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Goji berry? Pra que?

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Jorge Boucinhas

Realmente se está a viver numa época em que o merchandising é levado a extremos. Qualquer novidade pode ser apresentada como milagrosa, pelo que sempre há que se tomar cuidado com o objeto do excesso de propaganda, mesmo que os benefícios estejam, de fato, parcialmente comprovados. Hoje se toca em mais um desses pretensos milagres, a goji berry. É o nome inglês, atualmente universalizado, dos frutos da planta Lycium barbarum. O vegetal é originário das montanhas do Himalaia, de área ampla que abrange Nepal, Tibete, norte da Índia e Sul da China. Frutinha vermelho-alaranjada, tem sido utilizada por habitantes destas regiões por quiçá 6 milênios. No Brasil é difícil encontrá-lo in natura, sendo consumida desidratada, em forma que lembra uma passa de uva, só que encarnada e compridinha.

Estudos publicados na revista  Nutrition Research, no ano de 2009, indicaram que o aumento do seu consumo, provavelmente por conter boas quantidades de vitaminas, faz com que a ação redutora aumente e diminua a oxidação do mau colesterol, o LDL, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares. Ademais, o beta-sitosterol nele presente tem ação anti-inflamatória e também contribui para evitar a formação de ateromas.  Já suas betaína e piridoxina (B6) auxiliam na degradação da homocisteína, substância indicadora de risco de doenças cardiovasculares.

Pesquisa publicada em 2011, no Journal of the American College of Nutrition, relatou que a ingestão diária de 120 ml do suco durante 2 semanas aumentou as taxas metabólicas e reduziu um pouco a circunferência da cintura de usuários humanos comparados a um grupo controle que tomou um placebo. Talvez isto se deva mais a seu efeito levemente estimulante, e o Journal of Alternative and Complementary Medicine sugeriu que seu consumo regular resultaria no aumento de desempenho atlético, qualidade do sono, facilidade de despertar e a capacidade de exercer atividades físicas.

Outra pesquisa, esta realizada em 2012 e publicada no Journal of the American College of Agriculture, sugeriu que seus polissacarídeos (açúcares múltiplos) podem inibir a proliferação de células HeLa, tipo de células cancerígenas. Os resultados sugeriram que o fruto pode agir principalmente em cânceres de colón e colo de útero.  Tal foi parcialmente ligado ao germânio, um semimetal, um dos 21 minerais que possui.

A fruta contém bastante ácido ascórbico, a vitamina C, mas seus valores variam muito segundo a forma e a preparação empregadas, mas sendo sempre abundante. 

Também tem maior concentração de beta-caroteno que a cenoura, sendo, outrossim, a mais diversificada fonte conhecida de carotenóides (substâncias aparentadas à vitamina A), e trabalho realizado na Sidney University, Austrália, indicou que pode proporcionar fotoproteção adicional às pessoas mais suscetíveis aos raios ultravioletas.  Alguns estudos apontaram que possui quantidades significativas de carotenóides especiais, as zeaxantinas, as quais melhoram a função da retina.

A betaína, substância que também está presente no fruto, é usada pelo fígado para produzir colina, necessária para a formação dos fosfolípides componentes das membranas celulares. Ainda conta com polissacarídeos, especialmente as beta-glucanas, conhecidas modificadoras da resposta imunológica contra processos infecciosos, e com ácidos graxos essenciais, necessários para a síntese de hormônios que colaboram na regulação do funcionamento de cérebro e sistema nervoso periférico.

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Deu-se e ainda se dá muita ênfase ao seu papel como agente emagrecedor mesmo em emprego isolado, mas tal não está comprovado. Realmente é alimento pouco calórico, uma colher de sopa do fruto contando com apenas 50 calorias, mas o que se tem por assente é que, como tem potente ação estimulante orgânica por abundar em vitaminas do complexo B, que colaboram em reduzir a fadiga, pode ajudar a prática de atividades físicas e, consequentemente, estimular o emagrecimento, no que muito ajuda a presença do triptófano, o aminoácido precursor da serotonina, o famoso neurotransmissor responsável pela sensação de bem estar, ajuda a contornar a compulsão alimentar por doces e guloseimas em geral, com melhor adesão a uma adequada dieta hipocalórica.  Conta com ácidos graxos essenciais que são necessários para a síntese de hormônios e regulam o funcionamento do cérebro e sistema nervoso.

Pode-se colocar as passas de goji berry em salada de frutas, num suco detox ou numa receita que normalmente peça frutas secas.  A ingestão recomendada é a de 15 a 45g/dia (1 a 3 colheres das de sopa).  Atenção, porém!  Seus princípios ativos interagem com anticoagulantes, inibindo-os, pelo que quem os usar deve ser cauteloso. 

Bem, as vermelhinhas estão aí, ao dispor de quem as quiser provar.  Nem sempre os preços são convidativos, mas as promessas, em parte passíveis de cumprir, o são!

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