quinta-feira, 25 de abril, 2024
26.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

Galega

- Publicidade -
Dácio Galvão
[Mestre em Literatura Comparada, doutor em Literatura e Memória Cultural/UFRN e secretário de Cultura de Natal]
Em uma das edições do Festival Literário da Pipa -FliPipa cuja curadoria estávamos a frente conseguimos reunir um timaço de escritores. Temas envolvendo debates estavam propostos: “Ditadura, literatura e poesia marginal brasileira”, colocava no front o poeta Chacal e Alexandre Alves. Sequenciando acontecia a “A Saga dos Lacerda: Do fim do Império a Era Vargas”, composta pelo historiador Rodrigo Lacerda, e os jornalistas Ticiano Duarte e Diógenes Dantas. Mesas seguintes traziam esclarecimentos polêmicos sobre “Carlos Marighella e a batalha das biografias não autorizadas” com a  ilustríssima presença de Mário Magalhães somada a do jornalista-escritor Cassiano Arruda Câmara. As poetizações da mesa “Fala Poeta!” se propondo a destilar conversas entre José Carlos Capinam, o parceiro Gereba Barreto e o Abimael Silva, do Sebo vermelho. Fechando as falas da quinta edição acontecia o bate papo com refino e erudição sob a perspectiva de se perceber que “A História nasce de outra história”. A proposta e a centralidade temática ficaram na responsabilidade da escritora Nélida Piñon! O jornalista Woden Madruga e a poeta Marize Castro ladearam direções para uma plateia seleta, descolada e para lá de atenta. Ligadíssima! 
A escritora sempre carregou consigo a profunda marca da sua origem ibérica -quando conveniente, fazia questão de ressaltar suas origens enraizadas na região da Galícia, na Espanha, de ancestralidade celta- ficou feliz. Se entusiasmou e descontraiu. Na Tenda dos Autores do FliPipa demonstrava desconforto. Estava preocupada com a quantidade de assistentes. A mesa pelo fato de ser a última da badalada noite não sofreria esvaziamento de público? O adiantado da hora… no final o espaço ficou abarrotado de gente ligadíssima na figura extraordinária daquela mulher-escritora. Do que ela intelectualmente representava. Do que ela falava, discorria. Noitada apoteótica. Generalizações e cores da literatura galega se espalhavam em densidade  
Nutrida pela literatura clássica, Piñon mantinha conexões com a literatura galega. Lia obras escritas em galego, produzidas por galegos ou em processos de criação na Galícia. Uma figura culta e carismática! Além de ter tido a oportunidade de encontrá-la no conhecido e famoso “Chá” da Academia Brasileira de Letras/ABL -saboreando imensos morangos- dividida entre colegas acadêmicos em dada circunstância a visitamos em seu apartamento, no Rio de Janeiro. De organização impecável.  Obras de artes bem expostas, o mobiliário… presença de preciosíssimo cão acarinhado e uma assessoria receptiva no   padrão do mais refinado protocolo-Itamaraty. Recebia elegante, com distinção.
Nélida Piñon primeira mulher-presidenta da ABL. Amiga-irmã do generoso acadêmico potiguar Murilo Melo Filho. Aqui esteve e se dividiu respirando mares, fazendo pontes entre praias cariocas, ibéricas e a praia da Pipa. Cores da literatura galega se espalhavam em densidade sob a brisa noturna do litoral leste potiguar. Em Tibau do Sul.
* Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor.
- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas