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Governo estuda logística para eólicas

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Renata Moura – repórter

Um trecho ferroviário próximo ao Porto de Natal pode ser alternativa para facilitar o transporte de “equipamentos eólicos” que chegam ao Rio Grande do Norte pelo porto, mas que são transportados com dificuldade por via terrestre do terminal até os locais de destino. A solução foi cogitada ontem pelo governo do estado, em reunião com investidores do setor, mas ainda será avaliada junto à Companhia Docas do RN (Codern), que administra o porto, e também à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico deverá convocar uma reunião com as partes para tratar do assunto. “Ainda não dá para dizer que seria viável, mas  vamos discutir”, disse o governo, por meio da assessoria de imprensa.

Governadora Rosalba Ciarlini recebeu representantes de empresas eólicas interessadas no RNSe concretizado, o projeto de transportar os equipamentos utilizando a ferrovia poderá ajudar a desatar, em parte, um dos principais nós enfrentados pelos investidores que se preparam para gerar energia a partir do vento no estado. Como as peças usadas para tanto são de grande porte – algumas chegam a medir cerca de  50 metros – é difícil manobrá-las nas proximidades do porto. “O problema não é chegar ao porto. É tirar a carga do porto, porque ele está localizado no centro da cidade e fica difícil para as carretas fazerem curvas nessa área”, diz o diretor-presidente da Energisa, Ricardo Botelho.

Presente na reunião realizada ontem, ele explicou que a ideia seria que os equipamentos saíssem do Porto direto para os vagões, que seriam descarregados em áreas onde o acesso das carretas fosse mais fácil. O trem poderia seguir até Ceará-Mirim ou João Câmara. Depois, a carga seguiria ao destino por rodovias. A possível solução foi appresentada pelo secretário de Planejamento e Finanças, Obery Rodrigues. “Seria uma alternativa interessante, mas não sei se seria viável para os parques que começarão a operar até 2013, porque seria preciso reativar o trecho ferroviário (atualmente fora de uso) e ter vagões especiais para receber os equipamentos”, pondera Botelho. Ele e os demais investidores presentes ao encontro reiteraram mais uma vez as necessidades de criação de um plano de transportes no estado e de investimentos em infraestrutura, principalmente nas rodovias por onde trafegam as carretas. “A solução por via férrea minimizaria em parte o tráfego nas rodovias, mas há necessidade de melhorias na infraestrutura de acesso”, disse.

De acordo com o setor, há aproximadamente 1.800 megawatts (MW) de potência a ser instalada nos parques projetados para o estado até 2013, considerando apenas os que já têm contrato fechado para vender energia. Nessa lista, estão os empreendimentos que venceram os leilões de 2009 e 2010 e os que estão com contratos assinados no mercado livre. Os projetos vão representar um investimento de cerca de R$ 8,1 bilhões, o que seria o maior investimento privado feito no estado de forma coletiva. “É um investimento expressivo, mas há gargalos que precisam ser trabalhados até que sejam viabilizados”, frisou Botelho. De acordo com ele, cerca de 9 mil viagens terão de ser realizadas pelas carretas para suprir de equipamentos todos os projetos. Só a Energisa tem cinco parques projetados no estado. Todos no município de Parazinho. Estes serão os primeiros empreendimentos eólicos da companhia, que atua há 106 anos   no setor energético nacional. O investimento previsto é de R$ 600 milhões e a operação deve começar em janeiro de 2013.

Logística não é o único desafio para os parques

Há uma série de desafios para a implantação dos parques de energia eólica no Rio Grande do Norte, entre outros motivos, pelo porte dos empreendimentos e equipamentos necessários para montá-los e, sobretudo, pelo curto espaço de tempo disponível para que sejam implantados. “São desafios que, sozinhos, os empreendedores não conseguem resolver”, diz Botelho, da Energisa.

As dificuldades para transportar as peças até os parques em que serão gerados os megawatts de energia não são a única preocupação dos investidores. Outra preocupação está ligada, por exemplo, à concessão dos licenciamentos. Na visão dos empresários, é preciso reforçar a equipe do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), para que as licenças de construção e operação dos parques e também de implantação das linhas de transmissão para o escoamento da energia saiam com a velocidade necessária.

Na reunião de ontem, a governadora Rosalba Ciarlini disse que a orientação do governo é que a tramitação dos processos ocorra de maneira ágil. Marcelo Toscano, diretor do Idema, informou, durante o encontro, que o órgão já conta com políticas específicas  para o setor de energia eólica. “Foi formado um núcleo com técnicos focados na área de licenciamento para o setor”, afirmou ele.

Porto recebe 1º carregamento do ano na segunda

Enquanto não há uma solução para facilitar o transporte dos equipamentos do setor eólico do Porto de Natal até os parques de geração de energia, o jeito tem sido montar esquemas especiais de movimentação, para que não haja transtornos ao trânsito. Um esquema do tipo deverá ser colocado em prática na próxima semana, quando o porto receberá o primeiro carregamento do ano de equipamentos do setor. Ao todo, 109 aerogeradores deverão ser trazidos pela empresa Wobben Windpower, pelo terminal portuário, com destino ao parque que está montando no município de Parazinho, localizado a 116 Km da capital. Desse total, seis chegarão na próxima segunda.

De acordo com informações da Codern, que administra o porto, o navio chegará às 14h e a operação de descarregamento e transporte deverá levar até três dias. “Estamos em parceria com a prefeitura para que o transporte até Parazinho ocorra sem transtornos. A Semob (Secretaria de Mobilidade Urbana) vai acompanhar tudo”, disse o diretor técnico-comercial da Codern, Hanna Safieh. “Nosso porto tem a vantagem de ter águas tranquilas, o que facilita o descarregamento desse tipo de equipamento”, frisa.

A Wobben é a primeira fabricante brasileira de aerogeradores de grande porte e projeta para o primeiro trimestre a sua primeira unidade  potiguar.

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