Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, que no seu segundo mandato dará prioridade total para os investimentos privados e públicos em infra-estrutura, desoneração do setor produtivo e educação. Ele afirmou que o pacote com medidas destinadas a “destravar” o desenvolvimento do País deverá ser divulgado na segunda quinzena de janeiro e que não o fez na quinta-feira passada por causa do Natal. “Ninguém está interessado em pacote econômico, mas nos pacotes de presentes”, disse o presidente.
Na verdade, Lula não anunciou o pacote porque achou que não estava bom, revelou o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, também na quinta. O próprio Lula admitiu hoje, na conversa com os jornalistas, que é preciso aprofundar as medidas. Lula tem procurado evitar a divulgação de pontos do pacote, mas acabou anunciando alguns. Disse que sua intenção é modernizar os portos, “desde a administração até a dragagem”, consertar estradas e construir novas rodovias, fazer aeroportos industriais, onde serão instaladas empresas com regimes especiais de tributação voltadas para a exportação. “Vamos construir hidrelétricas, termoelétricas e 4,7 mil quilômetros de gasodutos.”
O presidente informou ainda que pretende instituir uma política especial para o Norte e o Nordeste, mas dará atenção especial também ao Rio Grande do Sul. “Durante muitos anos foi um dos Estados mais adiantados, mas hoje passa por um refluxo. O governo federal vai investir muito lá.” Lembrou que já levou um estaleiro para o Rio Grande do Sul, que vai duplicar a BR-101 Sul e ampliará a Usina de Candiota.
Lula disse que hoje é muito mais “consciente” das questões administrativas, sabe onde as coisas estão emperradas e onde é preciso desemperrar. “Elas são travadas por leis, por pessoas que não querem sair da rotina e pela burocracia.” Como exemplo, disse que 34 obras do governo federal estão paradas por causa do “órgão ambiental” do Rio de Janeiro. Disse que o governador eleito do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), prometeu que isso vai mudar.
Ao ser perguntado se repetirá algum ponto do primeiro mandato, afirmou: “Como no futebol, não há dois jogos iguais.” Disse que no primeiro mandato estabilizou a economia, controlou a inflação e conseguiu aumentar as exportações.
Afirmou também que a situação do País é confortável e lembrou que, na semana passada, depois que a Tailândia enfrentou uma crise financeira, a Bolsa de Tóquio caiu 15 pontos, mas no mesmo dia o risco Brasil ficou abaixo dos 199 pontos (hoje caiu para 194 pontos, o menor já registrado) e a bolsa brasileira ficou “tranqüilíssima” (há oito anos, outra crise financeira da Tailândia contaminou a economia brasileira provocando problemas nas contas do País).