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Governo pede ilegalidade até sexta

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Vinícius Menna – Repórter

O procurador do Estado, Miguel Josino, informou que entre hoje e amanhã o Governo deverá entrar com ação pedindo a ilegalidade da greve dos professores. Ele acrescentou que a argumentação ainda está sendo elaborada junto à equipe de procuradores. “Estamos estudando o que vai ser alegado. Imagino que se não entrarmos com a ação amanhã, faremos isso na sexta-feira”, explicou.

Os professores da rede estadual de ensino decretaram greve na segunda-feira, durante assembleia da categoria realizada na Escola Estadual Winston Churchill. A categoria está dividida. Em algumas escolas de Natal, é possível perceber a adesão dos profissionais. Em outras, no entanto, as aulas tem ocorrido normalmente em determinados turnos. Enquanto Governo do Estado e Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sinte/RN) não entram em acordo, o calendário segue prejudicado, inclusive pela falta dos estudantes.
Em algumas escolas da rede, professores estavam dando aula normalmente, com salas lotadas
No Colégio Estadual do Atheneu Norte-Riograndense, a professora de português Fátima Cabral estava em sala ontem, mas os alunos faltaram. Em apenas uma das turmas do colégio, de 2º Ano, estava tendo aula com sala cheia. “Eles ficam sabendo da greve e acabam não vindo. Também não procuram se informar se está tendo aula”, disse.

No intervalo da tarde, a reportagem encontrou todos professores do turno reunidos, aguardando a hora de retornar às salas. Contudo, o silêncio do colégio contrastava com o barulho habitual dos estudantes durante o horário de pausa entre as aulas.

Segundo o professor José Adalberto de Castro, que leciona Matemática, a presença dos professores não quer dizer desacordo com a greve.

“A questão é que uma minoria decidiu participar, o que não surtiria efeito, então decidimos voltar. Mas concordamos com vários pontos da pauta. Direitos nossos adquiridos estão sendo negados pelo Governo do Estado, como promoções por letra, licença prêmio e o terço da hora atividade”, disse.

#SAIBAMAIS#Para a professora Fátima Cabral, outro ponto que teria contribuído para que parte da categoria não aderisse a greve está relacionado com a declaração da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC) de que os grevistas teriam o ponto cortado.

A coordenadora-geral do Sinte/RN, Fátima Cardoso, corrobora com a professora do Atheneu. “A gente acha normal que a categoria não tenha aderido totalmente a greve, já que houve ameaça de corte de salário. A categoria se sentiu ameaçada”, avaliou.

Segundo ela, 75% dos professores das escolas estaduais de Natal cruzaram os braços. Por outro lado, a Secretaria de Educação informou que 90% das escolas de Natal estão em aulas.

A exemplo do Atheneu, na Escola Estadual Winston Churchill, os professores também não pararam. Apesar da reportagem não ter encontrado alunos no local, os estudantes estariam ontem em visita à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), conforme  explicou o porteiro Antônio Everaldo de Jesus. “Aqui não parou. Os professores decidiram não aderir”, explicou.

Na Escola Estadual Instituto Padre Miguelinho, no Alecrim, todos os 22 professores da tarde aderiram à greve. Pela manhã, dos 23 educadores, apenas dois estariam comparecendo. Por outro lado, as turmas da noite estão assistindo aulas normalmente e apenas dois professores estão em greve.

De acordo com o diretor da Padre Miguelinho, Josué Melo, a categoria da escola está dividida. “Quando a greve se torna muito longa, os alunos da noite perdem o pique e acabam não retornando. Os professores pensaram nisso”, disse.

Reação

A coordenadora-geral do Sinte/RN, Fátima Cardoso, reconhece o direito do Governo do Estado de solicitar o pedido de ilegalidade da greve, mas avalia a ação como “truculenta”, ferindo o direito democrático de manifestação.

“O servidor público tem direito constitucionalmente de fazer a greve. Por não atender a categoria, o Governo vai buscar um recurso que não beneficia a população. Sem um processo de negociação, as condições das escolas vão continuar precárias, os professores vão continuar faltando e vai criar um clima de insatisfação maior”, afirmou Fátima Cardoso.

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