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Governo mantém decisão de cortar ponto dos grevistas

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O Governo do Estado publicou no Diário Oficial de ontem, 17, o ato normativo determinando o corte de ponto dos médicos em greve. A medida, justificada diante da impossibilidade de chegar a um entendimento com o SindMed, começou a valer ontem mesmo. O Governo alegou que a decisão “levou  em consideração os interesses do usuário do sistema público de saúde”. Cerca de 10% dos médicos da rede estadual permanece em estado de greve, movimento iniciado em junho do ano passado.
Para Geraldo Ferreira o corte do ponto é um ato de terrorrismo
Para tentar sanar parte do problemas com a categoria, o governo enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei com proposta de aumento de 12% aos médicos servidores estaduais. O reajuste deve ser implantado  tão logo se inicie o ano legislativo. Com a aprovação da lei a ser encaminhada à Assembleia, no mês de fevereiro de 2013, a remuneração dos médicos terá reajuste de 6%. E, em fevereiro de 2014, de mais 6%, sobre os valores atualmente vigentes, sem acumulação. Depois desse anúncio e de que havia corte no ponto dos grevistas, o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN) avisou que vai ajuizar uma ação contra o Governo do Estado.

Para o presidente do sindicato, Geraldo Ferreira, a ação do governo é um “ato de terrorismo”. Apesar da ameaça de corte do ponto, o movimento grevista não será suspenso. A greve continua, porém, com um posicionamento diferente. Segundo ele, o movimento grevista estava afetando alguns procedimentos cirúrgicos e realização de exames. Os plantões de urgência e emergência estavam regulares.

“Agora, nossa estratégia será adotar a operação padrão. Continuaremos com o movimento grevista, sem que o profissional se ausente ou deixe de atender”, explicou Geraldo Ferreira. O presidente do Sinmed/RN disse ainda que os médicos adotarão outra postura quando, por exemplo, faltar medicamentos, insumos ou leitos para internar pacientes. “A recomendação que vamos dar ao paciente é a de que ele procure a Justiça para que lhe seja assegurado o direito ao atendimento. Vamos informar que ele pode processar o Estado por danos morais, inclusive”, colocou Geraldo Ferreira.

Os médicos enfrentam uma quebra de braço com a administração estadual há mais de oito meses. A última proposta enviada pela categoria médica reivindicava ao Governo os seguintes pontos: condições mínimas de trabalho; concessão em janeiro da incorporação da Gratificação por Desempenho de Alta Complexidade (GDAC) ao salário dos médicos aposentados, do ambulatório e cedidos; reajuste de 13,5 % do salário base a partir de janeiro de 2013 e a formação de comissão paritária SESAP/SINMED para definir até março de 2013 a criação da carreira médica, piso da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), controle de frequência e concurso público.

Hospitais têm problemas para fechar escalas

O setor de pediatria do Pronto Socorro do Hospital Dr. José Pedro Bezerra (HJPB) corre o risco de parar a partir de 21 de janeiro. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN), a escala dos médicos pediatras plantonistas está completa somente até o próximo sábado, dia 19. Para piorar a situação, o setor, mais conhecido como HJPB, está sem chefia há vários meses.

Uma médica pediatra plantonista da unidade, que preferiu não se identificar, relatou que “ninguém quer assumir a chefia da Pediatria porque sabe como é complicado”. Segundo a diretora do Sindsaúde/RN, Sônia Godeiro, a quantidade de pediatras é insuficiente para atender a população. Nos próximos dias, quatro pediatras irão se aposentar. Outros quatro estão de licença médica, sem previsão de retorno, o que agravará a situação.

Situação semelhante, segundo a  sindicalista, acontece no Hospital Walfredo Gurgel. A escala de pediatras está completa até o dia 25 de fevereiro. Depois disso, o quadro ficará desfalcado, com a aposentadoria de quatro profissionais de 40h que deixarão de atender na unidade.

Para chamar atenção das autoridades e população, o Sindsaúde/RN fez um ato público, ontem pela manhã, em frente ao Hospital Santa Catarina. “Há 12 anos não tínhamos concurso para a área e, quando fizemos, acabaram chamando poucos profissionais. Por isso o deficit”, explicou Sônia Godeiro. Outro problema é a falta de ambulância. “O setor de pediatria não tem ambulância disponível, e sempre que há necessidade, o Samu  precisa auxiliar”, complementou.

Segundo ela, para que o problema do Hospital Santa Catarina seja solucionado é preciso, ainda, que a rede básica de saúde volte a funcionar plenamente em toda a cidade, para que, assim, a demanda de pacientes diminua e os equipamentos e funcionários não sejam sobrecarregados.

Luciane Bezerril, mãe de uma criança de 1 ano, sabe bem como é essa realidade. No último domingo ela precisou internar o filho, que apresentava sintomas de bronquite e pneumonia. Dentro do hospital, pode observar a falta de médicos e de remédios. “Não precisei, mas já vi mães comprando medicamentos com o próprio dinheiro”, disse Luciene. Segundo Conceição Ferreira, funcionária do hospital, os estoques são preenchidos regularmente, mas suprem apenas necessidades emergenciais, e não a longo prazo.

Luciane tem medo de que o filho possa ficar sem o tratamento previsto pelo médico, que dura até o dia 22. A direção do hospital, no entanto, informou que os pacientes já acolhidos receberão o tratamento devido, mas alertou que a partir do dia 21, contudo, há previsão de que novas crianças não sejam recebidas.

Mas de acordo com a secretária adjunta da secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Valéria Costa e Silva, a população não corre o risco de ficar sem atendimento. “O atendimento não será interrompido. A escala dos médicos está organizada até a próxima segunda-feira, dia 21, mas estamos viabilizando os demais dias. Não vai faltar médico”, ressaltou.

Representantes do sindicato disseram que a crise na pediatria do RN é antiga. “O problema no Santa Catarina é anunciado há meses. No Walfredo Gurgel, os médicos do setor enviaram carta circular à direção do hospital, Cremern [Conselho Regional de Medicina do RN], Ministério Público, governadora e pedem ajuda para evitar fechar o serviço.

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