por causa do alto nível de qualidade. Mas sempre tem alguns obstáculos. Este ano, por exemplo, houve atraso na entrega de caixas por alguns fabricantes de papelão, deixando alguns produtores com grandes prejuízos, tipo de problema que não poderia ocorrer.

O que espera em 2011?

A safra para o mercado exterior deve ter leve alta por causa dos pequenos sinais da recuperação  de alguns membros da comunidade Europeia. Também temos expectativas de aumentar as vendas no mercado nacional. Através de eventos como Expofruit e rodadas de negócios realizadas pelo Sebrae RN, os produtores podem se encontrar com compradores para ampliar suas vendas.s

Expofruit ajuda a expor produtos e problemas do setor

A Expofruit 2011, Feira Internacional de Fruticultura Irrigada, que será lançada hoje em Mossoró, é uma das formas de dar mais visibilidade aos problemas enfrentados pelo setor, na avaliação de Francisco de Paula Segundo, presidente do Coex. De acordo com ele, eventos como a Expofruit podem alavancar o setor, gerando oportunidades de negócios para grandes, médios e pequenos fruticultores. O ministro  da Agricultura será convidado para participar da feira e conhecerá a realidade da fruticultura local. Assim como a cadeia produtiva do leite, a fruticultora é um dos setores que mais gera empregos e contribui para permanência do homem  no campo. O setor emprega 15 mil pessoas e pode gerar mais de 70 mil empregos indiretos. Segundo Francisco de Paula, alguns fruticultores estão atravessando a divisa do Ceará e deixando o RN. “É porque o empresário vai para o Ceará? Porque lá o que ele gasta em  exportação, recebe de volta. O imposto é devolvido através da lei Kandir. No Ceará, isso é norma. No RN, não”. Essa medida, segundo Francisco, aumentaria a competitividade no estado e seguraria o fruticultor no estado.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas