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Gilberto Gil está eleito para a ABL

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Com 21 dos 34 votos possíveis, o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi eleito para a cadeira número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga com a morte, em 27 de maio do ano passado, do jornalista Murilo Melo Filho. Os outros dois concorrentes foram o poeta Salgado Maranhão e o escritor Ricardo Daunt. 
Gilberto Gil, de 79 anos, é o escolhido para ocupar a cadeira 20
Os acadêmicos participaram da votação de forma presencial ou virtual, sendo que um deles não votou por motivo de saúde. Os ocupantes anteriores da cadeira 20 foram Salvador de Mendonça (fundador), Emílio de Meneses, Humberto de Campos, Múcio Leão e Aurélio de Lyra Tavares.
O presidente da ABL, Marco Lucchesi, lembrou de uma metáfora oportuna do sociólogo, escritor e político brasileiro Darcy Ribeiro para se referir ao novo imortal da instituição. “Para Darcy, o pássaro da cultura tinha duas asas. Uma delas era erudita e a outra popular. Para que o pássaro possa voar mais longe, ele precisa das duas asas. Certamente, Gilberto Gil é esse traço de união entre a cultura erudita e popular”.
De acordo com Lucchesi, Gil é um intelectual que pensa o Brasil. “Canta e pensa esse país; provou o exílio, em um momento muito difícil da nação; ocupou cargos importantes, como o Ministério da Cultura. Enfim, é um homem poliédrico, que representa parte essencial desses últimos anos do século 20 e do início do século 21. Portanto, ele é um homem que tem muitos traços de união: a política e a poética; século 20 e século 21; a tropicália e o modernismo. Ele é uma figura de extrema riqueza e, certamente, é muito bem-vindo agora como acadêmico, na casa de Machado de Assis”, disse o acadêmico.
O novo acadêmico
Gilberto Gil iniciou sua carreira no acordeon, ainda nos anos de 1950, inspirado por Luiz Gonzaga, pelo som do rádio e pela sonoridade do Nordeste. Com a ascensão da Bossa Nova, Gil passou a tocar violão e, em seguida, a guitarra elétrica, presente em sua obra até hoje. Em seu primeiro LP, Louvação, lançado em 1967, traduziu em música, de forma particular, elementos regionais, como nas canções Louvação, Procissão, Roda e Viramundo.
Em 1963, iniciou com Caetano Veloso uma parceria e o movimento Tropicália, que acabou internacionalizando a música, o cinema, as artes plásticas, o teatro e a arte brasileira. O movimento gerou descontentamento do regime militar vigente à época, e os dois parceiros acabaram exilados. O exílio em Londres contribuiu para a influência do mundo pop na obra de Gil, que chegou a gravar um disco em Londres, com canções em português e inglês. Ao retornar ao Brasil, Gil deu continuidade a uma rica produção fonográfica, que dura até os dias atuais. São ao todo quase 60 discos e em torno de 4 milhões de cópias vendidas, tendo sido premiado com nove Grammy.
Suas múltiplas atividades vêm sendo reconhecidas por várias nações, que já o nomearam, entre outros, Artista da Paz, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1999; embaixador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); além de condecorações e prêmios diversos, como a Légion d’ Honneur’ da França, a Sweden’s Polar Music Prize, entre outros.
Gilberto Gil afirmou ao Estadão que nomeação como imortal “denota um sentido de ampliação de campo, de escopo, da Academia”, e que com isso a instituição fica “mais pop”.
“Eu nunca pleiteei com muita voracidade, com desejo profundo, foi uma coisa que foi aparecendo aos poucos”, afirma Gil sobre a ideia de fazer parte da ABL. “Alguns anos atrás, tive acenos de membros da Academia e eu sempre descartava. Nunca tive ansiedade com relação a isso. Assumi recentemente esse pequeno desejo.”
“A Academia que esperam que contemplem escritores, gente que lida com a escritura, contempla, no meu caso, como foi com Fernanda Montenegro, outro campo da vida cultural”, afirma o músico. “Isso denota um sentido de ampliação de campo, de escopo da Academia. Ela deixa de ser exclusivamente entidade de escritores e amplia o campo mais vasto. Acho que minha chegada significa um pouco isso. Como disse a Fernanda, fica mais pop.”
Cadeira 20 pertenceu a Murilo Melo Filho
O cantor e compositor Gilberto Gil passa a integrar a ABL, ocupando a cadeira 20, antes pertencente ao advogado, escritor e jornalista Murilo Melo Filho, que faleceu em 27 maio de 2020. 
Natalense, Murilo Melo Filho morreu ao 91 anos. Foi um dos principais jornalistas do país durante a segunda metade do século passado. Ele esteve presente em vários momentos importantes história do país. Murilo Melo Filho também fazia parte da academia de letras potiguar. É um referência para o jornalismo e da cultura nacionais.
Murilo Melo Filho nasceu no bairro da Ribeira, em Natal, no ano de 1928. Deixou a capital potiguar aos 18 anos, mas deu os primeiros passos no jornalismo por aqui mesmo, ainda adolescente. Com 15 anos começou a trabalhar no jornal A Ordem, na Rua Dr. Barata. 
Em seguida foi para o Diário de Natal, com Djalma Maranhão, onde fazia resumos dos jogos brasileiros nos domingos que ouvia no rádio. Já no A República, teve Câmara Cascudo entre os colegas. Nesse jornal, escrevia telegramas sobre a Segunda Guerra, baseados no noticiário do rádio. Muitas vezes escreveu toda a primeira capa da publicação. Também publicou artigos na TRIBUNA DO NORTE.
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