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Geraldo Alckmin: “O povo foi iludido pelo PT”

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ALCKMIN - Não vejo razão para reeleição do presidente Lula.

Brasília – Pré-candidato do PSDB ao Planalto, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que, neste domingo faz campanha no Recife, previu, em entrevista exclusiva à Agência Nordeste, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não será reeleito. “O povo foi iludido pelo PT. Depois de 20 anos fazendo proselitismo na oposição, o PT chegou ao poder sem ter um projeto para o Brasil”, afirmou. Alckmin assegura que, escolhido pelo PSDB para disputar o Planalto, apresentará um projeto baseado na experiência de JK. “O Brasil não pode esperar. Quando JK falava 50 anos em cinco, o que ele dizia? O sentimento da urgência. O PT foi lento. Lula não merece um segundo mandato”, acrescenta. O governador vê poucas chances de chamar Jarbas Vasconcelos para compor sua chapa como vice, porque não acredita numa aliança do PSDB com o PMDB.

Agência Nordeste: O ex-presidente Fernando Henrique manifestou preferência pela candidatura de Serra. Não foi ruim para o senhor?Geraldo Alckmin: Olha, este assunto, já é objeto de uma outra matéria há 30 dias, teve um desmentido oficial do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-presidente, aliás, é bastante cauteloso e não iria fazer manifestações dessa natureza num momento inapropriado. Esta matéria, portanto, não tem a menor procedência.

• O senhor, que saiu na frente para tentar viabilizar sua candidatura que critérios defende para escolha do candidato? Alckmin: O diretório nacional do PSDB é que vai estabelecer os critérios. Coloquei o meu nome à disposição do partido e sou pré-candidato à Presidência da República. Começo agora a percorrer o País com a intenção de construir um projeto de desenvolvimento, com grande ênfase para o desenvolvimento regional.

• Vai haver disputa, ou seja, há chances do senhor disputar a convenção com Serra?
Alckmin: Não acredito em disputa. Acho que nós caminhamos para um bom entendimento e creio que o partido estará unido. Unidos, construiremos as melhores condições e o melhor projeto para trabalhar pelo Brasil. O PSDB não tem tradição em escolher seus candidatos em convenção. Além do mais, as convenções somente serão realizadas em junho e temos uma data anterior, que é o prazo de desincompatibilização, que é 31 de março, que nos força a adotar outros critérios para escolha do candidato.

• Quais os trunfos que o senhor conta diante de Serra para viabilizar sua candidatura?
Alckmin: Não tenho nenhum trunfo diante do meu amigo Serra. O que desejo destacar é aquilo que acredito. Acredito que o Brasil está preparado para dar um grande salto de qualidade. Nós vivemos hoje num Brasil mais maduro, que aprendeu a controlar a inflação, cujo ex-presidente Fernando Henrique teve um papel importante na estabilidade da moeda e do câmbio. Nosso grande desafio agora é reduzir impostos. E nós temos experiência em relação a isso. Temos que parar com essa coisa de discurso, de blá, blá, blá, sair do palanque e fazer. É isso que estamos fazendo em São Paulo. São Paulo vive uma realidade em redução de impostos e em políticas de geração de emprego e renda. Fechamos em São Paulo todas as torneiras do desperdício e recuperamos a capacidade de investimento do Estado. É isso que faremos no Brasil.

• Com prioridade para regiões mais carentes como o Nordeste?
Alckmin: O Nordeste foi muito penalizado com a perda da capacidade de investimento do Governo Federal. Se compararmos com os últimos 20 anos, constataremos que a cada ano os investimentos são cada vez menores. Isso é muito ruim. Para se promover desenvolvimento regional mais forte, mais vigoroso, capaz de gerar empregos, é preciso recuperar a capacidade de investimento do Governo. Como não dá mais para aumentar impostos, a saída é ter uma boa gestão, fazer um choque de gestão, melhorar a qualidade do gasto público. Nós economizamos aqui em São Paulo, só em compras eletrônicas, R$ 3,4 bilhões em menos de três anos.

• O fato de o senhor estar no final do seu segundo mandato e Serra começando a gestão em São Paulo não o deixa numa situação mais favorável?
Alckmin: Estamos completando 11 anos. Fiquei aqui quase seis anos como co-piloto de um grande governador, Mário Covas. E agora mais seis anos. Trata-se, portanto, de uma experiência importante. Me sinto preparado para governar o País. Temos 62% de ótimo e bom e apenas 8% de ruim e péssimo, o que representa uma excelente avaliação depois de 11 anos de trabalho ininterrupto. Não quero fazer comparação com o meu estimado companheiro José Serra. Cabe a ele avaliar sua situação na Prefeitura. Eu pretendo fazer uma campanha com olhos no futuro, dizendo: o Brasil está maduro e preparado para dar um grande salto. Vou centrar meus esforços na questão de educação, que é fundamental, e o saneamento básico. Não quero perder muito tempo falando mal do PT, do Lula, nada disso. O eleitorado está maduro. Acho que vamos ter uma eleição diferente, fruto do desencanto, desta grave crise política que assolou o Brasil. Teremos um grande nível de exigência ética. Outro desafio é o crescimento sustentado sem voltar a inflação.

