A luta para fazer parte do seleto grupo das modalidades olímpicas é antiga. Há, de acordo com o Comitê Olímpico Internacional, uma chance real de ser integrado nos jogos de Pequim, em 2008, mas apenas como convidado. Com tudo isso, o futsal é um dos esportes que caiu na graça do brasileiro numa proporção semelhante ao futebol.
Primo ligítimo dos campos, o futsal, que foi batizado de futebol de salão, consegue conquistar o torcedor do campo levando-o às quadras com naturalidade. Quando o nome do time está associado ao clube de coração do futebol fica ainda mais fácil. Caso de ABC e América no Rio Grande do Norte, por exemplo.
Nos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte – maior evento de desporto estudantil do Brasil – o futsal é sempre o campeão de inscrição, tanto que há uma eliminatória antes da fase final dos jogos com o propósito de reduzir o grande número de participantes, no masculino e, mais recentemente, no femino.
Profissionalmente, porém, o esporte ainda não evoluiu no Estado no mesmo nível do Sul do país. Lá, diferentemente de cá, os clubes contam com estrelas do esporte, supervalorizados e ganhando vultosos salários, compatíveis com o futebol. Falcão, do Malwee Jaraguá, lidera a lista de delebridades do futsal.
Fora do país, a Espanha é o principal destino dos jogadores que se destacam em solo brasileiro. Assim como acontece com o futebol, o futsal também sofre com o êxodo de seus craques.
Investimento na base é fundamental
Na contra-mão da rota internacional, Natal e Macau tornaram-se destinos de algumas “feras” da elite do futsal canarinho, considerado o melhor do mundo assim como o futebol. Protagonistas da final do Campeonato Norte-rio-grandense, encerrado na última quinta-feira, ABC e Macau receberam reforços com “padrão” nacional de qualidade. Boa parte do investimento feito seria desnecessário se o Estado não vivesse um momento de estagnação na formação de novos valores da quadra.
“O investimento chegou. Só nos resta, agora, organizar o calendário e partir para um processo de valorização das bases, que é o futuro do futsal. Para isso, o intercâmbio é fundamental. Precisamos participar de mais torneios inter-estaduais e seguir bons exemplos como Pernambuco e Paraíba”, ressaltou Ricardo Lima, ex-jogador de futsal, que como técnico recém-contratado, ajudou ao ABC a conquistar o bicampeonato do RN.
No segundo mandato à frente da Federação Norte-rio-grandense de Futsal, Clóvis Gomes, iniciou um processo de revitalização das bases. O primeiro passo foi formar a seleção potiguar sub-15, que sob o comando do professor Helder Moura, já disputou dois torneios nacionais. “Nunca uma equipe sub-15 do Estado havia sido formada para disputar qualquer competição nacional. E, agora, nós temos uma”, revelou Clóvis Gomes.
Ainda de acordo com o dirigente, a Federação não tem medido esforços para revitalizar as bases. “Estamos fazendo um esforço tremendo. O problema é que o RN é um Estado atípico. Com exceção de ABC e América, não tem clube. O futsal de base do Estado é formado pelo desporto escolar. É diferente, por exemplo, de Recife que tem Santa Cruz, Sport e Náutico”, explicou Clóvis.
“Mesmo assim, conseguimos fazer campeonatos a partir da categoria sub-9, que já é um sucesso, com mais de dez clubes. Acho que estamos no caminho certo”.
Semelhança com futebol favorece o jogo de salão
þAinda considerado amador, mesmo contando com jogadores que firmam contratos trabalhistas e profissionais com os clubes, o futsal é o único esporte, depois do futebol, que consegue lotar ginásios no RN, pegando “carona” no futebol.
Algumas cidades do interior que estão fora do circuito do futebol profissional chegam a fazer festa em dias de jogos do Campeonato Norte-rio-grandense de futsal. “É impressionante a empolgação do público. O interior gosta do futsal e lota os ginásios em dias de jogos”, ratificou Clóvis Gomes, presidente da FNFs.
A interiorização é considerada o divisor de águas do futsal no Estado. “O futsal é uma das poucas formas de lazer do povo no interior”, comentou Rubens Lemos Filhos, secretário de comunicação do Estado e diretor do ABC/UnP/Art & C.
“É simplesmente impressionante como os ginásios lotam no interior e a comunidade se envolve com o esporte”, completou o publicitário Arturo Arruda Câmara. “Futsal no interior é sinônimo de casa cheia”, emendou Madson Fernandes, jornalista e apresentador do Mult TV Esportes (Rede TV!).
