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Gabriel Maksoud, da DOM Investimentos: ‘Quem sobreviver, sairá mais forte’

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Ricardo Araújo
Editor de Economia
A pandemia do novo coronavírus causou um estresse jamais visto no mercado financeiro mundial. Bolsas de Valores despencaram, moedas como o dólar, euro e a libra esterlina conquistaram valorização jamais vista ante o real e o brasileiro viu seu poder de compra desmoronar. 
Sem consumo, empresas pararam a produção, estoques aumentaram, trabalhadores foram dispensados e investir se tornou um risco em meio ao cenário caótico e de recessão na economia nacional. Hoje, porém, passado o período considerado mais tenebroso, com a Bolsa de Valores  apresentando melhoras, há possibilidades diversas para a retomada dos investimentos no mercado financeiro.
Na entrevista a seguir, Gabriel Maksoud  faz uma análise do momento atual e aponta possibilidades de investimentos para os marinheiros de primeira viagem nas ações ofertadas nas Bolsas de Valores e destaca a importância da consulta a um especialista do setor para a melhor aplicação. Acompanhe. 
Como o senhor analisa o atual momento do mercado de negócios no Brasil? 
Essa pandemia mostrou para todos os empresários a necessidade de implementar melhorias tecnológicas para poderem sobreviver. Empresas fizeram em três meses o que fariam em anos, e essas melhorias irão ficar para o longo prazo. Cito dois exemplos clássicos: o primeiro é das empresas implementando home office até o final do ano, podendo ser estendido para sempre. Isso faz com que a empresa reduza seus custos fixos e o funcionário não perca tempo com deslocamento e, consequentemente, se torne mais produtivo. O segundo exemplo é a necessidade de se reinventar para conseguir vender seus produtos. Empresas que não tinham venda online, por exemplo, tiveram que desenvolver um e-commerce para continuar faturando. Na minha percepção, a Covid-19 irá fazer com que muitas empresas mudem bruscamente os seus modelos de negócios, e quem sobreviver sairá ainda mais forte do que entrou, ganhando fatia de mercado de seus concorrentes. 
Quais empresas estão atraindo mais investidores na atualidade? Como mirar e acertar numa dessas empresas?
Quando a bolsa está em alta sempre aparece aquele amigo com as “dicas quentes”, alegando que fez muito dinheiro em um curto espaço de tempo. É claro que não podemos generalizar, mas geralmente ouvir essas dicas para investir pode ser uma furada. O segredo para ser um investidor bem sucedido é entender bem o que você está comprando e começar pequeno. Bolsa de Valores irá sempre existir. Portanto, sempre terão boas oportunidades. Meu conselho é não se apressar para entrar no mercado de renda variável e investir com o auxílio de um profissional. Os bancos e corretoras auxiliam os investidores nas escolhas das ações com relatórios fundamentalistas de todas as empresas listadas na Bolsa, e divulgam gratuitamente para seus clientes com um rating de compra, venda ou neutro. Os clientes do BTG têm acesso aos relatórios do research do banco, que foi premiado como o melhor research do Brasil pelos últimos três anos. Vale destacar que quem quiser se expor no mercado de Renda Variável, mas não quiser escolher as ações, pode ir atrás de um fundo de ações onde o gestor tem uma equipe que acompanhará profundamente o ativo e irá escolher as ações para o cliente, sabendo a hora de sair das posições ou aumentar. É sempre importante contar com uma assessoria para saber que se está investindo em um produto adequado ao perfil de cada investidor.
O senhor tem notado que o brasileiro está mais disposto a investir no Mercado/Bolsa de Valores?
Sem dúvidas, o principal causador disso foi a queda na taxa de juros do Brasil e a disseminação de educação financeira por parte das corretoras de valores e bancos de investimento. Há poucos anos, tínhamos a renda fixa pagando um retorno anual de dois dígitos. Portanto, não havia estímulos para investir em empresas. Hoje, com um juro nominal de 2,25% ao ano, os investidores são obrigados a correr mais risco para manter um bom retorno em seus investimentos. Isso gerou uma grande curiosidade por parte dos investidores em ir para a Bolsa de Valores. De acordo com a B3 (a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo), verifica-se que em 2019 o Brasil tinha 1.6 milhão de CPFs cadastrados por agente de custódia, e hoje já estamos em mais de 2.6 milhões (junho de 2020), um crescimento de 57% em seis meses. Esse número está crescendo em uma velocidade nunca vista, porém, isso ainda é muito pouco. Nos Estados Unidos, por exemplo, 50% da população investe em Bolsa (de Valores), enquanto aqui no Brasil a porcentagem é apenas de 1%. Com o juro baixo, acredito que o número de pessoas físicas na B3 dobre nos próximos 12 meses. 
Como é possível se tornar um investidor quando não se conhece muito do mercado financeiro e sua dinâmica?
Falando sobre um novo investidor em ações, comece por algo que você conhece, como por exemplo uma empresa que você seja cliente. Entre no site da empresa e acesse a parte de “relações com investidores” para se inteirar sobre os planos da empresa. Além disso, leia os relatórios de research das corretoras e bancos e acompanhe seus resultados. Ressalto que é importante contar com um assessor para montar um planejamento e discutir sobre alternativas de investimento, para que você se torne vitorioso no futuro.
De que maneira é possível avaliar os riscos dessas operações de investimento? 
Quando você investe em ações, é importante que você esteja ciente que está se tornando sócio de uma empresa. Entenda o que a empresa faz, como ela ganha dinheiro, quem são seus concorrentes, se ela consegue expandir seus negócios e se ela está ganhando market share. Todos sabem que a pandemia será devastadora para algumas empresas, mas outras não sofrerão tanto, como os setores de energia elétrica, saneamento ou telefonia. Essas seriam menos arriscadas em comparação a uma empresa de aviação, que pode ficar meses tendo um fluxo muito menor de passageiros por conta do vírus. Minha dica é contar com seu assessor de investimentos para te auxiliar nas suas decisões e estudar bem o que você compra!
Como a pandemia mudou a dinâmica do mercado de investimentos?
A pandemia fez com que o brasileiro em geral se preocupe mais com a alocação dos seus recursos. Pessoas perderam empregos, algumas perderam parte de suas receitas e, no fundo, todos os setores foram prejudicados. Aliado a isso, o juro na mínima histórica fez com que as pessoas se preocupassem mais com o retorno dos seus investimentos e buscassem alternativas mais lucrativas. Essa tendência tende a continuar muito forte no Brasil, com a educação financeira crescendo cada vez mais e as pessoas melhorando sua forma de investir, o que gera, consequentemente, um retorno maior de seus investimentos!
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