• O Brasil merece um segundo mandato de Lula?
Alckmin: Eu não vejo razão para reeleição do presidente Lula. Acho que seu Governo é ruim, ele não merece um segundo mandato. É um Governo moroso, lento e marcado pela corrupção, o que é muito mais grave.

• O Serra assinou um documento se comprometendo a ficar quatro anos na Prefeitura de São Paulo. Esse não seria um dos trunfos do senhor frente a ele?
Alckmin: Eu não posso responder pelo Serra nessa questão. Seria indelicadeza de minha parte.

• Lula não se reelege, conforme previu recentemente o presidente do PFL, Jorge Bornhausen?
Alckmin: Nenhuma eleição é fácil. Nunca ocupei um cargo público que não fosse pelo voto popular. Entendo que o senador Jorge Bornhausen tem razão no sentido de que é difícil se justificar um segundo mandato de Lula. Já tivemos um Governo tão difícil, tão devagar e com tantas dificuldades que, sendo ampliado por mais quatro anos, seria muito ruim para o Brasil. Quando JK falava 50 anos em cinco, o que ele transmitia? O sentimento de urgência. Ora, o Brasil não pode esperar, o Brasil não pode perder tempo. Cinqüenta anos em cinco, eis o sentimento de urgência. No ano passado, o Brasil foi o penúltimo em crescimento. Só ganhamos do Haiti, fomos lanterninha no crescimento na América Latina e no Caribe. É o povo que sofre, é o custo PT. Isso representa menos emprego, menos renda e menos reformas, que não andam. O Governo não anda, o Congresso está parado, há uma inabilidade política. Por tudo isso é difícil justificar mais quatro anos para Lula.

• Lula perdeu o voto da classe média?
Alckmin: Acho que perdeu bastante, porque a classe média é a que mais sofre. Ela está esmagada. Veja que o Brasil pagou, em 2005, R$ 160 bilhões de juros da dívida externa.

• O senhor teme que o Bolsa-Família seja usado eleitoralmente e garanta a reeleição de Lula?
Alckmin: Eu vou manter o Bolsa-Família. A chamada rede de proteção social é necessária. Fernando Henrique foi quem criou o Bolsa-Escola. Aliás, o que é importante é vincular complementação do programa de renda mínima à escola, para que a pessoa possa sair dessa condição de maior vulnerabilidade. O Bolsa-Família, entretanto, não substitui programas geradores de emprego e renda. As pessoas querem emprego, querem trabalhar.

• O senhor diria que o Governo Lula é uma fraude?
Alckmin: O povo foi, na realidade, iludido. O PT vendeu um projeto. Dizia, há 20 anos, que estava tudo errado, mas quando chegou ao poder não tinha projeto. Por isso que digo que não vejo razão para um novo mandato de Lula. A população vai querer mudança, mas mudança para avançar mais. O nosso projeto é o projeto do futuro.

• O que vai ser mais difícil Lula explicar na campanha à reeleição: as promessas não cumpridas ou a corrupção no seu Governo?
Alckmin: As duas coisas. Primeiro, a questão ética, que vai estar no centro do debate. Não vai eleger ninguém, mas ela exclui, tendo, assim, um peso importante. Quando o presidente diz que nada sabia, é muito ruim para ele também. Como é que o presidente nada sabe do que se passa na sala ao lado. Qualquer que seja a resposta do presidente ao valerioduto, ela é muito grave. Quanto às promessas, elas ficaram muito longe. É muito discurso, muita retórica. As coisas não saem do papel.

• Que aliança que o senhor imagina mais forte para derrotar Lula?
Alckmin: Nós só podemos fazer aliança com quem não tiver candidato a presidente no primeiro turno. A aliança mais natural é com o PFL, respeitando o PFL. Se o PFL não tiver candidato, é a aliança mais natural. Se a gente puder ampliar, melhor. Aliança se faz em torno de projeto. Seria ótimo atrair o PMDB, que é o nosso primo. Nós, tucanos, somos do velho e antigo e bom manda brasa, o MDB.

• O senhor vai buscar o seu vice no Nordeste. Havendo uma aliança com o PMDB, este nome pode ser o de Jarbas?
Alckmin: O governador Jarbas Vasconcelos é um excelente quadro. Aliás, Pernambuco mudou, é, hoje, um Estado que avançou muito com o Jarbas. Agora, o Jarbas é do PMDB. Ele só poderia ser meu vice se houvesse uma aliança com o PMDB. Hoje, a decisão do PMDB é ter candidato próprio. Mas isso não diminui a nossa admiração e o nosso respeito pelo Jarbas. Neste momento, não acho fácil uma aliança com o PMDB.

• Mas seria Jarbas um nome dos seus sonhos?
Alckmin: Jarbas honra qualquer chapa, porque faz um grande governo em Pernambuco, é um quadro histórico do PMDB e tem conceito e respeitabilidade no plano nacional. Quando Serra tentou puxar o Jarbas para sua chapa, em 2002, ele fez muito bem, porque o governador tem todas as credenciais para assumir responsabilidades ainda maiores.

• Qual a posição do senhor sobre Sudene e transposição do São Francisco?
Alckmin: O nosso desafio é resgatar a política de desenvolvimento regional e isso passa pela recriação da Sudene, mas para isso é preciso que tenhamos recursos, se não a autarquia renasce fragilizada. Quanto à transposição, não vejo problema técnico, mas é preciso recuperar o rio, cuidar do seu assoreamento.

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