Reunindo autoridades empresariais, políticas, especialistas em educação, gestores e estudantes, a 39ª edição do seminário “Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte” colocou a educação no centro do debate apontando que, para repor as perdas que foram ampliadas com a pandemia, será preciso mais investimento em todos os níveis, mudança no planejamento pedagógico para diagnosticar as deficiências e acompanhar a recuperação das habilidades e competências dos estudantes, além de um novo olhar para inserir as novas tecnologias no ensino, utilizando-se dos aprendizados que o ensino remoto trouxe, inclusive a necessidade de reduzir as desigualdades, dando acesso à era digital a todos os alunos.

José Daniel Diniz fez abertura do Motores, que apontou para desafios como a inclusão digital, a redução das desigualdades e a implantação de novo modelo de ensino
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- Presidente da Andifes: “não podemos renegar o legado da experiência remota”
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- Denise Campos: “a gente deve formar alunos que dêem conta de projetar soluções para o futuro”
- Na pandemia, cresce demanda por capacitação tecnológica
- José Henrique Paim: “é importante que tenhamos a cultura do acompanhamento”
- Qualificação profissional transforma realidades
- Presidente do Sistema Fecomércio: “melhorar a dinâmica de ensino, capacitando profissionais, é uma necessidade”
A utilização de ferramentas digitais no ensino remoto foi apontada pelos participantes como uma rica herança que a pandemia vai deixar, contudo, a governadora Fátima Bezerra destacou que ainda falta dar garantir o acesso a esse legado. “A exclusão digital ficou escancarada durante a pandemia que mostrou a dificuldade de acesso dos estudantes. É bom que se reflita que essa combinação do ensino presencial com o remoto veio para ficar. E acho que a reflexão cabe no sentido de entendermos que esse seja um dos legados mais importantes do pós pandemia. Daí a necessidade imperiosa de valorizar a educação a ciência, a tecnologia e a inovação”, defendeu Fátima Bezerra na abertura do evento. Ela anunciou investimentos da ordem de R$ 70 milhões para levar banda larga às escolas em 2022.
O reitor da UFRN, José Daniel Diniz, enfatizou que a pandemia diexou importantes perdas na educação, seja no ensino básico ou superior e que não se pode pensar nos dois níveis separadamente. “Sabemos que a educação é o mais importante vetor para a redução das desigualdades sociais e econômicas e para o desenvolvimento sustentável de qualquer país e a responsabilidade social de cada um de nós indica que não podemos abrir mão do nosso futuro“, disse ele.
Rumos da educação
Além de avaliar o que foi e está sendo feito durante a pandemia dentro do sistema de ensino, seja público ou privado, especialistas também apontaram os rumos que a educação poderá seguir para reduzir as perdas. Nesse novo momento, a aprendizagem requer novas formas de organização do pensamento, com a saída da disciplina para o pensamento em rede, das conexões, de descobertas. Esse modelo foi defendido pela vice-presidente Acadêmica da Ânima, Denise Campos.
“Ao invés de nos organizamos no sentido de disciplinas, de alguma maneira, vamos trazer pra pauta as questões do on demand, das nanoddegrees, do espírito de laboratório, que é mais ou menos estudar por nano ou minicursos que tenham começo meio e fim e competências claras a serem desenvolvidas nas três dimensões do conhecimento. E a diplomação, ou o curso, é um conjunto de certificações que permita uma agilidade no ingresso no mundo do trabalho”, pontuou a educadora. Denise Campos também apontou a necessidade da inclusão digital. “O uso de tecnologias estará presente nos ambientes virtuais e presenciais. Então, antes de mais nada, é preciso focar nas questões de discussão de acesso”, reforçou ela.
Da mesma forma, o presidente da Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino (Andifes), Marcus Vinícius David, endossou que é preciso tornar perenes algumas tecnologias remotas que já estão sendo operadas no sistema de ensino. “Precisamos ser capazes de utilizar tecnologias, mas ao mesmo tempo resguardar a presencialidade no processo de aprendizagem”, frisou.
Ele disse ainda que o retorno das aulas presenciais vai gerar desafios econômicos, pedagógicos e comportamentais na comunidade acadêmica. “Não é só mandar os alunos de volta para as salas de aula. Tivemos legados da experiência remota que estamos discutindo a incorporação de forma perene e não podemos abrir mão dessas tecnologias. Então, precisamos fazer uma adaptação para o amplo retorno das atividades presenciais”, declarou Marcus Vinícius.
Todas essas questões passam pelo viés da governança. Nesse aspecto, o ex-ministro da Educação, Luiz Henrique Paim, enfatizou que a gestão na educação é complexa devido a autonomia de cada ente, e, por isso, a União precisa estar apoiando para que esses entes respondam à temática e aos desafios da educação básica.
“Precisa orientar e coordenar, sendo responsável também pelo sistema federal e regulador do sistema privado. Todo esse papel precisa ser mais claro, orgânico, funcional e colaborativo. Quando falamos de governança e futuro da educação, com os efeitos da pandemia, há uma série de aspectos que precisam ser colocados, dada a desigualdade social. Precisa pensar em reduzi-la”, disse Paim.
Análises
Conheça as avaliações dos palestrantes do Motores do Desenvolvimento do RN sobre o tema debatido

