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Geddel e Cunha lideravam desvios na Caixa, diz PF

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Fábio Fabrini,
Fausto Macedo e
Julia Affonso
Agência Estado

São Paulo (AE) – Investigações da Polícia Federal apontam que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que comandou a Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal no governo de Dilma Rousseff, atuava em conluio com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha para liberar empréstimos a empresas em troca de propina. Segundo as apurações, o dinheiro seria para benefício pessoal dos investigados e também para abastecer o caixa do PMDB, partido ao qual ambos são filiados.
Geddel Vieira afirma que operação decorre de "ilações e meras hipóteses não comprovadas"
As suspeitas sobre esquema de corrupção no banco público levaram a PF a deflagrar ontem a Operação Cui Bono? (expressão em latim que significa “a quem interessa?”). Foram feitas buscas em imóveis de Geddel em Salvador e em Camaçari, na Bahia, além de apreensão de mídias e documentos na sede da Caixa, em Brasília. Os investigadores pediram, mas o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal, em Brasília, negou busca e apreensão no apartamento do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, sob a justificativa de que o parlamentar possui foro privilegiado.

O ex-ministro, que ocupou cargo na Caixa entre 2011 e 2013, deixou a Secretaria de Governo de Michel Temer em novembro do ano passado, após ser acusado por Marcelo Calero, então colega de Esplanada, de pressioná-lo pela liberação de um prédio na capital baiana.

As suspeitas contra o ex-ministro surgiram após a PF analisar mensagens de um celular apreendido na casa de Cunha durante a Operação Catilinárias, em dezembro. O deputado cassado, o ex-vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa Fábio Cleto, delator da Lava Jato, e o operador do mercado financeiro Lúcio Bolonha Funaro já são réus na Justiça Federal em Brasília por integrar o suposto esquema de desvios na Caixa.

Os relatórios da operação desta sexta sustentam que Geddel repassava informações privilegiadas a Cunha e, a pedido dele, facilitava os trâmites de empréstimos às empresas que aceitavam pagar suborno. As propinas, conforme as investigações, eram pagas a empresas de Funaro, atualmente preso em Brasília.

Lucros
Estão sob suspeita operações bilionárias negociadas pela Vice-Presidência de Geddel com a J&F Investimentos, controladora de diversas empresas, entre elas o frigorífico JBS; o Grupo Constantino, da Gol Linhas Aéreas e das empresas Oeste Sul e Comporte; Marfrig e Seara; Bertin, Big Frango, Digibrás e Inepar. As mensagens também mencionam tratativas de Geddel e Cunha para um acerto financeiro com o PSC, presidido pelo ex-deputado Pastor Everaldo.

“Os diálogos não deixam dúvidas de que Geddel e Cunha buscavam contrapartidas indevidas junto às diversas empresas mencionadas ao longo da representação, visando à liberação de créditos que estavam sob a gestão da Vice-Presidência de Geddel”, registrou a PF, acrescentando que, além das empresas de Funaro, a propina era paga “por outros meios que precisam ser aprofundados, tendo como destinação o beneficiamento pessoal deles (os investigados) ou do PMDB”.

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