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Goleiros

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Rubens Lemos Filho
Colunista


Goleiros

O único brasileiro indicado para disputar uma vaga na seleção da Champions League, o melhor campeonato do mundo, é um goleiro. Alisson é bom no que faz. Sua escolha pode ser justa e desmascara de uma vez por todas os patriotas de fancaria viciados na farsa de que temos o melhor futebol do mundo. É tão legítimo quanto o PCC fazer escolta de preso. Mentira. Mentira daquelas de corar o loroteiro.

Goleiro nunca foi a praia do Brasil até o surgimento de Taffarel, melhor entre todos porque Barbosa, coitado, negro, tomou um gol em 1950 que o fez pagar por um crime moral hediondo.

Pior fez Júlio César, da geração risível dos 7×1 que segue no deslumbramento eletrônico em que se transformou o ludopédio com seus encantamentos de computador. Os pagãos de 1950 foram heróis. Os boçais de 2014 são farsantes de cabelo espetado, maria-chuteira a reboque e antipatia colossal.

Gilmar dos Santos Neves, bicampeão em 1958 e 1962, era ótimo. Mas distante do russo Yashin, do inglês Banks, do alemão Maier, do italiano Zoff, dos belgas Pfaff e Preud’Homme e do argentino Fillol. Os sete estrangeiros foram monstruosos sob as traves.

Papelão fizeram Manga em 1966, o próprio Gilmar, Felix ameaçava as coronárias nacionais em 1970, Leão, o Insuportável, saía do gol pior do que eu, Valdir Peres era o frango de cabeça despovoada, Carlos segurava bem e patenteava o azar universal em decisões. Nunca foi campeão de nada.

Taffarel, de estilo europeu, discreto e bem colocado, será eterna exceção. Dida falhou em Olimpíada e em Copa do Mundo, Marcos não comprometeu, Júlio César foi patético e o tal do Alisson deixou passar as duas bolas que foram em sua direção, no baile belga do ano passado.

Produzíamos meio-campistas, pontas, centroavantes. Hoje, na Era do Notebook e dos Smartfhones desenhando táticas medrosas e das categorias de base preparando robôs insossos, o gramado é a certeza de que não se está num treino de Basquete, Handebol ou Rúgbi. Ou em luta de UFC.

Desde Mil Novecentos e Valdir Pereira, o Didi, gênio do pensamento em quatro linhas, jamais o Brasil acumulou tantos medíocres. Renato Augusto, um reserva razoável para o velho Marreco, do Riachuelo das preliminares do Castelão(Machadão), vestiu a camisa 8 de Didi. O insuportável Neymar em suas manobras de rolamento, usa a 10, de Pelé, Jair Rosa Pinto, Zico, Rivelino e Rivaldo, 10 que deveria estar extinta.

Um goleiro é nossa fera. Imaginem o ancestral Juvenal Lamartine lotado com a torcida espremida aplaudindo o folclórico Bastos, arqueiro de peruca e xingando  Alberi. É preciso comparar para se entender a gravidade. Os navegantes do fanatismo, se iludem para chorar de quatro em quatro anos.

Pânico

Vocês estão assistindo ao Pan 2019? Também não. É um campeonato tão insuportável que nem Galvão Bueno em histeria plena conseguiria enganar o telespectador. Zapeando, passei por um canal a transmitir nado sincronizado. Muito emocionante. Chega ali, quase empate, com um velório.

Ministérios e secretarias

Nem o Brasil tampouco o Rio Grande do Norte investe em formação de atletas. Governos Federal e Estadual gastam muito em deformação. A política, lá e cá, não é a de produzir talentos, mas de fazer eventos que custam caro, passam e o esporte, mantido pelo esforço comovente de abnegados, desaparece.

Aberrações

O PAN e a Copa do Mundo no Brasil não mudaram em nada nossas vidas. Produziram aberrações como o Engenhão, um estádio de cobertura voadora. Que em crueldade extra, recebeu o nome de um mito: Nilton Santos, um dos maiores jogadores de futebol da história da bola. As Arenas expulsaram o pobre e servem para carnavais fora de época e shows milionários. Até porque futebol não existe mais.

Master

Por meus professores, guardo respeito reverencial. Encontrei mestre Oliveiro Gomes, na casa dos oitenta anos, tão forte quanto no tempo em que me gritava nas aulas de Educação Física.

Oliveiro

Oliveiro foi centroavante tricampeão pelo ABC em 1953/54/55. Jogou simplesmente com Jorginho, o Professor, que divide o pódio alvinegro com Alberi. Oliveiro está treinando a Velha Guarda do Handebol da ETFRN, hoje Instituto Federal de Educação. Não assiste mais futebol. Pela indigência técnica.

Domingo

Domingo de primeira para todos os de bem. Ser de primeira é ser especial, inspirador, protagonista (mesmo na fleuma e no jeito discreto), gente boa, alto astral, feliz. Extraclasse.

Futebol de bairro

Segundo semestre será de seca no futebol profissional. Profissional na teoria. Na prática é pereba. Nos bairros, há campeonatos muito bons, com negros e mulatos driblando, gingando, ocupando o espaço que um dia foi deles nos palcos principais.

Aluízio

Aluízio Alves faria hoje, Dia dos Pais, 98 anos. Maior texto que conheci. Político, dividiu a história entre antes e depois dele.

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