Denise Campos – vice-presidente Acadêmcia da Ânima Educação
“A educação combina com o tema ‘motor do desenvolvimento’. Nós estamos precisando reaprender a viver e a viver juntos. A educação é a força capaz de fazer isso, de transformar as pessoas, de fazer diferente, de repensar, de mover, de mudar”

Marcus Vinícius David – Presidente da Andifes
“Gostaria de falar da importância de termos a oportunidade de, em um evento, estarmos reunindo o meio acadêmico, o setor produtivo e os governos locais. Isso é de uma riqueza muito grande e o caminho que oferece as oportunidades de desenvolvimento”

Luiz Henrique Paim – ex-ministro da educação
“Discutir o tema da educação associado ao desenvolvimento econômico é sempre muito importante porque na história do Brasil nem sempre a gente teve essa preocupação com o casamento da agenda do crescimento econômico com a da educação.”
Autoridades

Governadora Fátima Bezerra
“Parabenizo a Tribuna, a Fecomércio e as demais entidades parceiras na escolha do tema que não poderia ser melhor para o momento. Temos grandes preocupações porque nosso estado tem que estar preparado para vencer o desafio das desigualdades sociais e educacionais que afloraram durante a pandemia. E será enfrentado com o fortalecimento do tripé educação, ciência e tecnologia. É fundamental a valorização desse tripé para retomarmos nosso fluxo de desenvolvimento e articulação com o setor produtivo”

José Daniel Diniz – reitor da UFRN
“Sinto-me honrado por representar uma instituição que se tornou parceira do Motores desde a sua primeira versão. Com a convicção de acreditar no progresso do nosso estado, a despeito das dificuldades que atualmente são enfrentadas, tenho a certeza de que esta foi uma oportunidade rica para discutir o tema educação e ciência nesse momento de crise. A atividade educacional e a ciência não cessaram. Há nisso, certamente, um gesto de resistência que é necessário valorizar”

Marcelo Queiroz – presidente da Fecomércio/RN
“O Motores do Desenvolvimento tem acontecido sempre discutindo temas importantes com palestrantes de mais alto nível. Com o tema educação não poderia ser diferente, com Henrique Paim, Marcus Vinícius, Denise Campos, que trazem a experiência, a visão deles e orientações sobre o que podemos fazer nesse momento em que a educação e a ciência está tão comprometida devido a forte pandemia que estamos passando”

Júlio Giraldi - Superintendente de Relacionamento com Clientes da Neoenergia Cosern
“Parabenizar a todos pelo evento. Nós da Neoenergia Cosern acreditamos que educação e ciência são pilares que vão tracionar a retomada da econômica no pós-covid-19. A gente acredita muito na educação e na ciência, tanto que temos bolsas de estudo para o Brasil e todo o mundo e programas o do ponto de vista de ciência temos programas de investimento não só no futuro da rede elétrica mas também projetos para a descarbonização do planeta”