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Fruticultura “perde” R$ 21 milhões

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Sara Vasconcelos – Repórter

Os produtores de  melão e mamão do Rio Grande do Norte amargaram um prejuízo de cerca de R$ 21 milhões, na última semana. O valor se refere à carga de 700 carretas, com aproximadamente 14 mil toneladas de frutos que deixaram de embarcar – tanto para o mercado interno, quanto para o exterior – nesse período. O levantamento é do  Comitê Executivo da Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex). 
Os produtores de melão, principal produto da pauta de exportações do RN, estão entre os prejudicados: os embarques atrasaram
A produção não foi escoada devido à suspensão da emissão de documentos de permissão de trânsito de vegetais (PTV), em decorrência de uma paralisação no sistema informatizado (Siapec) usado pelo Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do estado (Idiarn), na quinta-feira, dia 20. O problema no sistema causou ainda a paralisação do cadastramento de propriedades criadoras de gado realizado pelo órgão fiscalizador.  O documento PTV é exigido para que o transporte seja realizado e ainda para subsidiar as certificações  fitossanitárias (CF) e de Reexportação (CFR), de acordo com as normas de defesa sanitária do Ministério da Agricultura (MAPA).

Mesmo com a retomada das emissões na última quinta-feira, 27, explica o presidente do Coex, Segundo de Paula, o prejuízo está instalado. “Já estamos com esse prejuízo e caso se repita pode comprometer toda a cadeia produtiva, inclusive as exportações.  Os frutos são os principais da pauta de exportação e não podem esperar depois de colhidos. Os produtores não contam com câmaras frigorificas e podem ‘quebrar’”, disse o presidente do Coex.

A cada semana são despachados do Rio Grande do Norte  para países como Reino Unido, Espanha, Holanda, Itália e Estados Unidos – além do mercado interno – em torno de 3 mil carretas de mamão, melão, melancia e banana. Cada carreta  carrega 20 toneladas de frutas.

A situação é “preocupante”, frisa Segundo de Paula, porque há navios contratados para levar semanalmente uma mercadoria que não embarcou e que se perde nas fazendas. As cargas já foram comercializadas e, sem o envio da mercadoria, os produtores arcam com os custos da chamada “carga morta” nos navios contratados. O contrato junto as empresas de navegação é celebrado no início do ano.

 Em 2011, a safra foi de 250 mil toneladas, o que representou US$ 250 milhões em exportações de melão e melancia e US$ 50 milhões em exportações de outras culturas. Para este ano e 2013, a expectativa é que a produção se mantenha. “Como não houve prospecção de novos mercados e ainda há a crise na Europa, não há projeção de crescimento”, diz  de Paula.

Falha prejudica trabalho antiaftosa

O trabalho em prol da saída do Rio Grande do Norte da área de risco médio da febre aftosa para livre da doença com vacinação também teria sido afetado pela paralisação no sistema Siapec. O cadastramento de propriedades criadoras de gado do Estado teria sido prejudicado. O cadastro é parte importante no processo de mudança de status para área livre.
Fabiana Lo Tierzo: soluções já em execução ou a caminho
“Isso pode prejudicar todo o trabalho  feito para sair da febre aftosa e traz consequências para todo o Nordeste, podendo retardar a mudança no status da região”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do RN (Faern), José Vieira. O presidente da Anorc, Júnior Teixeira, espera que a situação seja normalizada em tempo de cumprir o prazo.  “Houve uma concessão tanto para o RN, quanto para Paraíba e isso deve ser prioridade para o estado”, disse ele.

Em maio, o Rio Grande do Norte sofreu restrições sanitárias e foi impedido de iniciar o teste de sorologia – análise para se averiguar se há circulação do vírus da aftosa na área -, devido as deficiências do Idiarn em executar, entre outras metas, o cadastro de propriedades. A concessão feita pelo Mapa para a sorologia em agosto foi prorrogada por mais um mês e deve encerrar em 15 de janeiro.

As visitas dos técnicos veterinários do Idiarn às fazendas sorteadas para a realização do teste de sorologia – última etapa para mudança do status – também foi interrompida. O atraso no pagamento das diárias fez com que os deslocamentos não fossem realizados.

Técnicos do Idiarn param serviço

Problemas envolvendo o sistema informatizado não são os únicos enfrentados pelo Idiarn. A diretora do Instituto, Fabiana Lo Tierzo, admitiu que os técnicos da instituição pararam as atividades de visitas às propriedades rurais – dentro do trabalho para tirar o RN da zona de médio risco de aftosa – devido a atraso no pagamento. Ela não informou o valor do débito. “É um assunto interno do Instituto e estamos aguardando a Secretaria de Planejamento fazer o repasse para ser normalizado”, disse. Enquanto a greve perdura, o Idiarn conseguiu junto a superintendência do Ministério da Agricultura a cessão de cinco equipes oriundas do Piauí.

“Como temos um prazo a cumprir no processo de sorologia, a substituição dos técnicos pelas equipes do Piauí garantem a continuidade do processo”, assegura Fabiana Lo Tierzo.

A diretora também confirmou a falha no sistema informatizado do instituto, a partir da quinta-feira, dia 20, mas afirmou que ele foi retomado na quinta-feira, dia 27 – após o feriado. O problema ocorreu devido à suspensão do serviço prestado pela empresa  terceirizada, Siapec, de Sergipe, cujo contrato emergencial  expirou. A empresa teria travado o acesso  ao banco de dados existente depois de perder o processo de licitação para gerir o cadastro, para a empresa local TI. “Desde ontem (quinta-feira) a transferência do banco de dados entre as empresas foi iniciado e o sistema liberado. Não houve prejuízo para o cadastramento das propriedades”, afirmou Fabiana.

A diretora frisa que, apesar do problema, a emissão de permissão de trânsito de vegetais (PTV) foi mantida. “Foi montado na sede em Mossoró uma central que funcionou com dados próprios e emitiu os PTVs”, disse. Ela não informou a quantidade de documentos emitidos, tampouco o tempo necessário para normalizar o serviço.

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