O processo de interiorização do futsal surgiu na gestão atual da Federação. “Reconhecemos a força do futsal no interior e resolvemos investir nisso. Deu no que deu. Hoje, em 90% dos Estados brasileiros, o futsal sobrevive por causa da força do interior. Aqui, o interior está completamente envolvido nas competições oficiais da Federação e deu uma motivação a mais nos campeonatos”, declarou.
Clóvis disse ainda que “a diferença do interior para a capital é que no interior as prefeituras investem no time da cidade que conta com o apoio em peso da população local. Em Natal, se não for Rubinho (Rubens Lemos Filho, diretor de futsal), no ABC, e Artuzinho (técnico), no América, não tem ABC e América e os jogos entre outras equipes não empolgam os torcedores. E as torcidas de ABC e América lotam os ginásios, embaladas pela paixão do futebol”, explicou.
Andrew Leite, diretor do time de Macau, vice-campeão estadual, afirmou que a semente que foi plantada há dez anos no município está sendo colhida agora. “Tudo começou com o trabalho do professor Décio Cabral (Décio do Cruzeirinho) há dez anos. É muito importante o investimento no futsal”, disse Andrew, que também apostou no futebol de campo no ano passado, com sucesso. Cidades como São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Parnamirim, além de São José de Campestre também são bons exemplos de força no interior.
Futsal como ferramenta de marketing
Reativado 20 meses atrás, o time de futsal do ABC consegue o apoio fundamental da “Frasqueira”, que carente de futebol e mesmo ainda ressentida com o clube, voltou a mostrar sua força ao lotar o ginásio do Sagrada Família na última quinta-feira, para festejar o bicampeonato norte-rio-grandense no futsal. O ABC segue uma tendência mundial e em parceria com uma Univesridade e uma agência de publicidade compôs o ABC/UnP/Art & C.
“Nesses vinte meses de parceria não tenho a menor dúvida do retorno garantido com o investimento”, avaliou Arturo Arruda Câmara, publicitário e diretor da agência de publicidade Art & C.
“No começo era um desafio para mostrar a força do marketing esportivo. A nossa intenção, também, é a de mostrar aos anunciantes e empresas locais que não adianta apenas investir e colocar o time para jogar. Junto com o investimento deve haver uma estrutura profissional por traz, assessorando o investimento feito, como uma assessoria de imprensa, por exemplo. Apenas injetar dinheiro de patrocínio não é garantia de retorno de mídia”.
Feminino sobrevive à míngua
Não fosse a dedicação do casal de professores, Esmerino Análio e Isabel Araújo, o futsal feminino seria apenas um sonho no RN. Durante a decisão do masculino entre ABC e Macau, as meninas do futsal alvinegro, comandadas por Isabel, vendiam rifas aos torcedores com o objetivo de arrecadar dinheiro para ir à João Pessoa, na quarta-feira que vem, disputar um torneio regional.
“Infelizmente não contamos com apoio de ninguém. Então, temos que nos virar para conseguir recursos”, disse Isabel. “É uma pena que não haja investimento no futsal feminino”, reclamou Esmerino, que além de liderar o time na atividade fim, utiliza o futsal como ferramenta de educação e socialização. Apesar da estaganção na esfera adulta, o futsal feminino assistiu a uma evolução meteórica no desporto escolar, no qual os Jern’s são o termômetro.
A volta da Taça Brasil para Natal no início deste ano e a presença de times do RN na Taça NE também deram um novo impulso ao futebol da bola pesada. A aproximação da Federação com a Confederação Brasileira de Futsal também foi importante.
ABC/UnP/Art & C reforça time para a Taça Nordeste
Depois da conquista do bicampeonato estadual, a diretoria do ABC/UnP/Art & C confirmou a contratação de dois reforços para a Liga Nordeste. O goleiro Brigadeiro e o ala/pivô Butina, que disputaram a Liga Nacional pelo Cascavel/PR. Ambos também participaram da Taça Brasil pela equipe paranaense em fevereiro, em Natal.
Flávio Tadeu Quintino de Araújo, o Brigadeiro, tem 29 anos, 1,81 de altura e 94 kg. Foi campeão paulista pelo Banespa em 2001 e paranaense pelo Cascavel em 2004. Disputa a Lga Nacional desde 2000. Diones River Domingos de Freitas, o Butina, tem 27 anos, 1,90 de altura e 85 kg. Em 2005 disputou a Liga Nacional pela UCS. Brigadeiro e Butina, titulares do Cascavel, chegam terça-feira a Natal e se apresentam ao técnico Ricardo Lima.
Brigadeiro vem para ocupar a vaga de Neílson, que machucou-se após a Taça Brasil e teve de ser operado do joelho. Os reforços estarão regularizados para a partida contra o Cabo Branco (PB), dia 20, em João Pessoa e para o jogo da volta contra o Sport, dia 22.
