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Goiamum sai da toca

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Ramon Ribeiro
Repórter

Há dez anos, surgia em Natal o Festival Goiamum Audiovisual. O objetivo de seus realizadores era fomentar o cinema potiguar por meio de capacitações, mostras e debates. Apesar da importância, sobretudo no que diz respeito a servir como ambiente de discussão de políticas públicas para o audiovisual no RN, o projeto teve, ao longo dos anos, dificuldades de ser viabilizado financeiramente – em 2014 e em 2016 o festival passou em branco. Depois do desligamento de alguns realizadores, a produtora cultural Keila Sena resolveu assumiu o barco e retomar o Goiamum em 2017, sem grande patrocínio ou edital, “na raça mesmo”.

“Natal não tem outro festival no momento. Uma capital, com a cena em ascensão que estamos vivendo, não pode ficar carente de um evento audiovisual”, conta Keila em entrevista ao VIVER. Ela explica que em 2017 o Goiamum vai acontecer num formato diferente. Ao invés de um evento com vários dias de programação, o projeto vai acontecer em módulos, no caso, quatro, chamados por ela de “drops”.

O primeiro  já está marcado para o dia 30 de junho, no auditório da Biblioteca Central Zila Mamede, na UFRN, com exibição do documentário “À Queima Roupa” (2014), da diretora carioca Theresa Jessouroun, projeção mapeada com a VJ Lê Pantoja (RJ) e debate sobre segurança pública. O evento é aberto ao público. Já nos dias 1º e 2 de julho, será promovida uma oficina de documentário ministrada por Theresa Jessouroun. A participação na oficina se dá mediante inscrição no valor de R$ 120.

Com planos para o futuro, produtora Keila Sena pensa em  levar o Goiamum para uma das salas de cinema, mantendo o formato de debates: “Vamos sair da zona de conforto”, diz
Com planos para o futuro, produtora Keila Sena pensa em  levar o Goiamum para uma das salas de cinema, mantendo o formato de debates: “Vamos sair da zona de conforto”, diz

Essa é a primeira vez que uma ação do Goiamum não é gratuita. Keila explica que foi a maneira encontrada para bancar os cineastas convidados. “Vamos promover ações independentes em 2017. Não chega a ser uma edição do festival. A ideia é fazer módulos mesmo, cada um com uma temática e objetivo diferente”, diz a produtora, que também já olha para o futuro. Ela está entrando com o projeto nas leis de incentivo cultural Rouanet (federal), Câmara Cascudo (estadual) e Djalma Maranhão (municipal). Conseguindo aprovar o projeto e captando, o festival poderia ganhar cara nova em 2018, por exemplo, indo para algum dos cinemas da cidade.

“Para este ano não dava para ficar esperando por editais. Resolvemos fazer nas condições possíveis, na parceria, como um movimento de resistência. Encontramos um formato que era viável sem patrocínio. No ano que vem, conseguindo aprovar o projeto e captando recursos, realizaremos a nona edição do festival, de modo completo”, conta a produtora.

Dos quatro drops previstos para 2017, três já estão formatados. Além do de junho, estão confirmados os drops de agosto e setembro. O de agosto será focado na exibição e terá como tema a “Diversidade Sexual”. “Vamos trazer a Mostra For Rainbow, de Fortaleza. Serão cerca de nove filmes. Também vamos promover debates, inclusive com a participação da realizadora do festival cearense, a Verônica Guedes. E, pra encerrar a programação, vamos dar uma festa”, detalha Keila.

No mês de setembro, o drops do Goiamum terá como temática o Cinema Marginal. O convidado será o cineasta Thiago Mendonça, do filme “Preto Sai, Branco Fica”. Ele também irá ministrar a oficina “Cinema e transgressão” e trará uma mostra de longas que se encaixam na temática. “A ideia é desse módulo tem a ver com a linguagem, ainda que a questão social esteja embutida. Vivemos um cenário complicado na política e buscar maneiras alternativas de narração e produção são possíveis”, comenta Keila.

O quatro drops ainda está sendo desenhado, mas será sobre mercado – assunto sempre presente no festival. “Queremos trazer gente da Ancine, gestores de editais bem sucedidos de outros estados. Será um evento de três dias com realizadores, gestores públicos, diretores de TV e até mesmo consultoria jurídica. O objetivo é abrir a visão de todos na cadeia produtiva para políticas públicas para o audiovisual”, conta.

Theresa Jessouroun fará projeção mapeada de seu Doc, com a VJ Lê Pantoja (RJ)
Theresa Jessouroun fará projeção mapeada de seu Doc, com a VJ Lê Pantoja (RJ)

Para Keila,  dos pontos altos do Goiamum sempre foram os debates sobre a produção e a articulação da cena. “O Goiamum sempre foi um ambiente de trocas, onde os realizadores se encontram, batem papo com profissionais de outras áreas da cadeia produtiva do audiovisual, com gente de outros estados, gente experiente e nova.  Um espaço desses é importante para a cena local, é gerador de coisas novas. Vamos manter esse padrão”, afirma.

Projetos para 2018
Para o próximo ano, Keila adianta que a saída é se reinventar. “Vamos sair da nossa zona de conforto de depender de editais e convênios com o setor público para correr atrás das leis de incentivo fiscal e de patrocinadores”, conta. Uma novidade que está sendo estudada é a possibilidade de levar o festival para algum dos cinemas da cidade. O plano melhoraria a qualidade de exibição das mostras, uma grande preocupação dos organizadores, mas poderia esvaziar as outras programações.

“Temos essa vontade de ir para o cinema. Coisa que nunca fizemos. Apesar de investirmos nas projeções, ainda não conseguimos reproduzir a qualidade de exibição das salas de cinema. O problema é que os cinemas são em shoppings e isso quebra a atmosfera do festival”, comenta.

Ela lembra que o festival é estruturado em três pilares – exibição, capacitação e debate – e que sempre foi buscado alocar a programação num espaço em que os três pilares pudessem existir. “Levar a mostra para o cinema e deixar o restante da programação num outro espaço pode gerar uma fragmentação, tirar o público das outras ações e acabar com o ambiente de encontros, que está na essência do festival. Estamos estudando com muito cuidado essa questão”, completa.

Serviço:
Goiamum Audiovisual – Drops #1 Diálogos

Projeção mapeada, debate e exibição do filme  “À Queima Roupa”, de Theresa Jessouroun
30 de junho, às 18h30
Auditório da Biblioteca Zila Mamede (UFRN)

Oficina de Documentário com Theresa Jessouroun
Dias 1 e 2 de julho, das 8h às 12h, e 14 às 18h
Auditório do Sebrae (Lagoa Nova)

Investimento: R$120 (para público geral) e R$100 )para membros da ABDeC/RN)

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